terça-feira, 21 de julho de 2020

Batalhas da Noite

  O homem cansado das lutas tinha a visão turva.O cair da tarde parecia embaçar seus olhos e colocar uma névoa espessa em  todos os seus conceitos.
   Já não adiantava mais nada. Estava quase desistindo.
   A mesma batalha começava a todo crepúsculo, estendia-se noite adentro  no tenebroso silencio das madrugadas com os sons, os zumbidos e o abandono da  casa vazia até o amanhecer.
  Encolhido nas trincheiras do medo, ouvia os tiros dos pensamentos acelerados e suas mil conjecturas sanguinárias.
  Uma bazuca de ansiedade disparava para todos os lados, e bombas de efeito moral causavam depressão e desesperança.
  Era uma guerra dos ânimos  com pistolas  de melanciolia, tiros de ansiedade e canhões desprendendo enormes balas  de medo.
  Do silencio da noite, dos quintais sombria, granadas de sons inesperados,  faziam latejar e sangrar ainda mais  as feridas  abertas pela  insônia.
  E a noite era campo minado dilacerando membros  e abrindo as mais sangrentas feridas.
  A cruel batalha  acabava pela  manhã, onde apesar de ferido, sentia-se vitorioso. E  por causa disso ousava acreditar que teria flores saindo dos canhões. Mas não o que acontecia. Novas explosões e a peleja parecia eterna.
Não  sabia até quando aguentaria aquilo. Agora é noitinha e já ouvia novas explosões. 

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