Um
homem desce a escada suavemente, parece estar com medo de cair. A escadaria não
é muito grande, são poucos degraus, pois trata-se de uma casa de dois pequenos pavimentos. Porém quem o vê assim tão indeciso pode apostar que não tem o
hábito de usar escadas, ou que esta lhe
cause alguma espécie de fobia.
Mas,
ele está acostumado a ver essa escada frequentemente, pois mora nessa casa por
incontáveis anos. Talvez o trauma de um tombo tenha causado todo esse pavor. Os
degraus rangem, balançam e tudo respira certa decadência.
Uma casa mal cuidada com muita poeira guardada
em cantos mal iluminados, carentes de
luz e de esperança . É madrugada e tudo está deserto. O silêncio seria completo
não fossem os sons dessa descida.
A
casa é antiga, alguns moradores também,
os mistérios voam pelos ares em noites de vento, e todos
os que ali residem já relataram ouvir barulhos estranhos em certas noites. Alguns rangidos, sons de correntes sendo arrastadas, uivos
horripilantes, essas coisas que todos
aqueles que acreditam em fantasmas costumam contar.
Ele
chega ao final da escada e resolve
voltar pois, esqueceu algo lá em cima .Faz um muxoxo lamentando a sua falta de atenção.
E
assim sobe novamente, porém dessa vez sem medo e sem usar nenhum degrau...
MÚCIO ATAIDE
- Conto inscrito no concurso de Contos da Associação Casarão da
Cultura Potiguar (Grupo Casarão de Poesia), www.casaraodepoesia.blogspot.com
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