Na discussão no acalorado debate, ele procurava a racionalidade para esmagar a racionalidade do outro, mas não percebia que o ódio que o fazia procurar a racionalidade era algo extremamente irracional. E o outro por outro lado procurava outra ideia plausível para garantir que estava certo e derrubar a racionalidade do primeiro. Não queria perder a guerra E os ódios futucavam dos dois lados. E os ânimos se exaltavam e a veias dos pescoços esticavam e as vozes ia se alterando, sussurros se transformaram em palavras duras que se transformaram em gritos e então a racionalidade buscada estava inatingível e cada um só queria provar que estava certo sem nem mesmo saber quem estava. Afinal de contas o que é a verdade? Já não importava mais as ideias, só queria vencer o outro, vencer o que era diferente, pensava diferente e só uma verdade pode existir, só a minha. A vaidade o orgulho e o ego desfilam nessa passarela. Eu estou certo e nada mais importa, mesmo que alguns pontos no discurso do outro tenham me balançado, eu os ignoro só o que eu disse tem valor. Eu sou mais eu. E só eu sei das coisas e o meu lado é o certo o dele errado. O meu partido é honesto o dele é corrupto, o meu Deus é o bom o dele não é, o meu time é o campeão e sempre será o dele nunca foi. Eu sou eu só vale o eu, eu tenho a razão eu sei de tudo, não me questione ele é apenas o que não é como a mim e isso é o suficiente para considera-lo inferior. Minhas ideias se alteram eu penso mil coisas eu me agito. Eu defendo o que acredito tenho autoconfiança não fico em cima do muro, não questiono eu sei das coisas, a verdade está do meu lado. Do que falávamos mesmo no começo desta crônica desesperada? Ah da racionalidade. Perdeu-se por aí.
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
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