segunda-feira, 17 de novembro de 2014

SINO


SINO

EU SOU COMO UM  SINO
UM SINO DE UMA CAPELA
DA ROÇA, BEM SINGELA
QUE GUARDA O PERFUME
DO MATO EM SEUS DOBRES
SOU AQUELE QUE ANUNCIA
ALEGRE NA MANHA DE DOMINGO
CHAMANDO OS FIEIS PARA LOUVAR
E AGRADECER PELA LUZ E O  DOM
DE VER SENTIR OUVIR A MANHA
A ESFUZIANTE FESTA VINDA DA FLORESTA
E DAS ALMAS SEDENTAS DE VIDA
SOU SINO DA PROCISSÃO DE DIFERENTES MOTES
DO ENTERRO EM BADALADAS TRISTES
QUE MINAM QUALQUER ANIMAÇÃO
MAS TAMBÉM AQUELE QUE ANUNCIA
O CORTEJO ALEGRE DA RESSURREIÇÃO
SOU SINO DAS PEQUENAS CIDADES 
QUE SE OUVE DAS VARANDAS E NOS CASARÕES
QUE TEM O SOM BUCÓLICO E MADORNADO 
DAS LENTAS E DISCRETAS TRADIÇÕES
SINO QUE BADALA PARA O BEM E PARA O MAL
QUE VAI DE UM LADO A OUTRO, QUE SE ALTERNA
MAS QUE ESTÁ SEMPRE GIRANDO
ESCONDIDO DISTANTE QUASE NINGUÉM VÊ
MAS PELA VIDA A FORA VAI BADALANDO 
SOU AQUELE QUE RASGA A TARDE
TRISTE E MELANCÓLICA
NO LUSCO-FUSCO, OPACOS SABORES
NA SOMBRIA TARDE DE  ATERRADORES
PENSAMENTOS DE PASSADO E DE MORTE
SOU SINO, ONDE A VIDA É ANUNCIADA
POR TUDO E POR NADA
MAS FAZ BARULHO
COMO UM PRESENTE SURPRESA
SONORO ESCONDIDO NO EMBRULHO
MISTERIOSO CONTRADITÓRIO COMO A VIDA
 sou sino e faço barulho



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