quinta-feira, 28 de abril de 2016

A ESCADA

Um homem desce a escada suavemente, parece estar com medo de cair. A escadaria não é muito grande, são poucos degraus, pois trata-se de uma casa de dois pequenos  pavimentos.  Porém  quem o vê  assim tão indeciso pode apostar que não tem o hábito de usar  escadas, ou que esta lhe cause alguma espécie de fobia.
Mas, ele está acostumado a ver essa escada frequentemente, pois mora nessa casa por incontáveis anos. Talvez o trauma de um tombo tenha causado todo esse pavor. Os degraus rangem, balançam e tudo respira certa decadência.
 Uma casa mal cuidada com muita poeira guardada em cantos mal iluminados, carentes  de luz e de esperança . É madrugada e tudo está deserto. O silêncio seria completo não fossem os sons dessa descida.  
A casa é antiga, alguns moradores  também, os mistérios voam pelos ares em noites de vento,   e todos os que ali residem  já relataram  ouvir barulhos estranhos em certas  noites.  Alguns rangidos, sons  de correntes sendo arrastadas, uivos horripilantes,  essas coisas que todos aqueles que acreditam em fantasmas costumam contar.
Ele chega ao final  da escada e resolve voltar pois, esqueceu algo lá em cima .Faz um muxoxo lamentando a sua falta de atenção.
E assim sobe novamente, porém dessa vez sem medo e sem  usar nenhum degrau...

MÚCIO ATAIDE

- Conto inscrito no concurso de Contos da   Associação Casarão da Cultura Potiguar (Grupo Casarão de Poesia), www.casaraodepoesia.blogspot.com

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