O carro funerário passou pela porta da casa onde o defunto morava. Parou.
A cirene ligada
convidava a todos os vizinhos a chegarem até a porta. De longe, com medo, todos olhavam, davam um
tchau e não conseguiam conter lágrimas que escorriam sem pudor,
trazidas pelas lembranças de bons momentos com o amigo e pela tristeza do
adeus.
Os familiares à porta lançaram sobre o carro algumas flores.
Seria aquela a única despedida possível...
O caixão não poderia
ser aberto pois o vírus estava ali
dentro misturado aos restos mortais, cumprira naquele corpo o seu destino que é
a destruição, mas queria mais... É voraz, é guloso, olha com olhos desejosos a
todos em volta.
Mais uma família destruída, mais lágrimas rolando ao chão, e
um mar de incertezas que cobre a todos com ondas gigantescas...
Perguntas e mais perguntas...um “até quando” está espalhado
pelo ar, dentro dos carros, das janelas fechadas das casas, no semblante
preocupado por trás das máscaras, ronda por ruas e praças, e em cada segundo do
viver. Quem tomará providencias de verdade? Por que tanta incompetência e tanto
desinteresse? Por que desdenhar de nós? Quando a inércia cessará? Quem cuidara do
nosso povo ? Perguntas rondam enquanto
podem.
Uma chuva de aplausos tchaus e beijos e o cortejo vai
seguindo...
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