Enquanto andava pelas ruas da grande cidade pensava em tudo o que via. Aquele burburinho de gente apressada buzinas e agito o deixava um pouco atônito. Talvez por causa da situação que estava passando. Ali estava naquela selva de pedra para tratar de sua saúde enfrentando umA doença muito difícil.
Caminhava sem rumo e por muitos momentos perdia a consciência
de onde estava, por duas vezes quase foi atropelado, bateu com a cabeça numa
caixa de correio tropeçou e seguiu rua a fora amargando seus males e sofrendo.
Numa esquina trombou com alguém. E
assustado viu que era um morador de rua. O homem olhou-o assustado também. Na
hora pensou que o homem viria roubá-lo ou coisa assim, mas logo percebeu que se
tratava apenas de mais, um perdido nas esquinas da vida e daquela cidade.
No momento em que viu o morador
de rua foi invadido pela dor do medo, e o pobre homem foi invadido pela dor do
olhar da exclusão.
Sentimos e provocamos dores o
tempo todo...
A diferença entre eles era apenas
o tipo da dor. Tem vários tipos. Cada um tem o seu. E cada dor tem suas
características próprias.
Dores rondam pelas ruas, estão
embaixo dos viadutos, nos leitos dos hospitais, no transeunte que passa, no
carro de luxo, por traz da janela daquele barraco ou daquele condomínio de
luxo. Se embrenham por becos e ruelas, mas também transitam nas largas
avenidas. Se enroscam pelos arranha-céus, se sentam nos bancos da praça. Materializam-se
na forma de medo, doença, mal estar físico, fome, olhar de exclusão,
preconceito, dominações. Andam por aí em todas as cores e modelos.
Existir é maravilhoso, mas também
dói.
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