Fui ao cemitério numa tarde de sábado. Gosto de ir visitar o
chamado campo santo. Sinto ali uma paz muito grande. Mas nunca quis ficar por
lá. Apenas uma visita aos meus queridos que ali descansam e volto para o meu canto.
Enquanto rezava ao lado do tumulo de um parente, vi
uma coisa estranha ao meu lado. O que era aquilo? Uma bola grande? Cheguei mais
perto e então compreendi que era um crânio.
Fiquei um pouco assustado e sai procurando o coveiro para
informá-lo.
O homem muito bravo me explicou que eram os meninos da redondeza
que costumavam aproveitar alguns túmulos com a tampa solta e tirar dali os
ossos para brincarem, provavelmente usavam a caveira como bola.
O operário da morte pegou o crânio e o segui até um túmulo
onde faltava uma tampa na parte de baixo. O homem colocou a caveira lá de forma que esta ficou “olhando” para frente e essa visão me
pareceu muito aterradora.
Percebi no fundo do tumulo um paletó azulado e saindo dele
ossos compridos. Pela roupa deduzi que fosse um homem.
Era o que sobrara de uma vida.
Pensei: talvez esse tenha sonhado como muitos um dia ser
jogador de futebol, mas jamais imaginou que se tornaria bola.
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