Às vezes andando pelas ruas de Pitangui (MG) e ando muito por elas, fico imaginando como seria se todo o patrimônio histórico tivesse sido preservado. Como seria bonito tudo isso por aqui! Os prédios conservados, pintados, pequenos postes de iluminação público colocados nas paredes das casas, com luzes amarelas que lembram velas e lampiões, as ruas calçadas com aquelas pedras grandes, aquelas quadradas, não sei bem o nome, que são boas de transitar, não tanto quanto o asfalto, mas são boas. Assim como a gente vê em cidades como São João Del Rei, Ouro Preto e outras histórias.
Fui a Ouro Preto em um dia comum
e alguém de lá me disse: -você precisa vir aqui na época do carnaval é uma
loucura. Em Diamantina me falaram sobre a tal Vesperata que é um grande espetáculo
e gera muito movimento. A mais tranquila que conheci, mas não menos fascinante
foi Congonhas com seus profetas e seus morros. Também promove grandes eventos.
E a preservação do que é histórico
traz o turista o turista então gera um lucro absurdo. Quando
andava pelas ruelas de Tiradentes tive a impressão que estava seguindo uma
procissão devido ao grande número de pessoas pelas ruas. Ouvi alguém falar numa
língua estranha ao meu lado e demorei a perceber que era alemão. Vi
restaurantes especializados em comida italiana, japonesa, francesa e outras. À
noite entrei num pequeno auditório e lá alguém fazia um belíssimo recital de
piano. Meu Deus! Pensei. É só uma cidadezinha do interior de Minas. Vários museus, em todos se paga para entrar. E
fiquei imaginando a renda dessa cidade, os impostos e o quanto dinheiro o
turismo não gera por ali.
Isso tudo poderia ser nosso.
O ideal seria que houvesse duas
cidades aqui, um centro histórico preservado onde você pudesse andar e
sentir-se como se estivesse em outra época. O que aconteceu comigo quando
entrei uma vez no centro histórico de são João Del rei. Fui envolvido por um
clima de beleza, charme e elegância. Algo difícil de explicar. Fascinante a
sensação que se tem. Parece que aquela arquitetura abraça você e o conduz para outro
tempo. Existia uma poesia no ar. Até imaginei que fazia parte de uma daquelas
antigas novelas das seis, cheias de acontecimentos frenéticos, uma trama de
prender a atenção. Desculpem, a imaginação às vezes toma conta, voltemos ao
assunto: Por outro lado poderia existir uma cidade moderna com todo o fascínio
do progresso em outros barros. Chapadão, Santo Antônio poderiam ter construções
mais verticais, um clima de cidade grande.
Quem dera tivéssemos por aqui,
shopping center, cinema, teatro... Ninguém precisasse sair da cidade para fazer
consultas médicas especializadas. Enfim oferecesse bem mais aos pitanguienses.
Do chapadão ao velho da taipa
poderia existir um centro industrial, quem sabe talvez com alguma especialidade,
assim como Nova Serrana é a terra do
calçado, Pitangui poderia ser a terra de alguma coisa, ter alguma atividade que
alavancasse a economia.
Cidades modernas são belas,
cidades histórias também, o progresso é maravilhoso e a preservação do patrimônio
é algo louvável. Assim como São Joao Del rei Pitangui poderia ter os dois
lados.
Mas ficamos no meio do caminho,
nem preservamos, nem fomos em direção à modernidade.
Daí eu volto para casa e fico
pensando que são apenas divagações feitas pelas ruas. Sonhos apenas, mas
imaginar faz bem e acima de tudo amo Pitangui, gosto desse lugar, gosto das
pessoas, acho bonito o que ainda sobrou do nosso patrimônio. Temos muitas
cosias boas por aqui. Acredito que evolui
devagar, mas acima de tudo é um lugar bom para se viver.
Parabéns Pitangui pelos 307 anos.
Múcio Ataide.
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