MÚCIO ATAIDE
Sizo com Sizo
Sizo, que apesar do nome era sem juízo na ponderação e
desprovido de parcimônia gostava de
cobrar muito das pessoas, exigia perfeição. Se alguém não fizesse as coisas certinhas para ele, logo
condenava aquela pessoa de incompetente, incapaz ou desonesta.
Até que um dia cometeu um deslize, então viu que vinha
cobranças sobre si...
Pediu a clemência que
nunca teve, a compreensão que não plantou, e defendeu-se dizendo não ser
perfeito, evocava a ausência da
perfeição, aquela mesma que cobrava nos outros.
Não deu certo. Soube bem o que era estar do outro lado.
Sizo criou sizo e deixou de lado essa coisa ridícula de
perfeição.
***
REZA RIMADA
O aprendiz de poeta ia seguindo a procissão, passando por
ruas estreitas, em frente aos casarões seculares da pequena cidade. Vendo umbrais
enfeitados com imagens de santos, tapetes e flores. Encanta-o tudo isso e ao invés de rezar as rezas comuns que todo
mundo reza, ia recitando em versos. Fazendo súplicas, clamores rimados ao Senhor
dos Passos que estava ali bem ao seu lado. A imagem representando um Jesus todo
chagado o inspirava, porque toda inspiração para a poesia ou para os
aprendizados da vida vem do cotidiano do simbolismo, das situações do dia a dia.
Diante delas podemos aproveitar para crescer evoluir e também para fazer arte. É
o que ele fazia naquele momento. Seus poemas mentais em forma de oração o
faziam até sentir-se o próprio Cristo carregando aquela cruz. E ao mesmo tempo
aquele solidário discípulo que caminha junto e toma as dores.
Além, disso rezava rimado pedindo a sorte:
Senhor dos passos meu amigo
Vem guiar o meu viver
Para caminhar contigo
Até o dia de morrer
***
OUTONO VIAGEM
Era outono já chegava e as manhã já não eram tão
quente. Já se podia ver pelo ar aquele
gostoso misto de frio e calor, era a mão do tempo agindo e fazendo a mudança de
forma gradativa e serena.
Ele se preparava para uma grande
jornada, talvez algo pequeno para muitos, mas para ele era uma missão extraordinária.
A cinzelava e guardava. Não, não podia revelar a ninguém e nem aos leitores
desse texto vou revelar.
Cabe lembrar que cada um tem os
seus segredos suas epopeias e lutas, seus feitos heroicos muitas vezes secretos e ele também
tinha, prestes a empreender aquelas viagem àqueles mundos precisava manter o
segredo e isso além de o fortalecer o instigado. Era algo seu, unicamente seu. Uma
coisa guardada, aguardada e sonhada.
Postou-se diante do sol ameno da
manhã de março, abriu os braços e deixou sair de si todo o medo e tensão que
habitavam em seu corpo. A vida começava ali, era onde as coisas se engrenavam e
onde tudo fazia sentido.
Ser um ser mágico visitando
mundos mágicos era bom demais.
***
PRESENTES.
A mesa era larga, a festa rolava
solta, todos felizes. Muitos da família
marcavam presença. Muitos estavam presentes e muitos trouxeram presentes. Alguns
não puderam vir, outros deram desculpas esfarrapadas e outros marcavam A
AUSÊNCIA. Aquela ausência que machuca.
Parabéns à aniversariante. Comemoremos a vida e que essa
data se repita por muitos e muitos anos com todos sempre PRESENTES.
***
O VERDE
Marina escrevia em sUA autobiográfica enquanto lembrava do pai.
"Eu olho e vejo os campos floridos e lembro de papai e dos velhos tempos. Eu achava que seus olhos verdes completavam a beleza desses campos. Mas agora tem menos cor por aí tudo parece incompleto, inacabado. O verde daqueles olhos tinham mais vida que toda essa mata. Reluziam quando uma lágrima perdida os banhavam, vindas da emoção do meu velho ao contemplar a beleza desse lugar.
Aquele verde trazia uma poesia de muito longe
e nunca mais volta a brilhar.
***
CAVALGADURA BÍPEDE.
Joaozinho era carroceiro e de vez em quando batia no cavalo velho.
Depois de muito tempo percebeu a crueldade, então começou a chicotear a si próprio. E o fez várias
vezes, ritual de mortificação e autoflagelação.
Queria assim pagar o seu pecado, sentindo o mesmo que o animal. Como se
estivesse na pele dele.
O curioso é que ao
fazer isso relinchava igualmente ao equino.
Grande ator esse rapaz. Entrou deveras no personagem.
Cavalgadura bípede.
***
DUAS SENHORAS.
Antônio pegou a motoneta e saiu
pela estrada, estava muito apreensivo ao fazer aquela viagem. Era a primeira
grande viagem que fazia na pequena moto. Tinha medo do trânsito na rodovia
movimenta. Vai que uma carreta resolve passar por cima dele, ou um acidente aconteça.
Não estava acostumado e o youtuber motoqueiro havia alertado; Biz não é para rodovias.
Mas mesmo assim arriscou-se.
Em certo momento uma senhora de
cabelos desgrenhados aproximou-se dele numa moto transparente e reluzente e
disse: — Vá, acelere, não tenha medo. Era
dona Ousadia que adora velocidade e aventura.
Então acelerou e sentiu o vento soprando
sobre si, fez o pequeno veículo quase levantar voo. Então gritou arribaaaa e deixou o medo de
lado.
Mas outra senhora, com modos
calmos e tranquilos numa moto bem antiga e também transparente emparelhou-se com
ele do outro lado e passou-lhe uma
descompostura. Era a dona Prudência: — Vá devagar, vai acabar se machucando!
Então em obediência à sua voz autoritária
reduziu a velocidade.
Chegou ao destino levando no
pequeno bagajeiro, experiência aprendizado, medo e coragem.
Na vida temos que ora acelerar
ora frear. Mas acima de tudo viver. As duas senhoras são sábias cada uma a seu
modo. Dobrar-se ao medo nunca foi uma
boa saída. Arriscar-se demais é perigoso...
***
Pacote de carinho quente
O frio era intenso e Marquinhos não estava acostumado. Era o primeiro inverno rigoroso do garoto de cinco anos.
Chegou ao lado da mãe e disse :
- Mamãe quero umas coisa que esquenta.
E recebeu um pacote de carinho contendo:
Uma blusa extra , luva, gorro, uma cadeira ao sol e um copo de achocolatado com bolachas. Delicia!
Pacote de carinho esquenta, nima e mima.
O menino olha tudo aquilo e diz a mãe:
- Você é pacote mais quente que existe.
***
ORDEM É ORDEM
O Juninho estava com alergia, foi ao alergista e após alguns testes o medico disse:
-Você deve evitar o
contato com várias coisas, a poeira, o mofo, o
fumo e a lã.
O paciente decidiu imediatamente cumprir todas as ordens do
doutor.
Saindo do consultório o rapaz ligou seu amigo Alan e disse
que a amizade entre eles estava acabada.
Ordens médicas são ordens médicas.
***
TEXTÍCULOS.
José Moura Filho o famoso escritor
apresentou o nome do seu novo livro e escandalizou os leitores. O livro se
chamava Os Textículos de José.
E precisou de um prefácio
caprichado para explicar que textículos (com X no meio) referia-se a pequenos textos.
O livro continha poesias e textos minimalistas. Textos pequenos são textículos.
Aquele escritor era muito bem
dotado, dotado de grande talento, pois tinha muitos textículos. Todas as
pessoas ficaram admiradas ao ver seus textículos. Textículos lindos. As mulheres deliravam com aquelas coisas
pequenas. E ele mostrava os textículos
para todo mundo sentindo muito orgulho deles. E além daqueles contidos no livro ele dizia
ter muito mais. Nem conseguia contar. Tinha uma coleção grande de textículos e já
havia publicado vários. Seus textículos estavam espalhados por todos os cantos.
Textículos belos que encantam a todos.
Depois de algum tempo com a provocação e a incitação dos divulgadores os textículos explodiram inundando as livrarias.
Sucesso total. As vendas de: Os textículos de José jorraram.
***
O AMOR É LUZ
Quando chegou a noite a doce e terna MaÍra vestiu sua roupa
de noite. Ia encontrar-se com o amado.
O longo vestido tinha
as cores da empolgação e o brilho da aventura. Saiu e transformou a noite em
dia.
Por que a treva ou a luminosidade estão no olhar e no
coração. E o amor é luz
***
ZÉ LELÉ BUM
Foi um acontecimento na cidade. O
fim trágico e inacreditável de Zé Lelé.
O doido, figura pitoresca de Imápolis
saiu gritando pelas ruas, parecia sentir muitas
dores, e bradava sandices:
—Foram eles, foram os índios do
espaço, eles vieram naquela nave espacial enorme e me atacaram, foram eles. Disseram
que daqui a pouco vou explodir e ser levado para os céus, para o espaço em
micro partículas voadoras, pois colocaram uma bomba na forma de um chip dentro
da minha cabeça. Estão sugando o meu
cérebro e se alimentando dele.
Todos o conheciam e sabiam das
coisas esquisitas que falava. Tinha mania de perseguição e era propagador de
muitas teorias conspiratórias, fim do mundo, invasão espacial, e coisas assim.
Mas o homem tinha mesmo ferimentos na cabeça.
Depois de algum tempo ficou em
silêncio com o olhar parado, parecendo um bobo. E então: BUMMM! A explosão cobriu a praça de poeira e Zé Lelé
nunca mais foi visto.
***
APENAS PAPEL
Enquanto jogavam as pessoas
conversavam na mesa do bar.
Carlito, calado, capcioso e perspicaz, usufruía dos seus
poderes de introvertido, e sem saber jogar observava a roda de conversa que
acontecia durante o jogo de baralho e refletia:
-Cada um distribuindo sua verdade absoluta como quem
distribui cartas de um baralho na certeza de que receberia a carta decisiva
para vencer o jogo. Cada um apostava alto nos seus curingas e confiava nos seus
naipes infalíveis. O que não percebiam é que aquilo era apenas papel, frágil,
destrutível, papel que poderia ser levado pelo vento, vento de outros tempos. Ou
quem sabe molhado pelas águas das experiências e das situações da vida, despedaçados
por uma nova descoberta. Rabiscado pelas tintas da ignorância. Ou que talvez o fogo de uma nova paixão pudesse tornar cinzas. Papel, simplesmente papel, suscetível
a mil coisas: ciência, evolução, novas experiências, lavagem cerebral, libertação,
doutrinação ideológica...
As cartas eram apenas peças de um baralho, não certezas de
vitória.
Mas sem que ninguém além dele soubesse disso o jogo
continuava.
***
FRASE CERTA
Escrevia as frases sem pensar
muito sobre elas. Era sempre a mesma coisa. Começava sem querer, jogando alguma
coisa qualquer no arquivo word, depoi ficava muito envolto no processo da escrita e as
historias se formavam em sua cabeça sem que ele tivesse qualquer controle sobre
elas. Sempre fora assim, como um arrebatamento. Um êxtase sem explicação. Uma
nuvem que se abria no céu e fazia jorrar um maná abençoado. Leite e mel a escorrer
das frases. Seria o prêmio dado a ele pelas mãos do talento, uma espécie de taça
de ouro, e dentro dela o vinho tinto, vivo, sangue puro que a tingir as páginas
e procurar seus veios?
E escrevendo sobre a escrita
definiu-se de forma perfeita.
Leu o parágrafo anterior e
percebeu que acontecera outra vez. Sorriu quando a frase certa veio. E ela
sempre vinha. Bastava começar a escrever e ela jorrava de dentro do chão. Do nada
jorrava, água límpida e pura . E então a surpresa acontecia do nada.
O escritor percebeu que as frases
o definiam e a frase mágica era a descrição da própria frase e o seu clímax.
***
ZÉ DA TOSSE
Zé da Tosse, pobre
vítima dos males do período frio do ano resolveu fazer versos usando as doenças
como mote. E surgiu o poema abaixo.
ITES E AFINS
Gripe coriza, febre
Narizinho escorrendo
Se a força dos males em mim pese
Vou achar que estou morrendo.
Agora vem a dor de cabeça
Para que eu jamais me esqueça
Da querida enchaqueca
que em dueto canta feliz
Com a tal da garanta seca
Até pareço sufocado
Como quem está dentro de um vidro
Obstrução de todas as vias
No flagelo do nariz entupido
Cof cof cof sem parar
Não para até que venha
raiar um novo dia
Na garganta algo se agita
Uma mãozinha arranhando
Toda hora cutucando
É da tal da alergia
Sou apenas um refém
Vítima de todos os ites
Esofagite, faringite,
rinite, sinusite
e pra completar acredite
tenho muita frescurite.
Dor dói, mas pulso ainda pulsa
Como dizia a canção.
Ainda não morri
Mas por pura precaução
Há muito estou
pagando o caixão.
Tudo isso se acaba
Quando o frio acabar
A doença se esconde
Com medo do calor a queimar
***
O MORRO ESTÁ CRESCENDO?
(texto menciona o morro do batatal que faz parte do patrimônio histórico da cidade de Pitangui MG - mucioataideart.blogspot.com )
O morro do batatal é uma parte importante da historia da nossa cidade de Pitangui MG. Os bandeirantes que aqui chegaram se aportaram naquele local e dali foi extraído muito ouro . A primeira casa da cidade , a primeira igreja, a pequena capela de Nossa Senhora da Penha foram erguidas ali por perto. Chama-se morro do batatal porque no seu subsolo eram encontradas pepitas de ouro do tamanho de batatas. Uma comprida rua, bem íngreme num certo trecho e com muita história guardada. Hoje chama-se Rua Nossa Senhora da Penha. Uma das muitas ladeiras da cidade.
Pitangui nasceu sob o fascínio do precioso metal amarelo, e tornou-se a sétima vila do ouro das gerais, com uma bela história, tendo no passado uma linda arquitetura com casarões seculares, que infelizmente se perdeu no que diz respeito à preservação da sua história.
Quando menino passei muito por ali com minha mãe para rezar na famosa igrejinha da penha. Na juventude subi a ladeira para me divertir nas barraquinhas de santo Antônio.
Hoje numa das casa do morro tem uma bonita placa com um trecho de um belíssimo poema do poeta pitanguiense Jorge Mendes Guerra Brasil falando sobre o local.
A ladeira dourada tem muitas histórias e traz-me muitas lembranças.
Hoje porém vendo o majestoso morro do batatal símbolo da nossa cidade de Pitangui, Sétima vila do ouro das Minas Gerais, local onde os bandeirantes encontraram ouro às pampas para enviar para Portugal fico pensando no que está acontecendo com ele ? Ele cresce?
Acho que tem algo estranho aí. Gostaria até que fosse feito algum estudo geológico para ver o que acontece no subsolo desse lugar. E acho que isso ocorre em todos os morros da cidade. Minha teoria é de que algum fenômeno geológico, algum abalo de placas tectônicas ou algo assim, não entendo nada do assunto, aconteça aí, pois a cada ano que passa o morro aumenta mais, o aclive vai se acentuando. Fica mais pesado com o tempo para fazer a escalada. Quando eu era criança e ia até a capelinha com a minha mãe, subia o morro correndo, agora não consigo mais, me canso e tenho que parar na metade dele. A única explicação é que o morro vai se inclinando com o tempo. A cada ano que passa vai aumentando e ficando mais difícil subi-lo. Coisas da natureza. Mas acho que deveria ser feito um estudo aí.
Quando vou de carro não tenho essa sensação, pode ser por causa dos vidros fechados.
De qualquer forma é uma parte da historia da nossa cidade. O morro íngreme que conduz à bela igrejinha de Santo Antônio e Nossa Senhora da Penha, e ao lado dela a primeira casa construída em Pitangui é uma relíquia para todos nós. Tudo isso faz parte importante do nosso patrimônio. Onde o ouro brotava em pepitas do tamanho de batatas pelo chão.
Viva Nossa Pitangui. Devemos valorizar e preservar, mas que o morro está aumentando está.
***
BALANÇOU
Eu vinha da cozinha em direção à
sala, estava afoito, ansioso e muito triste. Sangrando pela ferida da cruel
lança do duplo luto. Quando passei pela
copa algo aconteceu. Senti um toque inesperado, assustei-me. Um toque de algo
frio e pesado me fez conter a pressa e olhar para o lado. Ouvi um Tim-Tim, como
se dois objetos de metal estivessem se chocando. Então parei e percebi o que
havia acontecido. Eu havia esbarrado numa imagem do sagrado coração de Jesus e
esse ato descuidado deslindou um mundo de sensações.
A cena ocorreu em setembro de
2012 poucos dias após a morte de meus pais, para quem não sabe eles morreram na
mesma semana. Logo após os falecimentos minha
irmã pegou as duas alianças deles, colocou-as em um cordão e pendurou no
pescoço do bom Jesus. As alianças amarelinhas que nem manga madura, feitas de
ouro puro, a de mamãe mais fina, a de papai um pouco mais espessa ficaram ali
penduradas aguardando qual seria seus destinos. Eu passei por ali, esbarrei na
imagem do santo, e então as duas se
encontraram, fizeram tim tim como em um brinde. E o balanço delas balançou tudo
aqui dentro. Balançou lembranças e momentos. Na hora pensei: E não é que esse
trem dá um ótimo poema! E me perdi por alguns instantes deixando o passado
balançar dentro de mim.
Aqueles objetos balançaram em
momentos de doença e de dor, já nas estreitas estradas do fim, talvez fossem dois
faróis amarelos a iluminar os caminhos da dor e fazer crer que tudo valeu a
pena. E a cor dourada talvez fosse similar ao dourado dos campos eternos que
trilhariam depois da missão cumprida.
Aquela aliança mais fina
balançava enquanto lavava as vasilhas da janta, ou quando esfregada a roupa. Balançava
no alegre cuidar da casa. Balançava enquanto o amor era distribuído por todos os cantos.
Balançou também ao acarinhar um
ventre crescido e ao embalar certo berço no doce e terno ato de ninar. Para embalar
o chorão com certeza balançou muito.
Aquela aliança mais grossa já
balançou sobre os teares, ou para enxugar o suor da testa e tentar conter o
cansaço e o sono em árduas madrugadas de labor e luta. Também já balançou
enquanto a mão manipulava o martelo na construção de um novo brinquedo para o
menino ou de utensílios para a casa. Já
balançou a favor do uso da engenhozinho
e da criatividade.
Balançou também enquanto as mãos
faziam gestos frenéticos durante a narração de um causo ou a distribuição
gratuita de bons conselhos.
Balançou indicando os caminhos,
mostrando a direção e também distribuindo amor.
E os dois divinos arcos dourados,
elos que aprisionaram o amor, balançarem demais por aí. Balançaram nas manhãs,
nas tardes nas noites, balançaram no aplauso para o primeiro passo ou para a
primeira palavra do pequeno menino, balançaram na agonia da febre nas
madrugadas, embalando para conter o choro, na primeira comunhão, nas festas,
nas formaturas, no parabéns para você... Na alegria, na tristeza, na saúde e na
doença... Em todos os momentos.
Balançaram na construção do emaranhado desta esplendida teia do viver.
E fui assim balançando a
imaginação e viajando para outras eras, em poucos segundos vivi mil coisas e
fiz milhares de cogitações. E pela força da imaginação cheguei ao dia das
grandes bodas. Ao glorioso 28/12/1967. Aquele dia em que a esperança ocupava
todos os espaços, e as ilusões giravam como em um carrossel numa roda de
insanas ilusões. Dia em que tudo era
festa e jardim florido, o sonho de
eternidade circundava o altar e que nem se ousava cogitar a ideia da efemeridade.
Dia do começo da grande história. Vi as alianças balançarem e também se
chocarem naquele pequeno pratinho enquanto eram conduzidos para cumprir sua
missão de ser elo de eternidade. Até ouvi o tim tim ecoando pelas contornos e torres da nossa
velha matriz. Outro tim tim no momento que iam do pratinho até os dedos. E
balançaram bastante com o incessante movimento nas mãos trêmulas pelo
nervosismo, e cheias de expectativas.
Dois objetos uma promessa. Uma
porta aberta conduzindo ao caminho da esperança, rebentos e continuação do
eterno ciclo do viver. A realidade
salpicada de pedras e flores, de mágoas, amores, de altos e baixos, de dia a
dia e de
tudo o que é vida .
E o elo se fez, e o ouro delas
brilhou, e a vida aconteceu. Tudo para terminar nesse esbarrão e nesse balanço.
Dizem que um bom texto não pode
ter palavras repetitivas, então me lasquei nessa porque balancei demais a palavra
balançar, mas o que posso fazer se as coisas balançaram com aquele balanço?
Balançou a lembrança, a saudade, os momentos... e eu me senti ali no meio daqueles dois arcos
divinos como parte deles.
Mudei meu percurso, fui até o
quarto ligar o computador para fazer o poema. Mas o cordão ainda ia de um ponto
a outro e as duas alianças ficaram lá balançando toda uma história. Uma
história maravilhosa. Sempre juntas...
***
AS DUAS MENINAS
Pedro Sanches o poeta e escritor esperava pelo ano novo fazia planos e acreditava que aquele ano seria
melhor. Comemorava o natal e em meio as luzes e ao esplendor daquela época tão
linda orava pedindo que tudo fosse
diferente.
Enquanto olhava a cidade lá embaixo pela sacada do 12º andar
Antenor seu amigo se aproximou e ficou observando o amigo refletindo naquela
chuvosa noite natalina. Depois de algum tempo aproximou-se.
-E aí Pedro curtindo a noite de natal?
-Estou aqui pensando e pedindo para que o novo ano seja
melhor.
-Bobagem amigo, a esperança é vã. É tudo ilusão de fim de ano.
Todo ano a mesma coisas, os mesmos planos e sonhos e tudo termina igual. O ano novo vai ser igual ao outro. As coisas não mudam apenas porque mudou o
calendário.
Então o escritor se manifestou:
-Talvez seja verdade, não existe nada mágico. Mas não custa nada
crer. A esperança e a ilusão são meninas arteiras que insistem em fazer suas estripulias,
fazem bagunça dentro da gente, depois deixam tudo desarrumado. Mas eu gosto
delas, acham que elas tornam a vida mais colorida. E a vida essa é uma dama
muito caprichosa nunca sabemos o que ela vai aprontar e quais serão seus próximos caprichos. E se não sabemos por
que não esperar o melhor?
-Ah Pedro você é um escritor, um poeta e como todo escritor você é um
sonhador. Pé no chão amigo, pé no chão.
-Acho que eu sempre vou preferir voar.
-Feliz natal Pedrão. E tomara que seja mesmo diferente.
-Feliz natal. Feliz velho ano novo amigo.
E as duas meninas sorriam.
***
FAXINA
No quarto
daquele hotel Lúcio abraçou a solidão, abraçou-a bem forte, mais que isso
abraçou a si mesmo. Um encontro profundo com seu eu. Ali esmiuçou questões
guardadas dentro de si por longos anos. De forma coerente, eloquente, seguindo
uma linha logica de pensamento conversou seriamente consigo. Decidiu coisas,
planejou outros, expurgou essas, aderiu àquelas. Refez-se. Lembrou-se da letra
daquela canção que falava em revirar as gavetas jogar fora sentimentos tolos,
tirar traças e teias, cosias assim.
Faxina mental, espiritual comportamental. Reviravolta total. Naquela
tarde a vida, os rumos mudaram e tudo ganhou um novo sentido.
A solidão
amiga, sanadora de tolos os males, governanta que coloca as coisas nos lugares
mostrou bem seu poder de fazer a mudança acontecer.
Sabia que
jamais se desvencilharia daquele abraço. Eternos parceiros
***
LINDA AVENIDA.
Enquanto andava lia, enquanto lia, andava. Exercitava o corpo e mente.
Dalí há algum tempo os musculos do corpo e do conhecimento estariam tonificados.
Passeava assim por uma bela avenida de árvores, flores, saúde, evolução e conhecimento. Tudo naquele ato simples e gostoso!
Mas não podia parar... andar e ler, ler e andar ...
***
PDV
Assistia ao debate na tv, e se empolgava com o que seu candidato dizia. Aquele cara fechava com tudo o que ele pensava. .
De repente percebeu uma coisa interessante, tudo o que aprovava e aplaudia naquele candidato, havia ele mesmo criticado e reprovado num outro candidato na eleição anteriror.
Aprovou e desaprovou. Apoiou e desapoiou. O certo virou errado e o errado virou certo.
Era como muitos, filiados ao PDV - PARTIDO DOS VOLÚVEIS.
***
CLARA
Mundinho o talentoso cantor e tocador de violão olhou para a bela lua e lembrou-se da lenda indígena que
lera num livro nos tempos da infância. Uma bela índia clara como o dia, gostava
de passear pela noite escura. Ao contrário dos outros índios ela não tinha medo
do escuro numa época em que tudo era breu. A moça era diferente de todos os membros de sua tribo e sofria preconceitos por causa disso. Era odiada
por muitos do seu povo. Numa bela noite subiu a um monte e pediu ao deus tupã
que a levasse embora para um lugar onde não fosse desprezada. Tupã então a transformou
na lua.
Hoje ela brilha na imensidão, ilumina o caminho dos viajantes,
faz a estrada antes escura parecer dia. Inspira poetas e trovadores que ela
fazem mil odes exaltando a sua beleza.
A índia branca que gostava de passear pelo chão à noite,
agora passeia pelo céu, iluminando, clareando tudo.
A lua estava linda, e a fantasia era propícia para aquele
momento...
Agora faltava apenas
uma coisa, foi até seu quarto pegou o violão e saiu cantando pela noite, para a
lua, para sua amada e para quem quisesse ouvir.
Os acordes tão belos que ecoavam noite afora exprimiam a sensibilidade
a beleza, a poesia que existia dentro dele
Salve Clara, índia branca e solitária, dama das noites. A
ela nada se compara. Salve lua, Salve Clara...
***
EXPLODIU O PRESENTE.
Renato chegou animado a local de trahbalho. Parecia ter renascido após aquela noite. estava animado e nem sabia o porquê. Sabe aquelas alegrias que surgem do nada? Vêm como presente embrulhada em raios de sol na manhã? Pois havia recebido um. Era algo saboroso, Recebeu, o presente engoliu-o e saiu por aí.
Logo em seguida apareceu em sua frente algumas iguarias indigestas que precisava provar De repente surgiu um giló verdinho, pepino cortadinho em fatias, o abacaxi pedindo para ser descascado. Apos ingeri-los sentiu indigestão e tal qual uma bomba o presente explodiu dentro dele. Tudo pelos ares, apenas o gosto amargo na bca ficou.
Não devria acontecer, mas aconteceu.
Esperava que amanhã a vida preparasse um outro presente com um belo laço e nada roubasse o sabor.
***
NOVA FÊNIX
Quando o amigo morreu as
lembranças o abraçaram. A infância voltou, a juventude renasceu, os valores
mudaram e passou a enxergar a vida com
outros olhos, mais atentos e vigilantes, dispostos a ver coisas que ignorava.
Lembrando o velho mito da fênix, um
novo ser desabrochava em flor viçosa, advindo das cinzas da dor.
A morte traz pesar e dor, mas
também traz o pensar e o renascer de valores.
***
VIAJE
Rubens preparou-se para viajar. Pôs a mochila nas costas,
ligou sua motoneta e se soltou na
aventura.
Uma viagem curta, mas para ele era uma grande jornada. Pois
o coração é que determina o que somos e o que vivemos. O que é grande e o que é
pequeno.
Viaje...
***
NOVO DIA
Luís acordou de mau humor, estava com o nariz entupido e uma
irritante tosse alérgica. Estava acostumado com isso, pois no inverno era
atacado por toda a sorte de doenças relacionadas ao sistema respiratório.
Mas então viu o sol, e o sol apagou os males. Como uma
mágica louca, a luz e o calor fizeram diminuir todo o mal que sentia. E a tenebrosa noite escura se foi.
A vida tem coisas mágicas, e que não parecem mágicas porque as vemos todos os dias
Um clichê, uma frase antiga, batida, mas verdadeira, após a
noite escura vem sempre um novo dia.
***
MUNDO SEU
Herculano gosta de simular as coisas, criar para si outras vidas, de imaginar, imaginar muito. Afinal de
contas aprendeu com o mestre, o livro.
O jovem rapaz fantasia e cria mundos e se projeta para
dentro deles. Lá é sempre o herói, o
artista, o empresário. Lá ele tem tudo.
Ah se as pessoas soubessem. Ririam? O internariam numa
clínica psiquiátrica? O que fariam? Melhor nem pensar nisso.
Deixa para lá, porque vale a pena ser assim. Melhor que ser
mais um, melhor que ser massa.
Salve esse mundo seu, tão imenso e tão maravilhoso!
Pena que a realidade às vezes se intromete e o faz acordar.
***
ESCULTORES
Rui operou com cuidado. Era fera do bisturí e ao traçar seu
corte na pele macia sentia-se como um escultor fazendo sua obra.
A obra ali era maravilhosa um transplante, uma nova vida.
Agradeceu a Deus por tê-lo feito um escultor assim de carnes de vida, de nova
vida, moldando uma realidade melhor para seus pacientes. Ah que maravilhosa
missão!
Viva os escultores que existem por ai. Cada um com seu objeto
de trabalho fazendo as esculturas do dia
a dia. Em todos os setores. São aqueles que trabalham com esmero e além do
dinheiro pensam em moldar uma realidade melhor.
***
GALOPANDO
Pedro galopava, levantava a poeira da estrada, tinha pressa de chegar. Mal começara o dia de serviço na fazenda e já vieram lhe avisar que seu filho estava nascendo. Pegou um cavalo sem pedir licença a ninguém e agora galopava os sonhos de ser pai.
Incrível
como em poucos segundos o pensamento pode se expandir como um potro selvagem
num extenso pasto. Ele se solta, tem onde vazão aos seus folguedos e aos
movimentos livres. Cria suas ramificações.
A imaginação e o pensamento juntos têm um poder incalculável para o bem e para
mal.
Ele agora cavalga a aventura de ser pai e todas as suas
possiblidades. Já se imaginou brincando com o garoto, ou garota ele ainda não
sabe. Imaginou o bebê dando os primeiros passos, falando as primeiras palavras correndo
para seus braços nas tardinhas, fazendo mil estripulias. Imaginou o rapaz a
moça se formando, e imaginou o casamento, os netos, enfim, não parou mais de
imaginar. Cada galope uma aventura pela vida que começava.
Imaginação galopa muito bem montada no cavalo arisco do
pensamento.
***
FALTA
Em Vicente faltavam gengiva e dentes.
Em Inácio do rosto faltava
um pedaço.
Marília perdeu parte da virilha.
A Josué faltava boa parte do pé.
A Leonor atacava uma
forte dor.
João tinha a menos um dedão.
Maria estava quase louca, vendo deformado o rosto, do olho
até a boca.
A pobre e velha Sinhana ficara sem um mama.
Beltrão quase não tinha mais pulmão.
Sebastião que tinha o apelido de Tim despedira-se ali do seu
rim.
Ricardo estava muito acabado.
O Sr. Aleixo, não tinha
mais queixo
Em Cibele a coisa aconteceu na pele.
O pequeno Saymom queria saber porque estava na qtp.
Em cada rosto um tormento, dores para todo lado. Por onde se
olha se vê sofrimento, que nos deixa triste e desolados.
Ataca sem dó nem pena tirando a paz e o conforto. Tem de
pele, fígado, osso e muitas outras
partes do corpo.
A crueldade daquela
doença, as dúvidas e as descrenças, uma mente divagante que assunta, a
indignação, os porquês e as perguntas...
E toda essa falta de lógica, rimavam perfeitamente com aquela unidade oncológica.
***
MORTE E RESSURREIÇÃO.
Joaozinho se espantava com aquele
movimento. Era a procissão do enterro e ele estava triste, pois o senhor havia
morrido e estava agora no esquice sendo levado pelas ruas e ladeiras da pequena
cidade.
Ah como aquilo machucava seu coração
de menino!
Era pequeno para entender, mas de alguma forma
entendia. Morria ali um pouco da sua
ilusão de garoto do dia a dia para renascer na manhã de sábado com todo vigor. Amanhã
seria outro dia. Era a morte e a ressurreição. Ele entendia
muito bem as coisas.
Aleluia!
***
PERDENDO O CONTROLE
Perdeu a direção do carro enquanto tentava fugir. Algo o
perseguia naquela estrada. Tal qual uma cobra gigantesca se rastejante atrás do
seu carro o monstro vinha comendo os quilômetros. Faltava pouco para que o
alcançasse.
Descontrolou-se e jogou o carro contra as bombas de gasolina
de um posto à margem da estrada.
A explosão foi instantânea e tudo se acabou.
Ao final de tudo podia ver apenas a carcaça do carro e alguns objetos no chão. Seus
pertences que estavam sobre o painel e que
foram arremessados ao longe. Entre esses objetios o remédio receitado pelo
psiquiatra e que ele se recusava a tomar.
***
O SABICHÃO
Samuel era o cara. O rapaz sabia tudo. Era conhecedor de vários assuntos e fazia
questão de demonstrar isso.
Quando via duas pessoas conversando, mesmo que estivesse um
pouco distante entrava na conversa sem ser convidade e já começava a dar pitacos fazendo
comentários querendo sobre aquele assunto. Ministrava uma verddeira aula sobre o tema. Era muito bem informado sobre todos os assuntos, mas
extremamente chato, intrometido e ríspido. Só ele sabia das coisas, só ele tinha razão e às vezes até
humilhava seus interlocutores
E muitos se dirigiam a ele quando precisava de algum
conselho.
Gostava de se vestir bem. Sua roupa estava estava sempre muito limpa e bem passada. Só usava roupa de grife. Dava conselhos sobre moda e sobre
qual roupa combinava com qual sapato, quais as melhores cores, criticava a
forma das pessoas se vestirem, coisas assim.
Agora não podia optar qual roupa usaria. O sabichão não
daria sua opinião. Ele já não sabia mais de nada. Num momento
era o sábio que escolhia tão bem sua vestimenta, no outro não escolhia mais
nada.
O agente funerário ficou parado, com ares de enfadonhice, esperando a irmã do sabichão escolher entre os dois ternos.
***
A (ss)vacina
Patrícia estava feliz. Agora sim achara a resposta. Aquele
cientista e professor dissera tudo. De onde era mesmo o homem? Onde ele havia
estudado? Não prestou atenção nessa
parte. Ah isso não importa. O importante é o conteúdo do que disse e as verdades que revelou em seu vídeo.
Como é que o mundo não despertou para isso? Estava tudo tão claro, agora podia entender. O vírus foi uma parceria. Uma combinação entre os habitantes do Planeta Phanton e dos comunistas da china. Todos eles tinham ligação com o Diabo, então produziram o vírus para depois apresentarem a vacina e dentro dela o chip em forma de plasma para dominarem o mundo.
Deu o nome de
vacina assassina àquele líquido do mal
dentro daqueles frascos do capeta.
Descoberta a tramoia só restava a ela fazer a sua parte e
divulgar no whatsapp e em suas redes sociais alertando às pessoas para não caírem
na armadilha.
Ah mas eles eram tão burros e só acreditavam na ciência. Mal
sabiam que os cientistas do mundo eram conviventes com a dominação, a maioria deles também estava no esquema.
Mas estava feliz por fazer a sua parte.
Vamos salvar o mundo.
E para o mundo ser salvo nada da vacina... Assassina.
***
AS MANGAS
O rapaz pulou o muro, subiu no pé
de manga do quintal do vizinho, caiu e machucou-se.
O vizinho cuidou dele, o conduziu
até o hospital apesar de tratar-se de um invasor de sua propriedade.
Depois ofereceu-lhe algumas
mangas para levar para casa. Nada falaram sobre a invasão. O vizinho apenas
contou que havia apanhado muita manga naquela manhã.
Na despedida disse ao invasor: - Não precisava
cair, era só pedir.
***
MERCEDES
Mercedes era a chacota do bairro.
Uma pobre andarilha que já havia perdido tudo na vida inclusive a vontade de
viver. A vida a levou por caminhos tortuosos. E ela entregou os pontos. Todos os
ânimos lhe escaparam e as ilusões se despediram de si. A loucura então a abraçou
como quem acolhe um velho amigo. A mulher então e tornou- moradoras das ruas daquele bairro. Andava
com roupas rasgadas, um velho saco nas costas, falando sozinha e proferindo
impropérios. Era o retrato perfeito da mais profunda angústia. Seu
comportamento e suas palavras demonstravam a força devastadora dos sofrimentos
da alma e o quão baixo um ser humano
pode descer nos degraus da escada da dignidade humana.
A garotada gostava de zombar do
seu jeito estranho de andar e de sua figura pitoresca. Quando passavam por ela gritavam: - Quem quer andar de Mercedes? E
logo algum atrevido pulava em suas costas fazendo barulho com a boca como quem
está acelerando um automóvel, acelerando uma Mercedes.
Ela corria atrás dos meninos e
depois de espantá-los com pedradas, continuava seu caminho xingando e
maldizendo a vida.
De alma cada vez mais ferida a pobre prosseguia carregando dentro daquele saco nas
costas todas as dores e os terrores do existir
Os meninos então de longe continuavam zombando dela e
alguns diziam: -Maria reza, Mercedes benze...
***
CEIA COM NOVOS AMIGOS
Sai carregando o saco pela noite,
distribuindo coisas, brinquedos, comidas e roupas aos moradores de rua.
Eu havia ganhado muito durante o
ano e resolvi gastar muito também. E o que comprei foi do bom e do melhor.
Conversei com o povo da rua, ao
lado deles comi, ri, contei piadas, ouvi lamentos, vi sorrisos e lágrimas. Foi um natal
diferente, o melhor que eu já tive.
Pretendo durante o ano reencontrar esses meus
novos amigos para outras farras e bate-papos.
E no próximo natal já sei qual o endereço da ceia. Aguardo ansioso.
***
JOÃO TAPADO OS MENINO
E O GADO
João um garotinho com alguns problemas mentais que tinha o
apelido de João Tapado tocava alguns bezerros para o pasto. Era ajudante na
fazenda e todos os dias fazia aquele serviço. Alguns garotos para chateá-lo zombavam
dele quando o viam passar. Diziam numa
voz um pouco cantada.
-Perguntei pro João, pro João bobão: O que você gosta de
fazer seu tapado?
-O João respondeu: - tocá gado, tocá gado.
O rapaz ficava muito bravo e saía correndo atrás dos meninos.
Numa bela manhã o João que já contava com o carinho dos
animais e parecia até que eles o obedeciam, conseguiu conduzi-los na direção dos garotos
que saíram correndo assustados.
Alguns no momento do medo sujaram suas calças.
Depois do susto os meninos reclamaram:
-Pô João isso é sacanagem! A gente tava só brincando com cê.
Não precisava disso não.
O João respondeu: -Eu fiz isso só pra ver oceis cantano aquela musga.
-Que música João?
-tocá gado, tocá gado...
***
SOL LÍQUIDO
Quando viajava gostava de sair bem cedo para ver o sol
nascer na estrada. Ah como era bom! Ver a claridade do dia apagando a escuridão
e as luzes da esperança se acendendo aos poucos. Viajar é trocar a roupa da
alma como dizia um grande escritor. É vestir a roupa da esperança e ser um
pouco criança. Traçar novos destinos, se aventurar em outra sina e para louvar a isso quem sabe usar uma rima.
Porém numa manha de viagem começou a chover. Então como ver o sol nascer se o tempo estava nublado e aquela magia não aconteceria daquela vez?
Refletindo e buncando novos caminhos começou a ver a chuva chegando
como uma outra forma de sol. Talvez não trouxesse tanto brilho e calor, mas
trazia paz e tranquilidade.
Era a limonada feita com o limão que a vida deu, o origami
com o papel velho. A reciclagem que faz o velho novo. O poder da transformação.
Regozijou-se por sua adaptabilidade e pela capacidade de
buscar um sol novo, uma nova forma de luz num momento de escuridão.
A vida não tem apenas um caminho. E tudo pode ser motivo de
louvação e de alegria quando o olhar para a vida é de poesia.
Aquele era apenas um sol diferente, mais líquido, molhado,
mas com um brilho também muito intenso.
E a viagem foi fantástica.
***
AFAZERES
Pegou alguns afazeres dobrou-os bem dobrados e colocou num cantinho lá no fundo do peito, um compartimento bem escondido, que desde sempre estava reservado para o depois.
Desdobrou os novos afazeres que estavam mais para prazeres, colocou-os em cima da mesa e começou a cuidar destes.
Depois fez tudo ao contrário, e assim foi pela vida, numa
eterna alternância, dobrando e desdobrando,
guardando e expondo...
No final de tudo, quando não já era mais possível fazer as alternâncias, dobrou a vida e a guardou numa caixa.
***
FIM AO LADO
O homem escrevia, tomava vinho e esperava o fim que estava
escondido na escuridão da sala ao lado.
(noite, vinho, composições, várias - 03/09/21
***
FACA
Pegou a faca disposto a cortar um pescoço...
Seria um ato de bondade o que parecia pura maldita.
Pretendia cortar o pescoço dos pombinhos, filhotes que ficaram no ninho após a morte da mãe. O
ninho estava ao chão e eles talvez tivessem alguns ossos quebrados.
Morreriam na faca,
rapidamente, numa guilhotinada só para não morrerem à mingua de fome, frio
e dor.
Um ato de maldade ou um gesto de misericórdia?
***
ATRAÇÃO DA LUA.
A lua exerce sobre ele um estranho fascínio. Alguns dizem
que o jovem mancebo enfeitiçado quando a vê. Olha para a grande esfera prateada
no céu e seus olhos ficam vidrados como se nela houvesse um imã que o atraísse.
E ali permanece, parado quase que a noite inteira observando-a, fazendo versos em sua homenagem e cantando
canções de serestas muito antigas e muito belas. “Oh lua branca de fulgores e
de encantos”.
A lua é a feiticeira das noites que hipnotiza seu escravo e
o tem à sua disposição para atender aos seus caprichos.
Em alguns momentos podia-se até imaginar ela gritando: -Venha
meu escravo - E ele subindo para estar
em sua companhia.
A lua o dominava totalmente
Todos se encantam com a sua beleza e com a poesia que
derrama. Muitos amores são por ela embalados, serestas lindas cantadas, versos
rimados lhe são entoados por todos os
lados. Pode-se andar no escuro a noite é quase dia, tudo ganha um prateado tão
bonito quando ela aparece. Os astrônomos
e observadores, cultuadores da ciência e do conhecimento a veem como mais uma
prova da perfeição do universo com sua incalculável amplidão e grandiosidade. A
Lua que determina datas para colheitas, para o corte de cabelo, que faz doer
antigas feridas, que exerce a força da
atração gravitacional sobre as marés, que regula diversas atividades e determina muitas coisas
é também dotada de mistérios e de histórias que se esgueiram pelas noites por
sobre muros e telhados. Espectros que rondam por entre uivos e pirilampos. Uma infinidade
de coisas orquestradas pela batuta dessa regente. Dama divina das noites
senhora dos céus de imensurável beleza. A todos fascina, mas a ele muito mais. É
dona absoluta de sua vida.
Depois de mais um
longo tempo de contemplação a ela improvisa versos rimados:
Lua nua,
boiando no céu
iluminando a rua,
sem mortalhas nem veu,
salpicando a terra
de encanto e magia
derramando em tudo,
nos contornos e entornos do mundo
a beleza e a poesia.
Fazendo a noite mágica
Fazendo-a virar dia
Me leva oh lua!
Me toma para si...
OH LUA...
***
ANTENOR, ELEONO E O ESCRITOR.
O sofrimento e o
tormento estavam presentes a todo momento.
Sentindo muita dor, pavor e até terror, Antenor desprezado
por Eleonor convida o escritor para beber no Bar do Alaor.
A bebida era a solução para amenizar a dor da paixão. E no bar o nosso Antenor acompanhado pelo escritor pedia ao garçom por favor:
-Para curar minha tristeza garçom põe cerveja aqui na mesa. Contra a falta de carinho sirva-me uma taça de vinho. Viver para quê? Traz o saquê. Para que da saudade não apanhe, uma garrafa de champanhe. Para esquecer Eleonor Aparecida me vê um pouco de sidra. Sobre o copo risque uma dose de whiski e sem gelo, esse é o meu apelo. Para aguentar o baque dai-me uma dose de conhaque. Um pouco de tequila, sem demora, nem fila. Garçom não faça firula e traga logo a amarula.Guraná nem "pensá". Refrigerante, Coca-cola tô fora. Suco é coisa de maluco. xarope o coração entope. Energético nem se fizesse ficar atlético. Mingau nem a pau. Leite, chá, café... nada disso a gente quer. Nem no palco bebo sem álcool. Bebida fraca, que porem redime é o adocicado e bonito martini. Barman ouça bem: Me levaria ao céu se fizesse um bonito e colorido cocktail. No copo da caipirinha vejo a minha doce Eleonorzinha. Sobre a mesa molhada passe o pano e traz o cortezano. Põe um pouco de gengibre em minha cuba libre. Aiai quero hi fi. Beberei aqui por um ano se o garçom trouxer cinzano. Espumante é diamante, bebida boa e véia é o drink dreher. Não me venha com dose módica quando for servir a vodka. Se a paixão me quebra, dá-me logo uma jurubeba. Darei um bote no Corete, um creu no tonel e um mergulhão no garrafão. Fico feliz quando me antolha o trabalho do saca rolha . Pensando no meu fim quero gim. Se ela chamasse Mônica eu pediria jim tônica, mas como não chama assim dá gim tônica pra mim. Garça põe uma música brega e volte lá na Adega. A sobriedade vai-se com Ice. Água me causa mágoa. Óleo de soja, azeites, gorduras e outros misturas, soda caustica e kaol só se misturados ao etanol. Olhe bem, veja, ouvindo moda sertaneja no escuro, bebo até álcool puro. Vida marvada, com alcool bebo tudo, sem álcool bebo nada. Para esquecer aquela aborrecida, mistura tudo e faz uma batida. E para dar mais sensação, a boa e velha pinga com limão. E agora faço o meu pedido derradeiro: Garçom traz o bar inteiro!
Os dois biritando e o texto perigando.
Antenor pede por favor para o escritor caprichar na hora de narrar que essa paixão
nunca vai acabar.
Do texto o escritor
pede trégua. -Chega! Fecha a conta e passa a régua.
Essa hsitoria é assim não tem fim.
E assim a vida continua, então sem solução...
E o escritor trêbado encerra a sessão porque depois de tanta birita
consegue escrever mais não.
Até mais povo bão!
***
A LUZ
Abriu a porta do antigo escritório. Estava voltando ao trabalho depois de algum tempo parado.
Uma luz pareceu entrar em sua frente e iluminar os moveis, o chão, o telhado, tudo... Era a luz do novo, do que é remodelado. A luz de uma nova etapa ou algo assim.
Então percebeu o quanto gostava daquele lugar, e mais que isso percebeu o quanto deixou de perceber.
Quanta coisa coisa nos escapa quando não damos valor ao que temos e não percebemos a vida que pulsa de prazer a cada instante. Olhamos sem olhar, sentimos sem sentir, observamos em observar e até vivemos sem viver.
Não conseguia explicar, sabia apenas que daquele momento em diante tudo seria diferente.
***
RECICLAR UM PEDAÇO.
Numa linda manhã de sol enquanto fazia caminhada num bairro novo da cidade, um lugar ainda pouco habitado encontrou um aparelho de tv estragado jogado à beira do caminho.
Seria apenas uma tv velha, não fosse o fato de ser o mesmo modelo de sua primeira televisão colorida.
Quando viu os contornos do aparelho muitas lembranças povoaram sua mente .Lembrou o dia em que aquela belezura chegou! Que felicidade! Todos da casa empolgados. Foi uma festa! Lembrou o primeiro programa a que assistiu, encantado com a vivacidade da tela . Tempos de rapaz onde tudo era encanto e cada pequeno acontecimento marcava profundamente. Transportou-se para aqueles momentos e reviveu sua empolgação ao ver filmes, desenhos programas e novelas. Belos tempos. Lembou de muitas coisas
O primeiro aparelho color que decorou a saleta, uma pequena ostentação que encantou a todos com as cores vivas em noites e dias de muita diversão. A familia reunida assistindo a novela das oito. Os filmes nas tardes, programas, desenhos, tudo era mais bonito, assim como a tv a vida tinha muita cor. Era um luxo ter uma tv colorida naquela época.
Mais tarde foi até la de carro e pegou o aparelho. Consertá-la seria reciclar um pedaço de vida.
***
FICA EM CASA
Gostava de sair à tarde para ir até o mercado comprar algo de que precisasse.
Fazia bem dar uma volta depois da maratona no home office.
Naquele momento da história era melhor esquecer esses pequenos prazeres, fazer uma compra grande que contivesse tudo de que precisava para o mês e evitar de sair de casa. Não era tempo de se fazer as coisas que gostava, mas sim de fazer o que era preciso.
Aquele momento tolhia os prazeres e fazia muita coisa ficar para depois.
O virus tão pequeno mudou a rotina de todo mundo e fez mil imposições. Acho que também nos mostrou como somos pequenos diante da natureza e a sua majestosa e ao mesmo tempo devastadora
Não ao prazeres, não ao antigos costumes e sim a uma conduta ascética porém necessária.
-"Fica" em casa, disse para si mesmo ao término do último desses passeios verpertinos.
***
SEU FÃ
O escritor já acumulara um monte de livros escritos e não publicados e outros publicações e não vendidos.
Textos em sites e apps que não eram lidos. ]
O blog tinha poucas curtidas.
Começava a acreditar que era ele e apenas ele seu unico leitor. Mas tudo bem. Que assim seja. Afinal de contas ele não tinha menos valor que os outros leitores e a pessoa deve se amar.
Então virou o seu maior fã.
O resto que se dane.
***
TEMPO LÁ E CÁ
O dia estava nublado e ele tenso. O tempo influía em seu estado de espirito. Acontecia sempre. Sempre que o tempo estava assim ficava deprimido. Era como se lá dentro houvesse outro planeta que se abria ou se fechava às intempéries do ser. Se o tempo estava nublado nublava algo dentro de si, se estava ensolarado irradiava raios de poesia e esperança, mas o calor entediava e causava cansaço, o frio trazia aconchego e a chuva muita paz e tranquilidade.
O tempo cá fora provocava sensações lá dentro.Da mesma forma que flores se abrem nas belas manhãs, a atmosfera desabrochava algo em si. O tempo fazia florescer sonhos ou murchar esperanças. O dentro e o fora, um influenciando o outro.
Coisa misteriosa. Vai entender essa meteorologia!
Agora clamava pela chuva!
***
ENTRE PAREDES
Quando acordei de madrugada e fui
ao banheiro senti uma presença estranha na casa. Não, não eram baratas, nem ratos,
nem nada dessas coisas.
E uma voz grave sussurrava em meu ouvido. Então fui assaltado
por um medo que não conseguia explicar.
Talvez tenha sonhado com algo
ruim e ao acordar não me lembrei do sonho, mas tinha alguma coisa estranha me
incomodando.
Tive até mesmo a impressão de ver
um rosto indefinido na escuridão que vinha da cozinha.
Quando voltei para a cama demorei um pouco
para dormir, ouvia vozes que pareciam me chamar e alguns barulhos estranhos na
casa.
Estava zonzo e atordoado, e os
pensamentos fervilhavam, se digladiando entre a racionalidade e os medos bobos.
Mil ideias e conexões catastróficas
desfilavam à minha frente como se fossem modelos numa passarela. Modelos
macabros.
Senti-me sufocado, parecia estar com falta de ar, embora isso
acontecesse apenas na garganta, os pulmões estavam livres. Fiz algumas
respirações diafragmáticas puxando lentamente,
aspirando suavemente pelo nariz e
expirando também devagar pela boca. Isso me acalmou um pouco e consegui dormir.
E os raios de sol da manhã então
vieram me resgatar.
Ansiedade, pensamentos
acelerados, crise de pânico, estado intermediário entre o sono e o despertar...
Não sei, Já senti coisas assim antes, mas dessa vez foi diferente.
Mas fico com a impressão de que
alguma coisa fora de mim provocava aquele desconforto. Como se algo me
espreitasse por entre as paredes. Talvez a resposta estivesse naquele rosto na
escuridão.
Entre as paredes torturantes
daquela casa e seus segredos, outra noite me espera.
***
SEM AÇÃO NEM RAZÃO.
Marcinho ouvia o que seu colega de trabalho, o verborragico Pedro falava com muita atenção. O rapaz estava empolgado e defendia com voracidade suas ideias. Embora fossem desprovidas de sentido lógico Pedro trazia a razão dada pela crença ao seu lado Acreditava mesmo no que dizia e havia juntando toda uma lógica capenga para defender suas teses.
E Marcinho embora discordando não sabia como contestar, frente a tal determinação do colega.
A intransigência faz a tolices virar verdade como em teses bem elaboradas.
Apenas com um sinal de consentimento ficou ali orbitando em volta da tolice sem ação nem razão.
***
CHAVES
Naquela manha
enquanto seguia seu trajeto costumeiro, uma coisa estranha lhe aconteceu. Duas moças muito
bonitas vinham pela rua, pareciam bêbadas e no beco estreitíssimo, por mais que
se esquivasse Chaves não pode evitar de esbarrar em uma delas. A moça atrevida
vendo o desconforto do senhor e ao mesmo tempo percebendo que o toque o havia
excitado aproveitou para provocá-lo. Ela
soube de imediato que despertara algo há muito reprimido naquele senhor que
apesar de modos recatados ainda conservava em si um fogo aceso, que muito ainda podia queimar. Então disse com uma voz sussurrada e
provocante
-Oi meu
querido me desculpe se esbarrei em você lindo! Mas vejo que sua pele esta
quente apesar da frescura dessa manhã. Quente e macia. Ah como eu adoro homens
maduros e bem vestidos. – O homem
desconsertado com a provocação, não
sabia o que fazer.
A duas então
se aproximaram e sussurraram em seus ouvidos palavras que há muito o guardião da moral não
ouvia e que despertaram uma parcela do seu ser que acreditava não mais existir.
Em seguida,
uma delas disse: Venha, vamos rezar com gente.
E assim como
em todas as manhãs seus Chaves foi atrás da reza, mas não numa direção bem
contrária a da matriz.
Um pouco de
atenção, um toque, carinho e sussurros, foram essas as chaves que abriram
compotas fazendo jogar rios de aguas cristalinas, águas há muito represadas.
***
Sentiu firmeza
Olhou para o que sentia e sentiu que nao se sentia bem. Então virou a roda, a roda do sentir, o volante das sensações, e passou a sentir diferente. O sentimento estava em si e não no mundo. Tudo acontecia ali dentro. Sentiu firmeza
***
JÁ
Jacinto sofria de ansiedade e isso desenvolvia dentro de si, a angustia a depressão, e crises de pânico.
Muitas vezes se deixava levar pelas frases que essas
nefastas senhoras sussurravam aos seus ouvidos. Eram más conselheiras.
Todas o agrediam, mas a ansiedade era a pior delas.
Quando sentia algo ruim dizia para si: -Já sinto novamente essa sensação. E então se desesperava.
Daí, já era a calma, já se fora a tranquilidade, já estava tudo perdido.
Sentia que já era tempo de resolver de vez tudo aquilo. Já não aguentava mais.
Um dia elas insistiram que aquela situação deveria acabar JÁ! E
ele levou demais à sério, então tudo
acabou de vez.
Ansiedade... Jacinto... jaz se foi.
***
Ela sabia
Abriu a porta da casa bem devagar... Queria sair sem ser visto... Empurrou o carro, fez um esforço tremendo para isso, na esquna ligou o veículo e foi.
Foi até a casa de sua amante e voltou algum depois.
Empurrou novamente o carro para colocá-lo na garagem.
Ninguem viu, ninguem acordou, ninguem notou nada.
So os rastros do segredo ficaram na garagem e como esses rastros são invisiveis.
Ninguem reclamou de nada. A não ser sua consicencia. Ela sabia de tudo e sabia cobrar mais do que qualquer um.
***
Extintor
Estava feliz e animado fazendo a faxina.
Foi apanhar o lixo, ao levantar-se, meteu a cabeça no extintor de incêndio que ficava logo acima do cesta. .
O extintor apagou todo o seu ânimo,
***
Enquanto
Enquanto o homem todo acanhado falava dos seus problemas, entre gagueiras e indecisões, se esquecia que eles existiam .
***
A cobra
Ouviu uns ruídos estranhos pela casa.
E sabia que ela estava ali. Uma cobra enrodilhada preparando para dar o bote. Já há muito sentia sua presença. Se esgueirando pela casa, aproximando -se devagar.
Deu-lhe um golpe certeiro com o bastão da coragem. Ela se encolheu, se escondeu por debaixo de algum móvel.
Faltou-lhe coragem para eliminá-la de vez.
Sabia que voltaria, ela sempre volta.
***
Cedo demais
Era um cinéfilo diferente.
Não gostava dos clássicos nem exaltava Almodovar como um rei.
Gostava dos filmes simples, comuns, frutos da milionária indústria cimematográfica holliudiana. Aquele do comércio, criticado pelos inimigos da cultura de massa e do capitalismo cultural. Nem deveria, mas era desse que ele gostava.
Filmes bobos, água com açuçar ou história banal de ação alucinante. Uma historia gostosa de assistir é o que importa, dizia a todo instante Qualquer hora era hora de sessão da tarde. Comédia boba, supsense de sustos e até o sanguinario terror.
Se a atenção prendeu então valeu.
O filme tem que ter suspense para ter sabor esse é o molho.
E ao invés de saborear pipoca, assistia filme comendo repolho.
***
xinga-se
O sol forte está de rachar a muleira. Nossa que frio!. Ê chuvinha boa! Adoro uma chuvinha. O calor quente está insuportável. A chuva molhada não me deixa secar a roupa. O preço do feijão está pela hora da morte. Politico é tudo igual. A igreja só quer dinheiro. Esse povo de hoje. Antigamente contrato era o fio do bigode. Advogado é tudo desonesto. Nada mais triste que a tristeza de um sorriso triste. Esse é bão, esse vai mudar o Brasil. Amanhã será um novo dia. O importante é a qualidade e não a quantidade. Lembremos que o amor tudo perdoa e mãe só tem uma.
E assim vamos navegando entre aforismos e ideias preconcebidas até que morte nos separe. Seria cômico se não fosse trágico.
***
EM CASA
***
Cegueira
Ele vivia no deixa para depois. Protelava tudo na vida. Acreditava sempre que o agora não era propício para fazer as coisas. E dava mil desculpas.
Deixava tudo para depois, até que um dia descobriu que não existia mais o depois.
Desafio
Pegou a máscara e colocou no rosto, sentiu-se
conto pronto
***
Ontem acordou sonolento e indeciso. Demorou a abraçá-la.
Amanhã quem sabe demore mais. Ou menos
São despertares e abraços...Sempre acontecem. Num determinado momento do dia a luz se acende de verdade.
DEABAFO DE UM INTROVERTIDO
Eu não quero agito
Não quero reuniões
Associações, agremiações.
E outras aberrações
Eu quero solitude
Silêncio reflexão
Eu quero pensar, refletir.
Ler, escrever
Solamente florir e sorrir
Aqui no meu canto
Quietinho aqui
No meu cantinho.
Me deem esse presente
apenas isso e nada mais
deixem-me quieto...
Pobre introvertido
Nesse mundo de barulho
Esse mundo que não cala nunca
Que não sabe ouvir
Que quer apenas festa e exteriorização
Pobre do introvertido, prisioneiro
Nas grades dessa prisão
Que tem que ouvir quem fala demais
Quem fala tudo o que pensa
Quem comenta sobre tudo o que vê
Presencia ou lê
Pobre e desesperado introvertido
Que luta contra um mundo cruel
Que não está nem aí para sua necessidade de silêncio
e de solidão.
Que desdenha seu jeito de ser
Que quer moldá-lo e conduzi-lo
Ah se pudéssemos soltar essas amarras!
As amarras do outro.
As amarras do mundo
Se existisse um outro mundo
Tudo seria bem melhor.
Um mundo de silêncio e paz
Um mundo que ficasse calado
E nos deixasse ser calados
Deixasse-nos ser como somos
Talvez somente a morte
Possa dar-nos a verdadeira paz
Que esse mundo nefasto e cruel
Não nos permite.
-Menino quem é sua mãe?
-Minha mãe Senhor é aquela mulher que me olha de um jeito que ninguém jamais vai olhar. Que cuida de mim, que dedica um amor sem igual. Minha mãe senhor é que me ensinou a rezar a fazer muitas cosias. Me educou, me deu exemplos. Acolhe aconselha, abraça, afaga.
Capaz até de dar a vida por mim. E o senhor quer que eu a defina? Ela é todo um universo de coisa boa. Difícil entender isso senhor. Difícil responder quem é minha mãe. Mãe é mãe.
***
O que é ?
um lindo jardim dentro do meu ser. É lá que ele mora e sempre vai morar. O homem dizia essas frases para consolar-se pela morte do seu cachorro. Essa imaginam o ajudava a seguir em frente. Agora no jardim de mim ele está.
***
Lago Sereno
Lançou-se no lago sereno da leitura, mas num certo momento se perdeu em pensamentos enquanto lia e sentiu que boiava no texto, então voltou atrás e ao invés de boiar. mergulhou.
***
Coroa vírus
A bisavó colocou seu óculos de fundo de garrafa e se debruçou sobre o móvel olhando fixamente para ele. Depois se abaixou ainda mais até tocar na superfície da cômoda.
Seu neto que chegava perguntou curioso:
-Bisa, o que está acontecendo? O que a senhora está fazendo aí com a cara colada no móvel?
-Estou tentando ver o bichinho
-Que bichinho?
-Esse tal que causa doença nas pessoas. Esse salafrário que nem deixa a gente ir passear na praça. Safado desse coroa.
-Não vó não é assim. Ele é microscópico, muito, mas muito pequeno mesmo, precisa de um aparelho especial para observa-lo.A senhora não vai conseguir vê-lo com esses óculos. E não é coroa é corona
-Deixa de ser bobo menino. Esse óculo é muito bão. Foi um médico la de Belorzonte que receitou. Ele vê tudo.
- E se o bicho fosse tao piquitito não ia fazer tanto mal.
-Vai cuidar da sua vida e não se intrometa, mas pode deixar quando eu achar o bicho eu te chamo para te mostrar...
***
O bichinho
O neurótico hipocondríaco andava pela rua, olhava para o ar e via um vírus piscando para ele.
Já o conhecia das imagens que vira na internet e já eram íntimos pelo fato de aquele ser microscópico estar o tempo todo presente em seus pensamentos e em seus temores.
O bichinho olhava, sorria e piscava.
O homem se encolhia e queria correr.
***
Sussurro
Roberto era um escritor e estava sem inspiração naquele dia. Olhava para o arquivo do word aberto à sua frente e não sabia como começar aquele capítulo.
De repente ouviu um sussurro do seu lado..
. E então como que por mágica começou a escrever. Escreveu, escreveu sem parar. ..O melhor texto de toda a sua vida.
Parecia que viajava para vários lugares e versava sobre assuntos que não tinha o menor conhecimento. Era Expert em coisas que nunca vira.
Escreveu por oito horas sem parar.
Terminou naquele dia seu best-seller.
Depois do livro terminado o sussurro passou . Nunca mais o ouviu.
E nunca mais fez um texto tão bom
***
Ser
Insone levantou-se para tomar água e andou um pouco pela casa tentando se cansar e buscar o sono escondido em algum canto.
Quando voltava para o quarto ouviu um barulho atrás de si e então a viu. Uma mulher...pensou ser uma mulher, mas não sabia ao certo o que era. Um ser feito de um material diferente, por mais que tente não consegue descrever do que era feito aquilo. Parecia de fumaça ou de areia, ou quem sabe de luz. Dava a impressão de estar se dissolvendo pelo ar. Um ser que era real, mas não era. Algo que parecia estar alem de todos os conceitos. Algo sólido e volátil ao mesmo tempo.
Logo ela sumiu pelos ares
. Nunca mais a viu, mas ainda a sente pela casa todas as noites..
***
Homem menino
O homem-menino sentiu medo, perdeu a razão, e quis sumir diante do homem-homem.
***
No chão não
O menino levantou-se, olhou para a vida que o derrubou e zombava de si e disse:
Não aceito ficar no chão.
***
E se...E ses...
Marina estava apavorada!
Não bastasse as continuas crises de falta de ar provocadas pelas intensas crises da síndrome do pânico, e das mil doenças imaginarias que acumulava dentro de si, agora esse vírus dos infernos trazia mais motivos para ficar inculcada: E se a falta de ar fosse por causa dele? E se aquele calor na testa fosse a febre provocada pela doença? E se aquele espirro da colega de trabalho do seu lado fez exalar no ar gotículas carregadas do famigerado bichinho? Se o álcool gel não funcionou? E se não durasse mais uma semana? Se fosse destruída por aquele ser microscópico, tão pequeno e tão poderoso capaz de destruir um mundo inteiro? De onde vinha aquele ser? E se aquilo fosse um castigo dos céus/? E se isso fosse o prenúncio do fim do mundo? E se fosse... fosse ironia do destino para nos mostrar nossa insignificância e provar que um ser microscópico, sem nenhuma consciência de si é capaz de tanto, mostrar ao homem que ele não é nada diante das forças da natureza? E se fosse um agente do mal que vinha para causar pânico e sofrimento em todo um planeta.
E os pensamentos se multiplicavam pela noite, acelerados, desconexos indagativos e salpicados de e ses. E se, e se, e se...
Agora tinha um motivo a mais para os seus "E ses". Sim porque a moça já cultivava o hábito de perguntar: e se eu morrer sufocada e se tiver um enfarto ou derrame? E se acontecer isso? E se acontecer aquilo?
Corona virus agora é o terror dos encucados e cismados.
E se isso não for uma gripe? E se morrer? E se? E se? E se?
Em pouco tempo estava totalmente encoberta por uma enorme montanha de "E ses "
***
Contradições
ziguezagueando pela casa numa noite escura o rapaz sentia todo o peso da solidão cair sobre seus ombros, as mais estranhas sensações que iam do sufoco ao regozijo e a ciranda louca dos pensamentos acelerados girar em torno de si.
Estranho que parecia ter algo contraditório ali. Era como se a tristeza a melancolia e um certo orgulho se abraçassem. Fossem protegidas por um algo bom e nobre vindo da ideia da privacidade de poder sentir e disso surgia um sentimento de orgulho de si.
Nadando naquele mar bravio e tentando salvar-se agarrou-se à tabua do sentir. O ato de sentir é um privilegio quando bem aproveitado e mesmo que os sentimentos não sejam os melhores de serem sentidos o fato de estarem ali o faziam sentir-se vivo e não o deixavam se afogar.
Era o dono de todas aquelas sensações e arrepios, e a ninguém devia prestar contas disso. Sentiu-se soberano.
Quando conseguia dar um passo para o lado, e observar seus pensamento com um certo distanciamento tudo parecia fazer sentir. Mas logo voltava para si e de novo era a vítima. E a contradição dos dois olhares ficou ali se alternando por toda a noite.
E ele se debatendo entre as ondas para lá e para lá.
Eis que viu até um certo glamour nessa odisseia noturna, glamour conseguido apenas nos momentos de intervalo entre os espasmos dos horrores.
o sentir ziguezagueava...
***
Expedição das letras.
Mão do tempo.
o homem olhava para si e não se via mais como antes. Parecia que a mão do tempo tinha nele tocado e mudado todas as coisas. Mão do tempo, essa toca mesmo. Não, ela não falha.
***
Carrossel financeiro
Girando a roda. A labuta traz dinheiro e sonhos, espalhado num mosaico colorido. Viagens, empreemdimentos, investimentos e mil possiblidades de momentos .O dinheiro vira moto, a moto vira carro, depois vira livro, o livro vira sonho, e vira também divida, o sonho vira realidade. A moto vira dívida. O dinheiro vem e vira pagamento, o pagamento vira dívida,a divida vira moto, a moto vira sonho. A divida quitada vira paz. moto, carro, livro, agora tudo junto. E tudo se ajeita. Mas depois tem tudo isso de novo e muito mais. É a roda da vida. o carrossel finnceiro que a tudo comanda girando girando...
***
Olhar
Como ele se via? Pensou que não era da melhor forma.
Deveria se ver de forma diferente. Olhar para si como olhava para outrem.
Sim! Eureka! Essa seria a solução!
Olhar ...olhar... O jeito de olhar. O jeito de se ver.
Valia a pena tentar.
O olhar era um mergulhar num novo conceito. Agrupar ideias e sentimentos novos sobre si.
Isso faria a diferente.
Ah ideia redentora,! Arauta de novos tempos, que enche de gozo e esperança.
Olhar, apenas o olhar...
***
Palavra de descontração
As pessoas o sufocavam e a cerimônia prosseguia... Não sentia-se bem sendo rodeado por tanta gente. Estava apertado e sufocado. Queria espaço...
Precisava mesmo de algo para refrigerar o ambiente. E esse algo veio em forma de benção de uma palavra de descontração que a todos fez rir.
Seria uma piada se não fosse dita sem querer.
E a ele trouxe relaxamento. Esqueceu-se do sufoco e de tudo o mais que o apertava.
Ah das pequenas coisas surgem as grandes sensações!
***
O riso e o siso
Eu assistia á missa na igreja lotada e o clima de solenidade da celebração foi interrompido por uma palavra trocada. O padre trocou os termos e algo ficou pejorativo. Mas isso fez o povo sentir-se vivo. Eu tentei, muitos tentaram, mas foi difícil conter o riso. Parei de rir, mas ri de novo. E a benção final solene foi proferida entre risos do padre e do povo. Melhor assim porque eu acho que o riso é mais abençoado que o siso.
***
Abismos dos mundos
O louco, se é que existe algum, xingava do seu mundo. O não louco, se é que existe algum, respondia do outro. Que abismo existia ali!. Que abismo!
***
Defasagem
o homem indignado porque não entende a defasagem no seu salário. Eu pensei: o grande problema é que seu voto está defasado.
***
A Escada.
VÓ
Era manhã de domingo
eu voltava de uma viagem
na estrada de terra o ônibus sacolejava
irritante
E apesar do meu apreço por estar na estrada
aquele sacolejo me parecia assaz irritante
e a vida cinzenta como a poeira da estrada.
do meu lado uma menina que parecia ter mais
ou menos oito anos, Inquieta em seu assento
espichava o pescoço no rumo da estrada
ansioamente esperando
E eu observava aquela criança
e sua doce espera de maneira curiosa
De repente no proximo ponto
tudo mudou
e vi florir naquele rosto infante o mais
terno, e doce sorriso
e no olhar um marejar brilhante
alguem na estrada, que a fez sorrir
e na parada ela grita
vó
e aquela senhora que esperava, sorri também
aquele som "Vó" me emocionou
um brado intenso, visceral profundo
me fez voar pelas peraltisses da infância
me transportou diretamente para
a casa da minha "vó"
Naquele momento, eu vi a profundidade do sentir
eu vi a beleza do afeto florindo, do âmago do sentimento
da alegria de se amar alguem
de encontrar alguem que se ama
o "vó" soou como uma alerta
um sacolejar em mim
como o sacolejar da condução
um pedido: "acorda" para as possibilidade
ao seu redor
afeto no ar, sentimento a despertar
emoção, pequenos lindos momentos
a vida é isso
essa é a verdade
aquele pequeno rosto
aquela palavra "vó"
nunca vi tanta alegria
tanto sentimento
tanto contentamento
naquele encontro.
naquele momento.
E a estrada à minha frente
se iluminou,
e a chama da fé na vida
ja quase apagando em mim
reacendeu, outra vez brilhou.
Eu deus
Onde eu vou o cachorro vai, o tempo todo atras de mim. Não ele não me perde de vista um minuto. Acho que sou o chefe da matilha, o pai, o senhor o deus dele. Acho que me vê como alguém especial. Justo eu que sou apenas um homem comum que ama o cão e que o tem como um ser especial.
***
Tedio
O tédio da tarde revelava-se nas horas sem vida que se arrastam infinitamente.
***
Pingar
A chuva caía devagar trazendo serenidade em cada pingo.
Ele adorava aquilo.Sentia como se sua alma estivesse sendo lavada.
A água que caía limpava a pressa, a ansiedade e os medos.
O aconchego desse pingar era como um abraço terno e gostoso da natureza naquela maravilhosa manhã de sexta-feira.
***
Tempo
O relógio despertou ele obediente se levantou, tudo a seu tempo e o tempo por todo o dia reinou. O tempo era a estrela do seu dia e ele o obedecia de forma rigorosa. O relógio bateu 22:00 e ele se deitou. Igual ontem e anteontem. O tempo, sempre o tempo senhor de tudo.
***
Chuva e indecisão
Uma chuva caía fina naquela manhã.
O homem estava vivendo um dos seus maiores dilemas a indecisão. Era indeciso em tudo. E a questão agora era decidir se ia para o trabalho de carro ou com seu enorme guarda-chuvas.
Se fosse de carro chegaria mais rápido e não corria o risco de se molhar caso a chuva aumentasse. de guarda-chuvas, porém poderia passear pelas ruas fazer uma bela caminhada matinal.
E a esses foram sendo somados outros prós e contras. A indecisão era sua amiga.
Achou um meio termo. Acabou indo de carro, levando o guarda-chuvas para que na hora do almoço viesse e voltasse à pé.
***
Altos papos
Os dois batiam altos papos. Diferentes, inusitados regados com vinho e bobagens. Eram os melhores momentos do seu dia. Bate papo virtual com direito a todos os benefícios da imaginação.
***
Pinga
Pingava chuva na goteira e o homem ia se embriagando de aconchego.
***
Rastros
Aquela bonita, estrela que brilhou naquela noite tao diferente, deixou um rastro de luz no ceu!
E ainda hoje nos ilumina. Suas fagulhas de luz ainda pairam sobre nos.
***
Ilusões
O homem estava diante do computador, escrevendo o que sentia enquanto a madrugada endossava suas ilusões.
***
Estrela vem
Quando chega o final de novembro ele sempre olha para o céu e imagina que uma estrelinha muito pequena e muito lá distante está se aproximando da Terra. A estrela vem. E ela vai aos poucos se agigantando, chegando mais perto, mais perto, mais perto... Torna-se muito brilhante e ofusca a todos com seu explendor. Que sempre esteja brilhando essa estrela!
Caíam
Mùcio Ataide
No meio
O jovem humorista fora ousado nos seu post sobre politica, causando risos de aplauso e muxoxos de indignação. Ele sabia que a verdade estava numa balança, e podia pender para lá ou para cá. Exatamente no meio.
***
Razões no bolso
Duas pessoas discutindo sobre politica. E cada uma tirava a sua razão do bolso e dizia que a sua era a mais bonita. Estranho é que os dois tinham os bolsos furados.
***
Lixo
Nenhum comentário:
Postar um comentário