Ele
chegou mais uma vez ao trabalho.
Estava se sentindo muito mal.
Estranho como nas suas últimas folgas almejava tanto estar ali
naquela rotina e agora que ali está já não dá mais valor. Ficou afastado do
serviço por quase seis meses e sonhava voltar. Não suportava o tédio nas horas
vagas em casa. -Quero o trabalho, a missão o agir, o barulho a agitação - Abominava aquele marasmo que já fora antes
também sonhado.
Quando voltou tudo voltou. O mesmo antigo padrão execrado e
depois almejado ali estava. O burburinho virou algo incômodo e queria de
novo o marasmo.
Passou a fazer tudo maquinalmente sem ver o encanto que imaginou
enquanto estava parado.
Pensou naquele momento nos paradoxos da existência: Quando se tem
não se quer, muito se quer quando
não se tem. Valorizamos algo em sua ausência e desprezamos na presença. Como a
vida funciona toda ao contrário? Projetamos as carências como guias coroando-as
e endeusando-as. E pensar nisso não resolve isso. O hoje nunca é verdade, o ter
nunca satisfaz.
Refletindo essa questão empurrou a porta do estabelecimento
com força e raiva e pensou: - Mais um dia, tudo igual, arc.
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