Em nossa visita à capital fomos a um shopping que estava localizado bem no centro da cidade. Andamos muito conhecendo o lugar. Requinte, beleza e a oportunidade de ver coisas que não faziam parte da nossa rotina diária. Estávamos inseridos no mundo burguês um pouco diferente do nosso. E sentíamos até certo desconforto embora fosse agradável estar ali.
Visitamos diversas lojas, compramos algumas coisas, fomos ao cinema, nos divertimos bastante aquele dia.
Ao final resolvemos tomar um lanche. E chegamos à praça de alimentação. Estava apinhada. Pedi um sanduíche muito saboroso e depois pedimos um pote de sorvete para ser compartilhado entre os três. Uma delicia aquilo!
Enquanto comíamos observamos um movimento estranho vindo de uma das mesas do canto. Os rapazes batiam na mesa e começavam um sussurro, logo em seguida foram aumentando os decibéis e então percebemos que falavam o nome de um possível candidato à presidente da república. Daí a pouco estavam já gritando o nome dele.
Olhamos em volta e vimos que os olhares de muitas pessoas brilhavam e logo em seguida a maior parte dos presentes em coro, gritava o mesmo nome.
Observamos também que alguns balançavam a cabeça em sinal de desaprovação. Eram os adeptos do candidato que fazia oposição àquele. Mas não ousavam rebater porque o grupo era minoria absoluta.
Entramos no coro e nos deliciamos com aquela manifestação de apoio a alguem que nos representava verdadeiramente e já havia provado isso em pleitos anteriores.
Éramos apenas alguns caipiras fora do seu ambiente. Embasbacados com o luxo e os prazeres burgueses do lugar e honrados por ver o apoio àquele que nos representava. Era a nossa vez. Tínhamos vez. Eramos iguais ali. Nós e os frequentadores assíduos do lugar em uníssono no mesmo tom e no mesmo ideal. O mesmo coro em uma só voz.
Fiquei pensando... se naquela praça de alimentação houvesse algum restaurante de frutos do mar, qual seria o prato mais pedido? E qual seria o prato que aquela minoria descontente pediria para ser fritado e comido com expressões ranzinzas mordendo a iguaria com uma raiva atroz e se preparando para indigestão certeira.
Nosso candidato lá, “ele não”.
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