Está chegando.

Manhãs de março
sol quente mas não muito
uma brisa suave já anuncia
o frio está chegando
bate aos poucos às portas da manhã
e sem muita cerimonia devagar vai entrando
o aconchego já começa a invadir
aquela sensação gostosa...
Ainda não é frio, já não mais é calor
esse meio termo traz um doce sabor
de tranquilidade e de paz
manhãs de março
as chuvas se despedem,
quase não caem mais
A poesia do sol gostoso na manhã
e das sangrentas tardes de rajas vermelhas
que cobrem o horizonte como um  escudo
A vida se exalta   toda faceira e  vaidosa
querendo  desfilar de moleton e sobretudo
charme e elegância aos poucos vai espalhando.
buscando o aconchego dos cobertores
e a proteção das janelas fechadas.
Está chegando, está chegando...

Dia de Luz

Um dia de luz
onde os planetas se alinham
onde o dia é bem mais que um dia
e a vida é uma rádio em boa sintonia.
tudo floresce, os caminhos são abertos
vemos oásis lindos nos nossos áridos desertos
Um dia envolto na alegria
onde ela é a soberana
tudo se encaixa tudo se anela
A vida é simplesmente bela
e esperamos pelo porvir...

Dono de mim

Eu só quero sossego
um livro de estimação
um silencio de estimação
meu cantinho
os tesouros da solidão
quero tempo para olhar para mim
descobrir mistérios, segredos aqui
dentro desse fascinante mundo que sou eu

quero me conhecer, me entender
me perdoar, me aninhar
não quero mais cobranças
nem dedos em riste
nem ser mais meu algoz
quero descobrir o que me faz ser eu
descobrir minha verdadeira voz.

quero viver em mim
quero me encontrar
ler o que sinto
como quem lê um romance
me mapear me dar a chance
de cada vez mais ser assim
absolutamente dono de mim. 

Da boca pra fora

Da boca pra fora
Se fala o que  se quer
Se esconde segredos
Se brinca de realidade
Amplia-se os defeitos
Esconde-se os medos
Em bravatas de verdade.

Tudo se pode tudo se faz
Somos heróis, guerreiros
Honestos ordeiros
Defeitos não temos
Da boca pra fora
De mil feitos sou capaz
A vida é simples, fácil demais
Em um paraiso vivemos

Da boca pra fora...

Em

alguns

dias

eu

componho

aldravias

***

chuva

torrente

de

aconchego

na

gente 

***

chuva 

serena

manhã

fresca

gostosa

amena .

***

sexta

dia

de

expectativa

sonhos 

alegria

***

Aguardem

outro

dia

tem

mais 

aldravia.

Chuva fina  serena
amenidades traz
olho na janela e a cena
traz-me aconchego e paz. 

Vem outono.

Vem outono
se achegue aqui
traga suas tardes lindas
para mim
seu tom avermelhado de poesia
seu clima ameno e gostoso
me sinto protegido, tranquilo
me recolho me anelo, me aninho
no que há de melhor em mim
vem outono te espero...

Encantos da sensibilidade

É bruxaria, magia

Flores por todo lado

o firmamento  é manto

De um colorido azulado

A relva de beira da estrada

É a esperança espalhada

Salpicada em pingos de prata

Pela noite orvalhada

E o lago  é serenidade

Quando pedimos arrego

Buscando

A paz e a tranquilidade

E os braços ternos do sossego.

Ouvir ver sentir, tocar,

Em tudo descobrir magia

Na beleza aveludada da flor

no cantar de um passarinho

num gesto sublime de amor

na ternura de um ninho.

A vida renascendo na manhã

Com suas cores e sabores

Na noite cálida de lua

Com seus ponteados e dores

Misterios da madrugada

Colorida pelo doce orvalho

E a vida que vai renascendo

Pendurada em cada galho

Tudo magia tudo encanto

A poesia é a doce mania de ver

A beleza escondida em cada canto

Do viver

É promover um belo despertar

Bem distante da sobriedade

Fazendo acordar aos poucos

Os encantos da sensibilidade.

Inspiração

Hoje eu estou inspirado

Rimas bem feitas  me vêm

Ideias para prosa também

Tudo de muito bom grado

A inspiração é  raio,  lampejo

Uma dádiva  um maravilhoso dom

A alma gira o mundo e  busca o que é bom

Então encanto tudo o que o vejo

Como um bruxo um mago

Com a poção  mágica que trago

Escondida dentro de mim

Vou despertando a poesia

A beleza e a magia

Que estão adormecidas  por aí.

Decisão

Um dia agitado
Pode ser estresse ou dinamismo
Sozinho em casa tomando vinho
Pode ser solidão ou liberdade
Posso escolher os caminhos
Posso forjar meu futuro
Sou livre no sentir
Determino o que sinto
Decido onde piso
Mais vale o caminhar
Que as pedras que no caminho
 encontrar.

Chicletinho

José andava sempre seguido pelo cachorro. Era o fiel companheiro.  Onde ele ia o cachorro ia atrás.

Apelidou-o de chicletinho sempre grudado no dono. E  para ficar ainda mais carinhoso o apelido, depois de algum tempo passou a chamá-lo de chicletinho de orelha. O cão atendia sempre que o chamava assim. Era um amigo dócil e companheiro de todos os momentos.

Os dois andavam pelas ruas. De vez em quando se olhavam. Era um olhar de ternura e proteção do chicletinho para o homem e do homem para o chicletinho. Naquele olhar  podia-se notar toneladas de ternura e outras tantas toneladas de cumplicidade.  Se completavam, se aninhavam, se protegiam.

 o cachorro ia à frente, mas de vez em quando parava, olhava o dono com aquele olhar como quem está  conferindo se seu fiel protetor estava mesmo por perto e então se punha novamente a a andar.

Chegaram às margens de uma avenida muito movimentada. O homem atreveu-se a atravessar a barulhenta via, mesmo sabendo do risco e da possibilidade de ali ser ceifada sua vida. Os carros passavam como foguetes quase não se podia ver suas cores, eram manchas coloridas riscando o tempo e o espaço. Tinha uma passarela logo à frente, mas ele a ignorou.  Acreditou na sorte e seu chicletinho também. No momento da travessia desequilibrou-se e caiu  ouviu o som irritante de uma freada e olhou atônito dois faróis se aproximarem muito rapidamente. Como olhos inquisidores que cobravam satisfação pela sua irresponsabilidade vieram sobre ele e o engoliram. Um corpo estirado no chão, cena talvez corriqueiros nos agitos de mais uma manhã naquela cidade louca.

O chicletinho ficou ali, atento, protegendo seu dono e bradando com todos que se aproximavam. Tinha ali o seu tesouro de afeto e precisava protegê-lo.

Quando o resgate chegou os paramédicos se esforçaram para atender o homem pois o cão estava arredio e não deixava que ninguém chegasse perto.

  com muita dificuldade conseguirem colocar aquele senhor na ambulância, o que de nada adiantaria pois morreria poucos segundos depois.

 chicletinho saiu desesperado atrás, correu feito um louco até que não mais conseguiu acompanhar o veículo. A principio resoluto depois foi se cansando e seus passos ficaram lentos. Não conseguia mais.

E viu seu fiel parceiro sumir para sempre entre todos aqueles carros.  Seus olhos tristes ao longe. A vida! Num instante temos tudo e no outro não temos nada. Antes: o olhar terno e seguro que tem protege e é  protegido. Agora: o olhar triste do abandono e do nunca mais.

Seguiu pelas ruas. Não era mais chicletinho de ninguém.

olhar

olhar é perceber
as coisas do momento
ver as razões os porquês
o olhar e seus mil portentos
as vezes eu olho de fora
Mas posso olhar por dentro

olhar é ver ou não  ver
tem travas que embaçam
Então podemos não ver
quando as verdades nos caçam
se não olhar direito
essas mesmas verdades  passam

           

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PRODUTIVO

Um dia produtivo
me soltei por aí
decidi coisas
Muitas resolvi
em muitas me achei
em outras me perdi

Mas a missão
é sempre algo bom
Não quero viver por viver
em cada instante um objetivo
fazer o que for preciso
para a vida andar
sentir que está pulsando
e que não estou aqui
apenas  por estar
E viver
 amar
crescer
sonhar
estudar
ter prazer
realizar
ser novo ser
me rearranjar
mesmo sem asas ter
voar, voar voar...

Vida que brota

Hoje vi uma folha verde
guerreira insistente
resoluta se agarrou de garras e dentes
a um resquício de esperança
eu nem sabia que planta tinha dentes
mas esperança sim. a vida clama por ela
a planta brotava em meio ao cimento
achou uma fresta e então a vida se fez
nada segura a vida, que pulsa em cada canto
nada pode conter seus caminhos e encantos
O improvável aconteceu porque ela lutou
uma brecha, uma pequena luz
e então a vida mostrou para que veio...

Luz na porta

Hoje a porta está aberta
ela deixa entrar uma luz atrevida
delirantemente bela, esfuziante
colorindo cada canto
dando cor à mesa às paredes
ao chão de pedras, à alma.
deixo-me banhar por essa luz
não me esconderei mais dela
deixa que entre que rasgue o peito
transforme tudo e faça sorrir
que salpique seus raios sobre tudo
e em tudo e por tudo que ela seja
agora e sempre exaltada
buscada e esteja sempre aqui 

Aqui e agora.

centrado aqui agora
vivendo o momento
não deixar-se perder
nem voar por aí
nômade feito um beija-flor
ou um bem-te-vi
mas ter os pés firmes no chão
a cabeça boa atrelada ao coração
e os dois comandando a festa
centrar, parar falar, agir, saber viver
consciente, no aqui no agora.

Maldade

Não se brinca com a morte
não se  escarnece  da dor
não se destila a maldade
pra depois se falar de amor

Não faz sentido essa conta
não se fecham as pontas
é pura contradição
se jogar inteiro na maldade
de uma forma vil sem piedade
depois dizer-se cristão

é o tal do sepulcro caiado
por fora a beleza de montão
por dentro os vermes que comem
na mais profunda podridão.
E assim se  mostrar orgulhoso
como o escolhido valoroso
com a Bíblia na mão.

espero que tudo mude
e um novo tempo possa vir
onde a maldade seja esquecida
Se encontre   alegria na vida
E a harmonia por onde for
Para que nunca mais se zombe da morte
nem se escarneça da dor.
E se viva no amor...

Pular

Assim pensa um folião:
Carnaval, carne no aval
finalmente chegou o dia
um documento assinado
carimbado e rotulado
para liberar a alegria
nada de amarras
deixa o hoje chegar
para quarta eu guardo
as preocupações
e a tristeza que há
deixa tudo escondido
tudo sob a fantasia
hoje é dia de  folga
do samba da folia
hoje eu quero Trégua.
 Não quero pensar
abomino tudo o que tira a paz
hoje eu quero o hoje
quero me esbaldar
alegria, folia, magia,
os anseios escondidos
deixa-los todos entrar
nesse salão de festas do ser
e pular pular pular...

MARÇO

E eis que vem  o março

Suave março
março...

da despedida das águas

de pedras e paus e flores

do começo de sonhos

das temperaturas amenas

do cheiro de aventura no ar

O outono que chega também

Folhas secas esparramadas ao  chão

Douradas, formando brocados lençóis

Outono das tardes serenas

Sangrando em fascinantes  arrebóis
Tem poesia de sobra no ar 

O aconchego do frio que vem bater

Suavemente bate à porta quer entrar

Uma  melodia na tarde embala sonhos

e a noite estrela um céu risonho com luar 

E a vida em plenitude a despertar

Agora as coisas acontecem

Agora começou pra valer.
não é fim é começo de caminho

Agora é março...