Olhou para cima quando ouviu a revoada. As aves coalhavam o céu dourado da tardinha. Espalhando algazarra e beleza pelo ar. Um bando de andorinhas voltava talvez quem sabe de um lugar bem distante.
Aquelas aves eram exemplos de persistência. Voavam o mundo, transpunham continentes em busca de um clima melhor. Buscavam o melhor e se esforçavam para isto.
Pensou na sua incapacidade de se adaptar às situações da vida cotidiana. Era fraco, procrastinador , se assustava com sua tibieza, sofria ante sua debilidade moral. Era um pássaro sem asas, incapaz de voar em busca de um belo oasis do existir. Como era inferior àquelas avezinhas sem inteligência! Como era pequeno, mesmo com toda sua racionalidade de homo sapien!
Pousaram todas nos fios de eletricidade para descansar e se preparar para outra viagem necessária, enquanto o dia desmaiava nos braços da tarde num elegante berco pintado de ouro e degradè . Natureza, beleza e sabedoria infinitas.
Adaptar, evoluir, louvar a vida, voar... voar... voar em busca do sonho, eis aí a lição das andorinhas.
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