sexta-feira, 31 de julho de 2020

BATALHA ETERNA.

A letra A  maiúscula começa...

A batalha é árdua. É mesmo uma grande luta. Eu não imaginava que fosse tanto. E nem que fosse levar tantos tombos. Mas continuo em frente...

Quando comecei, tudo eram flores e sonhos. O sonho de escrever, de correr solto pelos campos floridos das letras e dos versos.  Trilhar a bela e  plana estrada  das páginas, com a elegante tonalidade sépia, misturar-me à  poeira das aventuras e deliciar-me com o aroma  gostoso de papel novo e até mesmo com o  mofo dos guardados.  Estrada essa margeada pelas flores a mim oferecidas por mil personagens, todos com mil tentáculos, parecendo aranhas penduradas nas teias das tramas e presos às armadilhas dos enredos.   Queria mergulhar profundamente no lago dos signos e me deleitar no rio das metáforas e das frases poéticas. Queria abraçar fortemente o mundo das letras e da escrita e perceber extasiado todo o seu encanto e todas as suas possibilidades.  E até ousava acreditar que as mãos fortes do sucesso viessem acariciar-me de forma terna e serena. Caminhos de flores e sonhos?

Mas já no inicio da caminhada  percebi que a coisa não seria tão fácil.

E estava correndo assim feliz pelas páginas quando tudo aconteceu. Ouvi um tropel e agucei meus ouvidos para entender melhor a situação. E aos poucos o fraco ruído foi se intensificando e me deparei com uma tropa  à minha frente. Um exército de grande contingente e todos os soldados  me olhavam com raiva parecendo querer me devorar.

Empunhei minha caneta, meu mouse e meu teclado e fiz desses objetos minhas armas para a feroz batalha que se aproximava. 

Estava com medo e sabia que seria uma grande peleja, mas defenderia com todas as minhas forças o meu direito de escrever.

O exercito que ali se apresentava era formado  pelos fiéis escudeiros da língua portuguesa. Aqueles soldados combatiam ferozmente todos os que se aventurassem a explorá-la e a extrair seus tesouros.

Se eu quisesse vencer e me tornar um escritor, teria que enfrentar aqueles inimigos.

Todos a postos e então a batalha começou:

Um vocábulo de cara carrancuda e muito autoritário que trazia uma plaquinha no bolso do uniforme escrito ORDEM e parecia chefiar o pelotão, convocou à luta  seus fieis seguidores  da linha de frente, os destemidos combatentes:   COMPLICAR, BAGUNÇAR E CONFUNDIR, que pareciam com muita vontade de brigar e gana de me acertar.  E para completar, sem esquecer de rimar,  chamou também a agressiva soldada ATACAR. 

Então vieram todos para cima de mim. Lutávamos ferrenhamente no ringue da página e das letras. Eu era atacado de todas as formas. Tudo ficava confuso  enquanto via meu texto todo bagunçado. 

Vieram  outros e me confundiram ainda mais. Vieram “tudo junto”, não vieram separados, lembrando que separado é tudo junto e tudo junto é separado.

A SEXTA que gostava muito de feira trazia uma CESTA de compras pendurada em sua ultima sílaba. Parecia cansada das labutas da semana e não via a hora de chegar o sábado para tirar aquela SESTA. Mas não podia, pois fora convocada para  a luta.

Proparoxítonos pomposas, todas  acentuadas conforme manda a lei  se gabavam de sua sonoridade. Diziam ter recebido um presente todo especial da amiga fonética, uma sonoridade elegante.

A onomatopeia au au  latia nervosa reclamando das colegas  tic tac, ronc ronc  nhec nhec, blem blem    e seus ruídos irritantes.  Isso fez o clima ficar ainda mais tenso.

A prosopopeia queria fazer tudo criar vida e convocava  seres inanimados para a batalha, despertando neles os mais diversos sentimentos. Fez o sol brilhar corajoso, me queimando a pele,  as flores marcharem me jogando espinhos  e a chuva me derramar granizo de propósito.

A hipérbole quase explodia de inchada se achando a melhor soldada de todas. Era muito grande.   Ela se considerava a melhor e exaltava sempre suas qualidades. Repetiu mil vezes que   todas  as palavras deveriam se voltar contra mim. Morreu de rir com a minha cara de assustado,  me fez congelar de frio e chorar um mar de lágrimas.  Exageradaaaaa!

 

Num certo momento parei e fiquei observando e pensando: como eram curiosos aqueles soldados!

Alguns vocábulos combatentes me confundiam: Tinha a maçã e a maçaneta quem se pareciam um pouco, mas ao mesmo tempo eram bem diferentes e na verdade nem parentes eram. O comprimento não tinha o hábito de cumprimentar ninguém. O cavaleiro que lutava num belo cavalo branco , não era Cortez nem um pouco cavalheiro.  O Cem veio sem arma alguma. O conserto, que  saíra de um concerto de rock , se dizia fã dos beatles e Hollings Stones  e viera direto  para a batalha,  fazia reparos em sua metralhadora que produzia um sonoro ratatatá. E minha cabeça ficou tonta quando vi chegando a sessão, a cessão, o caçar e o cassar, a sela que não estava  presa em nenhuma  cela, o cinto e o sinto. Jesus Curuz!

Neologismo, um soldado jovem e animado chegou com tudo na luta e ficou reclamando do seu avô arcaísmo que quase aposentado, fora convocado também. O velho estava caindo aos pedaços, mas mesmo assim marcava presença de vez em quando.

Havia soldados idosos como o vovô e a vovó, que eram muitos parecidos, quase gêmeos,  não fosse o fato de um usar um elmo no formato de um triangulo e a outra ter um topete saliente, talvez sustentado em riste por alguma espécie de gel.

Soldados pequenos e curtos e outros longos. Olhei para um pequeno que me parecia amistoso e ele me disse: OI!  Bem no centro do campo de batalha com ar de imponente estava  o pomposo e longilíneo Sr. ANTICONSTITUCIONALISSIMAMENTE. Esse quase me faz perdeu o arquivo inteiro num acesso de raiva e no desejo de apagá-lo. Pensei até em  chamar o meu amigo estrangeiro  o simpático Sr. DELETAR para dar um jeito no empolado. 

Tropecei no  PARALELEPÍPEDO,  OSCULEI o chão, vi-me em situação DELETÉRIA aos pés de vocábulos FILAUCIOSOS, que GRAÇOLAVAM para mim. Levantei-me MODORRENTAMENTE. Estava tonto tentando NITIFICAR  a situação. Pensando que a luta ainda atingiria a QUINTESSÊNCIA.

Pensei e cheguei à conclusão de que não estava entendendo PATAVINAS da situação. 

 Alguns soldados eram  muito ativos na batalha, outros nem tanto. O hzinho de um pobre dígrafo em nada se  manifestava. Era muito calado aquele menino. Não  fazia diferença  estar ou não estar ali.  Nem esticava a perninha para alguém tropeçar. Tudo o que sabia era fazer nhem. Apenas engordava o contingente sem nenhuma serventia.

O i de um hiato estava separado da sua companheira, dizia que o relacionamento não estava dando certo  e então decidiram que seria melhor cada um ficar na sua sílaba e lutarem separadamente.  

O a preposição de uma crase por outro lado  não se  separava jamais de seu amado artigo.  Estavam sempre juntos, até pareciam um só. Olha só que coisa linda, duas vidas em uma. Mas eram lutadores ferrenhos e causavam muito estrago me obrigando a perguntar o tempo todo: vou de... Venha da... se vou... se venho...  e me bombeavam com as granadas sanguinárias da dúvida. Uma dupla cruel e que me fazia desafinar na sinfonia das letras.

Existia ali uma senhora curva que parecia estar sofrendo de algum problema na coluna. Não podia ficar de pé e se arrastava na parte de baixo das letras. E também parecia ter falta de ar porque tudo o que queria era respirar. Fazia parar o texto o tempo todo, cansada, exausta, preguiçosa, ofegante, indecisa,,,  Ziguezagueava para lá e para cá no meio da página, estava em todo canto.

 Um senhor alto, bem magro e que tinha um único  pé achatado parecia sempre admirado com tudo o que via. Estava  sempre suspirando ao  final de cada  frase. Ah mundo cruel!!!

  Outro senhor  que também gostava de fim de frase era muito curvo, seu corpo parecia uma bengala  ou o cabo de um guarda-chuvas e também tinha um pé achatado. Esse era muito  curioso e  fazia mil perguntas:  Quando acabaria a batalha? O que ia acontecer em seguida? ?bla? bla? Bla? Ele não parava de perguntar?

 

Cansada  de assinar muitos decretos referentes à batalha a elegante senhora denominada   rubrica não achava um lugar para descansar, não encontrava  assento,   porque não tinha acento.

Outro vocábulo que também encontrava-se num exaltado estado de nervos era  o senhor aço, que dizia:  -Se continuar nesse sol quente eu asso!

Sra. Etimologia elegantérrima, de traje sóbrio e distinto parecia muito ligadas as coisas tradicionais, tinha modos fidalgos e  aristocráticos e  tentava explicar que tudo tem uma origem e que era preciso entender o começo das coisas.  Era radical em alguns pontos e dizia ir à raiz das palavras. Cheia de estratégias bélicas e regras.  Porem é radical apenas em alguns pontos. Inflamada com suas explicações esclarecedoras incitava todos gritando: Vamos  à batt(u)alia.

As simpáticas senhoras Sintaxe  e morfologia chegaram para uma avaliação da situação. Eram altas, esguias, usavam grandes óculos de  aro redondo e ficavam observando tudo e classificando cada situação.  Foram logo se movimentando. Sra. Sintaxe muito metódica separava os vocábulos na linha de frente e dava a cada um uma função e exigia que todos usassem FRASES de motivação e fizessem uma ORAÇÃO antes da peleja. Coloca ordem em tudo.  Bradou de forma decidida: AVANÇAR aos soldados: sujeito, adjunto adverbial, objeto direto e indireto, complemento nominal, aposto, vocativo, predicado. Marchem. Enfim punha cada um no seu lugar, colocando ordem na bagunça. A Sra. Morfologia estava sempre preocupada com as questões de classe, era elitista sobre certos aspectos e não admitia nenhuma forma de ascensão. Cada um deveria permanecer no seu lugar. Mas ela mudava as vezes.  Dizia saber a forma correta de fazer as coisas. Era graduada em dificuldademia,  pós graduada em confundiologia e  tinha mestrado em duvismática.   Gritou mudando também seu tom de voz. Em fila: SUBSTANTIVOS, ARTIGOS, PRONOMES, VERBOS, ADJETIVOS, CONJUNÇÕES, INTERJEIÇÕES, PREPOSIÇÕES, ADVÉRBIOS E NUMERAIS. Eles responderam: sentido comandante.

Quase desmaiei quando vi aquele pessoal todo vindo em minha direção. E minha cabeça estava tonta com tudo aquilo. Levava tombos de todos eles. Derrubavam-me, me levantava e continuava a escrever, mas logo em seguida caía de novo nas valas e trincheiras da dúvida e da ignorância linguística. Errava, acertava, apagava, corrigia...

Por fim a batalha intensificou-se...

 Vi cair próximo a mim  uma bomba vinda de um substantivo muito chulo que não pretendo aqui repetir, me tonteou ao ler aquele nome próprio que era muito impróprio. 

 Logo em seguida fui atingido por granadas de  adjetivos agressivos que exaltavam meus piores defeitos.

 Um canhão marrom enorme soltava pelos ares  Locuções,  advérbios, interjeições. Nossa! Que dureza!

 Metralhadoras de herros ortográficos disparavam rajadas de letras trocadas e balas de dislexia. Não me importei muito com isso porque Herrar é umano, mas me lembrei que  perssisstir no herro é burrisse.

 Escrevi, deletei, escrevi, acionei back-space, mudei a frase. Tudo dava errado.  

Explicá-los-ei que me senti derrotado, ou vi-me derrotado por torpedos de  ênclises próclises e mesóclises que  me faziam tropeçar antes durante e depois do verbo

Kamikazes caíam. As bombas jogavam em Hiroshima e Nagasaki eram brincadeiras perto do arsenal atômico   de regras gramaticais e vocábulos atrevidos que profanavam meus dedos ao tocar os teclados e me lançavam num desolado campo de guerra com vestígios de destruição espalhados por todos os cantos. Agrediam-me, confundiam e quase me fizeram desistir.

A batalha era um texto que não conseguia interpretar.  

 Ao tentar correr pisei numa mina de cacofonias que provocaram sons horríveis ao explodir.

Estremeci da cabeça ao pé, Parecia que havia sido atingido por um pé de  cabra. Fiquei de pé, mas quase perdi o pé, e eu preciso desse pé que não é um pé de moleque, mas é doce na hora de dançar um arrasta-pé.  Na hora soprava um pé de vento.

O pleonasmo orientava alguns companheiros seus na luta. Parecia um bom estrategista e era bem lógico em seus conselhos. Dizia: precisamos prestar atenção e ver com os olhos o que está acontecendo vamos ver um panorama geral do campo de batalha, e se ele atacar de um lado nos subimos para cima e se atacar de outro descemos para baixo.   Se tiver oportunidade nos escondemos. Tem uma barraca de campanha ali adiante quando ele vier nos entramos pra dentro e quando ele for embora nós saímos pra fora. Temos que ter cuidado com as surpresas inesperadas, mas não podemos deixar de atacar, não devemos adiar para depois  principalmente quando não tivermos outra alternativa. Vamos avante pra frente turma.

Do canto direito da página, vi surgindo alguns ditongos abertos, alguns deles muito indignados com as mudanças ortográficos, se diziam injustiçados e roubados  em seus bens, já que não mais tinham seus acentos e estavam fulos da vida. Outros apenas por maldade me atacavam.  Após uma grande assembleia,  como faz a união europeia,     criaram mil pernas  como centopeias, surgiram de todos os cantos até da claraboia se arrastavam como  jiboia. De um modo heroico comandados pelo  chapéu que  nada perdeu, mas ainda assim era cruel,  queriam  me fazer de réu e me levar para o beleléu.  Clamei Deus do céu!

Correndo tropecei em alguns hifens que estavam perdidos no meio da linha. Na confusão se separaram de suas duas palavras amigas e agora estorvavam o caminho.  Chutei-os para a margem direita.

Parei sem saber o que fazer.

De tão perdido que estava perguntei: Será que acabou? A reticencia sempre misteriosa e indecifrável respondeu: Não...  Tem mais...

Desci página abaixo, mas quase caí quando o rodapé acabou e o tombo poderia ter sido fatal, então corri para cima seguindo pela margem esquerda naquela linha vermelha, uma via muito bela, parecia asfaltada  que liga os extremos do caderno  e que tem uma cor bem nítida. Cheguei ao cabeçalho, mas lá também fui atacado.  Uma trema ali esquecida chorava sua demissão e dizia desesperada. Num “agüento” esse sofrimento. Eu era tão tranquila,  o que fizeram foi um sequestro. Já não  sou mais um acento. Reforma me jogou no vento. Eu num "Güento". Corri quando vi dois pontos iguais vindo em minha direção.

Continuei correndo desesperado. Desci novamente.  Escorreguei relando  nas linhas uma a uma até o rodapé.   La fiquei pendurado na ultima linha. 

Será que sairia vivo NESSA luta acirrada? Ou Morrerei NESTA batalha? ESSE jeito de brigar fugindo é bom ou será que ESTE outro aqui enfrentando  me ajudaria mais? Pensei: MAIS eu sou  MAS forte.   Escorreguei como quem escorrega numa casca de banana,  nas conjunções adversativas.  

 O  Porquê  que era amigo intimo do senhor da bengala, me perguntou: Por que você não  desiste? Respondi: Desistir por quê? Não sei tudo mas estou aprendendo, e dia a dia ou talvez dia-a-dia me fortaleço na luta e me torno melhor porque eu acredito nisso.

Então decidi reagir e fui para cima de todos eles acompanhado de minha amiga caneta,  meu fiel   teclado, metralhadora barulhenta  e o mouse  que era meu parceiro estrangeiro na luta e se parecia com um rato.  E daí  foi porrada para todo lado. Eu caía, levantava, pulava, dava rasteiras, derrubava alguns, caía de novo... ora eu estava por cima, ora por baixo.  Enfrentei palavras, regras de acentuação, pontuação, adjetivos, substantivos, verbos, advérbios e um enorme exército.

Fui ficando tonto com tudo aquilo... Que loucura! Que peleja! Parece não acabar. Socorrooo!  Eu sozinho contra todos eles.

A batalhar parecia não ter fim. E acho que nunca terá...

Então chegou a soberana língua mãe e jogou um grande lácio prendendo-me a ela. Nesse momento desisti da batalha, aproveitei que fora laciado  por aquela linda senhora,  a abracei e dediquei-lhe  o meu amor. Afinal de contas é o meu instrumento de trabalho e me permite mil possibilidades. Essa senhora me fascina pelo  entrelaçar das letras, dos significados  e dos mundos maravilhosos que visito na companhia dela... Com esse abraço eu exalto a beleza da vida na poesia dos meus versos, eu entendo o mundo, filosofo, faço perguntas, busco respostas indago.... Me comunico. (Ou será comunico-me?) Enfim me realizo (ou realizo-me?) profundamente abraçado  a ela e sentindo o seu carinho.    Ela é  musa, alegre e triste terna e ríspida,  brava, mansa, tem a resposta para tudo  mas é mãe de todo aquele que se aventura por essa estrada maravilhosa das letras.

E ao final cansado, bem ferido e enlevado por aquele abraço consegui me levantar e percebi  que essa batalha é constante,  e que dela jamais poderei fugir. Então decidi abraçar esses inimigos e entendi que fazem parte do processo para me tornar um bom escritor. Preciso de todos eles e devo vê-los como amigos e conviver com todos de forma pacífica. Apesar de serem sujeitos complicados e cheio de regras são fundamentais para mim e tornam a minha  escrita mais bela.  Preciso lidar com eles, conhecer seus segredos e aos poucos ir dominando-os. E mais que isso, usá-los a meu favor o tempo todo. Então dessa forma mesmo com a continuidade da batalha me senti (ou...) vitorioso. 

O voo de um pássaro muito belo sobre a minha cabeça pareceu coroar minha vitória e me fez pensar: Que coisa curiosa! O voo desse pássaro ortograficamente reformado,  perdeu o chapéu (que quase perdeu algo também) mas não perdeu a asa. E voa enchendo os ares de beleza e encanto. Aves assim vêm de longe e veem de longe. Minha imaginação voou nesse momento:  Estava lá cima montado no dorso no pássaro. Podia  sentir-me flutuar nos ares, me deliciava com o ar fresco que entrava em meus pulmões, como também via abaixo  a via terrestre  e toda a magia da natureza se espalhando em cores, aromas e sabores. Nesse mundo das letras eu podia tudo, viajava por todos os mundos e era tudo o que quisesse.  Sinto a vida jorrando em meu ser e uma vontade imensa de gritar: que os versos voem que as palavras encantem,  que a flor da poesia perfume o ar, que os livros se multipliquem, que todos leiam. Que a arte a cultura a literatura sejam como esse esplendido voo, abrindo as portas da liberdade em cada ser. E considerei esta uma bela  descrição de um maravilhoso voo de um pássaro planando nos céus de um  arquivo Word.  

 A ave  segurava no bico um pequeno pedaço de papel e então pude perceber que a crônica sobre a batalha das letras, essa eterna luta, estava chegando ao fim. No papel estava escrito EPÍLOGO.

E nunca mais me esqueci daquela ave.  Seu planar pelos céus das letras sempre me incentiva a prosseguir.  E por onde vou vejo o voo. E em frente vou e voo.

Senti-me realizado, mas sabia que essa crônica tinha erros e contradições. E pensei: Que bom! Estou caminhando, me moldando, evoluindo,  isso que importa. A luta é eterna...

E pelos prados verdes e bonitos dessa nossa terra maravilhosa, esse abençoado chão brasileiro, suas cidades grandes e pequenas, seus povoados e recantos, em suas matas e jardins, em todo canto, posso sentir o perfume daquela majestosa flor, de estonteante beleza e inebriante perfume. A caçula de muitas outras flores que viajaram continentes e têm suas sementes espalhadas por aí.  Ela é esplêndida.  

 E voo na magia da palavra, sentindo o perfume da flor, divina flor,  preso sempre aos intrigantes e ao mesmo tempo maravilhosos laços do lácio.

 

Declaro terminado esse  texto cheio de erros  e para constar digito FIM.

Pitangui MG Brasil  31 de Julho  de 2020

 

  Ponto Final .

                  Assinatura 


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