segunda-feira, 29 de julho de 2019

Quero vida




Quero o sabor de dia novo
Dentro de um café fresquinho
Quero o aroma  pelo ar  
E a tristeza em desalinho
Quero abraçar a vida
Como esse sol  abraça agora
Iluminando todo canto
Desde o surgir da aurora
Quero alegria emoção
Quero o  melhor que a vida tem
Espalhar a alegria
Viver o amor viver o bem
Quero a vida em cada canto
Me convidando pra dançar
Quero dizer que vale a pena
Vale a pena aqui estar.

sexta-feira, 26 de julho de 2019

um verso


Um verso pode conter um universo
Um verso pode mesmo ir além
Pode percorrer o mundo
Naquele divino segundo
Em que a inspiração domina
E com toda a força vem
Um verso pode ser bem  mais
Pode definir caminhos
Pode abrir estrada
Um simples verso
Pode mesmo conter
E retratar um universo
E muito mais...

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Legado

Autoria Múcio Ataide

Quero fazer meus planos
Para "viver antes do fim"
Que a vida seja mesmo vida
E  que eu a possa viver assim:

Que eu leve sorriso
Que eu conduza alento
Que transmita alegria
Da massa seja o fermento

Que carregue dignidade
Que saiba ser bom e honesto
Que eu possa ser poesia
Em cada linha e em cada gesto

Que me vejam como melodia
Suave e serena a embalar
Que eu seja sua canção preferida
Em notas soltas pelo ar.

Que brilhe como sol da manhã
Secando o orvalho da flor
Que seja céu estrelado
De lua, sertão e trovador

Que eu seja a chuva de aconchego
Caindo suavemente  lá na serra
Fazendo brotar a semente
Que dorme dentro da terra.


Que eu seja ânimo e ação,
também relaxamento e sossego
que eu viva de tudo, evolua o tempo todo 
da seiva da vida  sorva sem medo 


que tudo o que eu viver
seja sempre  para edificar 
que eu deixe um rastro de luz
por onde eu passar. 

  
Que um dia  me lembres com ternura
e sorrindo concluas enfim 
Que valeu a pena estar junto a mim

Que seja bom o meu legado
Quando eu não mais estiver por aqui.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Caçando vida.

   Ele acordou um pouco desanimado. Olhou em volta e viu as mesmas coisas de sempre. Estava cansado daquela rotina.
   Foi até o banheiro escovou os dentes, penteou o cabelo, olhou-se no espelho e pensou: até quando vai tudo isso? Sempre a mesma monotonia. A vida  anda em círculos e tudo sempre volta  para  o  mesmo lugar.
   Resolveu andar pela casa, caçando vida como quem caça um animal selvagem, mas essa caça estava escassa. Tinha ainda a esperança de encontrá-la. Onde ela estava escondida. naquele momento?
   Foi até a escrivaninha pegou um livro do Múcio Ataide e leu um trecho de um poema:

"vida  por que se esconde
me fazendo  te procurar?
os seus caminhos são tortuosos
e nem sempre eu sei trilhar..."


quarta-feira, 17 de julho de 2019

VENTOS

Ventos fortes me  sopram
trazendo medo e espanto
Mil indagações   me botam
na cabeça  e por todo o  canto.


Tudo parece assim sombrio
a vida então perde a cor
é como um inverno sem frio
e um verão sem calor.


Ventos da tristeza da depressão
do desencanto  e da desilusão
furacão que me  leva ao sufoco.

Se para longe não o soprar
ele pode me derrubar
dia a dia pouco a pouco.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

BAMBEIA.

Autoria Múcio Ataide

A festa estava animada.

 Tereza queria pular, mas estava com medo. A pequena fogueira já estava quase apagando e as amigas juravam que se pulasse casaria. Era simpatia antiga, após o pulo falaria três vezes  bem baixinho:  “Santo Antônio vem me ajudar eu quero casar, Santo Antônio vem me ajudar  eu quero casar,  Santo Antônio vem me ajudar eu quero casar”.  Não podia perder a chance, depois dessa só daqui há um ano. Certa vez  enterrara o pobre santo de cabeça para baixo, mas parece que só por pirraça ele não quis colaborar. Agora seria mais simpática com os versinhos. Quem sabe assim conseguiria?

Deu uma volta pelo terreiro para criar coragem, distraiu-se um pouco e esqueceu sua angustia ao ver a turma animada dançando o arrasta-pé, enquanto as peneiras cheias  de biscoitos, pipoca e canjica  rodavam para lá e para cá. Adorava  as festas juninas! Era quando a casa se iluminava. Uma luz brilhando naquele ermo  de dias e dias insonsos, sem nada de extraordinário acontecer. Agora estava ali sentindo toda aquela alegria no ar. Casa branca ao pé da serra,  terreiro de chão batido, dança e música, a bandeira de santo Antônio imponente em cima do mastro depois do divertido não bambeia não, tudo era muito lindo... Era o pouco de diversão que podia existir na vida daquela moça da roça, não muito bonita, cheia de sonhos e esperanças,  presa à rotina massacrante daquele ermo, um reduto de espera no meio do nada.  Mas a noite estava linda e a vida era boa apesar de tudo.

 Lembrou-se que devia pular a fogueira e a angústia da dúvida voltou.

 Decidiu-se enfim, saiu correndo e se jogou... mas no momento em que terminava o pulo, bambeou, desequilibrou-se, quase caiu e foi amparada  pelas mãos firmes e até atrevidas de João da Silva. Pronto! Tudo resolvido. Não precisava nem recitar os versos.  Por causa daquelas mãos firmes em sua cintura e daquele olhar  malicioso do rapaz, sabia que  o pulo havia valido. Obrigado Santo Antônio. Agora era só dançar a quadrinha e seguir o “não bambeia não” da vida...

quinta-feira, 11 de julho de 2019

ACORDES


 Acordes para sonhar
Cordas badalam como sinos
Acordes soltos no ar
Cantar: visitar o que é divino

Notas, sons,  enlevo, amor
Tudo no bailado da emoção
Como o desabrochar de uma flor
Eu, Ritmo, voz e violão.

Viagem de fantasia
Aplausos  e alegria
Plateia e palco em mim

Refletores da ilusão se acendem
Deles  fortes luzes  pendem
 Num show agora  sem fim.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Era ou não era?


Autoria Múcio Ataide.

-Ei Juca! O que houve? Está aí há quase uma hora parado olhando para o ar, parece hipnotizado.
-Estou aqui viajando nos pensamentos.  Olhando a nossa turma e lembrando  aqueles velhos tempos. Ah como era bom!
-É mesmo, eu também me lembro, mas estou  feliz por continuarmos juntos. Desde moleques que a gente apronta por essa cidade!
-João Prosa , Juca e Nelsinho .  Esse trio é da pesada!
-É João prosa,  mas as coisas já não  são mais como antes.
- Por que você diz isso? Afinal de contas  estamos aqui juntos.
-É, mas antigamente tudo era melhor. A gente tinha mais animação.
-Sim, de uma certa forma Juca.  Os eflúvios da juventude pairavam no ar.
-Desde a infância quando brincávamos juntos pelas praças e quintais dessa cidade que a nossa amizade é algo grande e muito importante. Depois veio a mocidade e os namoros e a turma sempre junta. Lembram-se da escola, das paqueras  dos bailes e das bebedeiras ?
--Sim Juca,  me lembro de tudo isso. Sempre foi muito bom
-É a máxima  Ataulfiana:  Éramos felizes e não sabíamos.
-Ora, mas o Juquinha está mesmo saudosista  hoje!
-Ah saudade me invade nessa cidade!  Oh rimou!
-Juca eu acho tudo isso estranho.
-Como assim João?  Explica melhor...
-Eu acho que a gente não tem saudade do que viveu, mas sim do que não viveu. Calma, não precisa dessas caras de espanto porque eu vou explicar.
-Quem vê você falando assim pensa até que naquela época estava o tempo todo acompanhado por essa felicidade imensa!  Mas a coisa não era bem assim. Você sente saudade  do que seria o sentimento ideal para a época não do que sentia de verdade. Está se iludindo.  A  saudade que sente   hoje está baseada no ideal e não no real. Porque tudo era visto como corriqueiro e a vida era cheia de problemas e reclamações como sempre.  É uma ilusão essa de que no passado tudo era maravilhoso. É especial hoje porque você está lembrando. Pintamos  todo um colorido na historia, mas na realidade  tudo  era bem mais para o tom de cinza. Você diz que tinha saudade da escola, mas me lembro bem que você xingava aquela escola e dizia que estava ansioso para ver chegar o fim de tudo aquilo. Queria se formar logo para ficar livre dos cadernos, das apostilas dos professores chatos... E quanto aos tais bailes não tinham na época o mesmo glamour porque me lembro de você emburrado em muitos deles.  Tudo era normal enquanto deveria ser especial dessa forma mágica que você vê agora. Sua  saudade  é  do que deveria ter vivido, do que deveria ter sentido, não do que viveu e sentiu. Talvez isso seja um  certo lamento por não ter feito a coisa certa e adequado um sentimento bom a cada momento da vida valorizando-a em plenitude.  Esse  saudosismo que as pessoas tanto falam, esse apego ao passado talvez  seja a frustação porque sabem que deveriam dar mais valor à vida e aos acontecimentos. E naquele passado “maravilhoso” não  deram esse devido valor. Você não tem saudade do que viveu nem do que sentiu. Você tem saudade do que deveria ter vivido ou sentido. Me desculpe repetir isso mas é só para enfatizar.  O passado é uma grande ilusão e acho que o futuro também. 
-Eu entendo João prosa,  faz sentido o que você diz mas hoje tudo é tão sem graça!
- Será mesmo? Será que você não está repetindo a historia. Quem  garante que no futuro não sentirá a mesma saudade do hoje? E que esses momentos que vivemos agora, aqui reunidos, na maturidade da vida não serão também colocados no balaio do era feliz e não sabia?   Qualquer ser humano de qualquer idade e condição só tem o presente, o passado não existe mais e sobre ele temos mil fantasias e enganos, o futuro quem sabe se virá? Daqui a um minuto pode garantir que estará aqui? – Não damos valor ao hoje,  nos concentramos apenas no passado e no futuro, o presente é uma coisa qualquer, um intervalo, no entanto é o único que temos de verdade.

-Mas sendo assim João Prosa  a frase faz ainda mais sentido:  Éramos felizes e não sabíamos.
Sim concordo,  a frase é correta mas não deveria ser assim. Nos iludimos um pouco com a interpretação dela.  Talvez o correto seria: Naquela época   eu deveria saber que podia ser feliz
- Sabe o que eu quero mesmo de agora em diante?
-Olha só Juca,  o nosso reflexivo  amigo Nelsinho finalmente se manifestou na conversa.  Diga amigo o que você quer?
- Daqui há algum tempo  dizer: Eu era feliz e sabia.  

- Caros amigos Juca e Nelsinho:  Hoje somos e sabemos. 

 Neste site,  um pouco da carreira literária de Múcio Ataide, seguindo o caminho das letras para  brindar a vida e descobrir seus encantos e...