sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Aquele abraço

conto

Autoria Múcio Ataide

Abriu a porteira. escutou seu rangido forte e se alegrou. 
As coisas estavam todas ali no mesmo lugar: a mesma casa branca com paredes descascadas, o mesmo gado pastando ao lado da estradinha que dava acesso à sede da fazenda, os pássaros cantavam e os sons que chegavam da mata próxima eram os mesmos. Mesmos  sons, cheiros e sabores. 
Por um momento voltou a sentir o mesmo encanto que ali sentia quando cruzava aquela porteira.
 Logo em seguida voltou a entristecer-se. Só uma coisa não existia mais: Aquele abraço da chegada. Aquele que trazia  o afago amigo, o ósculo do reencontro a delicia de  ser rodeado no pescoço por aquelas mãos enrugadas e sujas da lida. Abraço de quebrar osso! . Só faltava aquele abraço. E então percebeu que o abraço era: as cores os cheiros os sabores  e os sons daquele lugar. 
 Não não era um detalhe era um tudo. aquela ausência apagava todas as cores, minava os sons e limitada a beleza. Tudo estava ali  mas faltava o principal: Aquele abraço. 

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