A letra A maiúscula começa...
A batalha é árdua. É mesmo uma grande
luta. Eu não imaginava que fosse tanto. E nem que fosse levar tantos tombos. Mas
continuo em frente...
Quando comecei, tudo eram flores e
sonhos. O sonho de escrever, de correr solto pelos campos floridos das letras e
dos versos. Trilhar a bela e plana estrada das páginas, com a elegante tonalidade sépia,
misturar-me à poeira das aventuras e deliciar-me
com o aroma gostoso de papel novo e até
mesmo com o mofo dos guardados. Estrada essa margeada pelas flores a mim
oferecidas por mil personagens, todos com mil tentáculos, parecendo aranhas
penduradas nas teias das tramas e presos às armadilhas dos enredos. Queria mergulhar profundamente no lago dos
signos e me deleitar no rio das metáforas e das frases poéticas. Queria abraçar
fortemente o mundo das letras e da escrita e perceber extasiado todo o seu
encanto e todas as suas possibilidades. E até ousava acreditar que as mãos fortes do
sucesso viessem acariciar-me de forma terna e serena. Caminhos de flores e
sonhos?
Mas já no inicio da caminhada percebi que a coisa não seria tão fácil.
E estava correndo assim feliz pelas
páginas quando tudo aconteceu. Ouvi um tropel e agucei meus ouvidos para
entender melhor a situação. E aos poucos o fraco ruído foi se intensificando e
me deparei com uma tropa à minha frente. Um exército de grande contingente e
todos os soldados me olhavam com raiva
parecendo querer me devorar.
Empunhei minha caneta, meu mouse e
meu teclado e fiz desses objetos minhas armas para a feroz batalha que se
aproximava.
Estava com medo e sabia que seria uma grande peleja, mas defenderia com todas as minhas forças o meu direito de
escrever.
O exercito que ali se apresentava era
formado pelos fiéis escudeiros da língua
portuguesa. Aqueles soldados combatiam ferozmente todos os que se aventurassem
a explorá-la e a extrair seus tesouros.
Se eu quisesse vencer e me tornar um
escritor, teria que enfrentar aqueles inimigos.
Todos a postos e então a batalha
começou:
Um vocábulo de cara carrancuda e
muito autoritário que trazia uma plaquinha no bolso do uniforme escrito ORDEM e
parecia chefiar o pelotão, convocou à luta seus fieis seguidores da linha de frente, os destemidos combatentes:
COMPLICAR, BAGUNÇAR E CONFUNDIR, que
pareciam com muita vontade de brigar e gana de me acertar. E para completar, sem esquecer de rimar, chamou também a agressiva soldada ATACAR.
Então vieram todos para cima de mim.
Lutávamos ferrenhamente no ringue da página e das letras. Eu era atacado de todas as formas. Tudo ficava confuso enquanto via meu texto todo bagunçado.
Vieram outros e me confundiram ainda mais. Vieram “tudo
junto”, não vieram separados, lembrando que separado é tudo junto e tudo junto é
separado.
A SEXTA que gostava muito de feira
trazia uma CESTA de compras pendurada em sua ultima sílaba. Parecia cansada das
labutas da semana e não via a hora de chegar o sábado para tirar aquela SESTA. Mas
não podia, pois fora convocada para a
luta.
Proparoxítonos pomposas, todas acentuadas conforme manda a lei se gabavam de sua sonoridade. Diziam ter
recebido um presente todo especial da amiga fonética, uma sonoridade elegante.
A onomatopeia au au latia nervosa reclamando das colegas tic tac, ronc ronc nhec nhec, blem blem e seus
ruídos irritantes. Isso fez o clima
ficar ainda mais tenso.
A prosopopeia queria fazer tudo criar
vida e convocava seres inanimados para a batalha, despertando neles os mais
diversos sentimentos. Fez o sol brilhar corajoso, me queimando a pele, as flores marcharem me jogando espinhos e a chuva me derramar granizo de propósito.
A hipérbole quase explodia de inchada
se achando a melhor soldada de todas. Era muito grande. Ela se
considerava a melhor e exaltava sempre suas qualidades. Repetiu mil vezes que todas as palavras deveriam se voltar contra
mim. Morreu de rir com a minha cara de assustado, me fez congelar de frio e chorar um mar de
lágrimas. Exageradaaaaa!
Num certo momento parei e fiquei
observando e pensando: como eram curiosos aqueles soldados!
Alguns vocábulos combatentes me
confundiam: Tinha a maçã e a maçaneta quem se pareciam um pouco, mas ao mesmo
tempo eram bem diferentes e na verdade nem parentes eram. O comprimento não
tinha o hábito de cumprimentar ninguém. O cavaleiro que lutava num belo cavalo
branco , não era Cortez nem um pouco cavalheiro. O Cem veio sem arma alguma. O conserto, que saíra de um concerto de rock , se dizia fã dos beatles e Hollings Stones e viera
direto para a batalha, fazia
reparos em sua metralhadora que produzia um sonoro ratatatá. E minha cabeça ficou tonta quando vi chegando a
sessão, a cessão, o caçar e o cassar, a sela que não estava presa em nenhuma cela, o cinto e o sinto. Jesus Curuz!
Neologismo, um soldado jovem e
animado chegou com tudo na luta e ficou reclamando do seu avô arcaísmo que
quase aposentado, fora convocado também. O velho estava caindo aos pedaços, mas
mesmo assim marcava presença de vez em quando.
Havia soldados idosos como o vovô e a
vovó, que eram muitos parecidos, quase gêmeos, não fosse o fato de um usar um elmo no formato
de um triangulo e a outra ter um topete saliente, talvez sustentado em riste por
alguma espécie de gel.
Soldados pequenos e curtos e outros
longos. Olhei para um pequeno que me parecia amistoso e ele me disse: OI! Bem no centro do campo de batalha com ar de
imponente estava o pomposo e longilíneo Sr.
ANTICONSTITUCIONALISSIMAMENTE. Esse quase me faz perdeu o arquivo inteiro num
acesso de raiva e no desejo de apagá-lo. Pensei até em chamar o meu amigo estrangeiro o simpático Sr. DELETAR para dar um jeito no empolado.
Tropecei no PARALELEPÍPEDO, OSCULEI o chão, vi-me em situação DELETÉRIA
aos pés de vocábulos FILAUCIOSOS, que GRAÇOLAVAM para mim. Levantei-me
MODORRENTAMENTE. Estava tonto tentando NITIFICAR a situação. Pensando que a luta ainda
atingiria a QUINTESSÊNCIA.
Pensei e
cheguei à conclusão de que não estava entendendo PATAVINAS da situação.
Alguns soldados eram muito ativos na batalha, outros nem tanto. O
hzinho de um pobre dígrafo em nada se manifestava. Era muito calado aquele menino.
Não fazia diferença estar ou não estar ali. Nem esticava a perninha para alguém tropeçar.
Tudo o que sabia era fazer nhem. Apenas engordava o contingente sem nenhuma
serventia.
O i de um hiato estava separado da
sua companheira, dizia que o relacionamento não estava dando certo e então decidiram que seria melhor cada um
ficar na sua sílaba e lutarem separadamente.
O a preposição de uma crase por outro
lado não se separava jamais de seu amado artigo. Estavam sempre juntos, até pareciam um só.
Olha só que coisa linda, duas vidas em uma. Mas eram lutadores ferrenhos e
causavam muito estrago me obrigando a perguntar o tempo todo: vou de... Venha
da... se vou... se venho... e me
bombeavam com as granadas sanguinárias da dúvida. Uma dupla cruel e que me
fazia desafinar na sinfonia das letras.
Existia ali uma senhora curva que parecia estar sofrendo de
algum problema na coluna. Não podia ficar de pé e se arrastava na parte de baixo
das letras. E também parecia ter falta de ar porque tudo o que queria era
respirar. Fazia parar o texto o tempo todo, cansada, exausta, preguiçosa,
ofegante, indecisa,,, Ziguezagueava para
lá e para cá no meio da página, estava em todo canto.
Um senhor alto, bem
magro e que tinha um único pé achatado
parecia sempre admirado com tudo o que via. Estava sempre suspirando ao final de cada
frase. Ah mundo cruel!!!
Outro senhor que também gostava de fim de frase era muito
curvo, seu corpo parecia uma bengala ou
o cabo de um guarda-chuvas e também tinha um pé achatado. Esse era muito curioso e fazia mil perguntas: Quando acabaria a batalha? O que ia acontecer
em seguida? ?bla? bla? Bla? Ele não parava de perguntar?
Cansada de assinar
muitos decretos referentes à batalha a elegante senhora denominada rubrica não achava um lugar para descansar,
não encontrava assento, porque não tinha acento.
Outro vocábulo que também
encontrava-se num exaltado estado de nervos era o senhor aço, que dizia: -Se continuar nesse sol quente eu asso!
Sra. Etimologia elegantérrima, de traje sóbrio e distinto
parecia muito ligadas as coisas tradicionais, tinha modos fidalgos e aristocráticos e tentava explicar que tudo tem uma origem e que
era preciso entender o começo das coisas.
Era radical em alguns pontos e dizia ir à raiz das palavras. Cheia de
estratégias bélicas e regras. Porem é
radical apenas em alguns pontos. Inflamada com suas explicações esclarecedoras
incitava todos gritando: Vamos à
batt(u)alia.
As simpáticas senhoras Sintaxe e morfologia chegaram para uma avaliação da
situação. Eram altas, esguias, usavam grandes óculos de aro redondo e ficavam observando tudo e
classificando cada situação. Foram logo
se movimentando. Sra. Sintaxe muito metódica separava os vocábulos na linha de
frente e dava a cada um uma função e exigia que todos usassem FRASES de
motivação e fizessem uma ORAÇÃO antes da peleja. Coloca ordem em tudo. Bradou de forma decidida: AVANÇAR aos soldados:
sujeito, adjunto adverbial, objeto direto e indireto, complemento nominal,
aposto, vocativo, predicado. Marchem. Enfim punha cada um no seu lugar,
colocando ordem na bagunça. A Sra. Morfologia estava sempre preocupada com as
questões de classe, era elitista sobre certos aspectos e não admitia nenhuma
forma de ascensão. Cada um deveria permanecer no seu lugar. Mas ela mudava as
vezes. Dizia saber a forma correta de
fazer as coisas. Era graduada em dificuldademia, pós graduada em confundiologia e tinha mestrado em duvismática. Gritou mudando também seu tom de voz. Em
fila: SUBSTANTIVOS, ARTIGOS, PRONOMES, VERBOS, ADJETIVOS, CONJUNÇÕES,
INTERJEIÇÕES, PREPOSIÇÕES, ADVÉRBIOS E NUMERAIS. Eles responderam: sentido
comandante.
Quase desmaiei quando vi aquele pessoal
todo vindo em minha direção. E minha cabeça estava tonta com tudo aquilo.
Levava tombos de todos eles. Derrubavam-me, me levantava e continuava a
escrever, mas logo em seguida caía de novo nas valas e trincheiras da dúvida e
da ignorância linguística. Errava, acertava, apagava, corrigia...
Por fim a batalha intensificou-se...
Vi cair próximo a mim uma bomba vinda de um substantivo muito chulo
que não pretendo aqui repetir, me tonteou ao ler aquele nome próprio que era
muito impróprio.
Logo em seguida fui atingido por granadas de adjetivos agressivos que exaltavam meus piores
defeitos.
Um canhão marrom enorme soltava pelos
ares Locuções, advérbios, interjeições. Nossa! Que dureza!
Metralhadoras de herros ortográficos
disparavam rajadas de letras trocadas e balas de dislexia. Não me importei
muito com isso porque Herrar é umano, mas me lembrei que perssisstir no herro é burrisse.
Escrevi, deletei, escrevi, acionei back-space,
mudei a frase. Tudo dava errado.
Explicá-los-ei que me senti
derrotado, ou vi-me derrotado por torpedos de
ênclises próclises e mesóclises que me faziam tropeçar antes durante e depois do
verbo
Kamikazes caíam. As bombas jogavam em
Hiroshima e Nagasaki eram brincadeiras perto do arsenal atômico de
regras gramaticais e vocábulos atrevidos que profanavam meus dedos ao tocar os
teclados e me lançavam num desolado campo de guerra com vestígios de destruição
espalhados por todos os cantos. Agrediam-me, confundiam e quase me fizeram
desistir.
A batalha era um texto que não
conseguia interpretar.
Ao tentar correr pisei numa mina de cacofonias
que provocaram sons horríveis ao explodir.
Estremeci da cabeça ao pé, Parecia que havia sido atingido por um pé de cabra. Fiquei de pé, mas quase perdi o pé, e
eu preciso desse pé que não é um pé de moleque, mas é doce na hora de dançar um
arrasta-pé. Na hora soprava um pé de
vento.
O pleonasmo orientava alguns
companheiros seus na luta. Parecia um bom estrategista e era bem lógico em seus
conselhos. Dizia: precisamos prestar atenção e ver com os olhos o que está
acontecendo vamos ver um panorama geral do campo de batalha, e se ele atacar de
um lado nos subimos para cima e se atacar de outro descemos para baixo. Se
tiver oportunidade nos escondemos. Tem uma barraca de campanha ali adiante
quando ele vier nos entramos pra dentro e quando ele for embora nós saímos pra
fora. Temos que ter cuidado com as surpresas inesperadas, mas não podemos
deixar de atacar, não devemos adiar para depois
principalmente quando não tivermos outra alternativa. Vamos avante pra
frente turma.
Do canto direito da página, vi
surgindo alguns ditongos abertos, alguns deles muito indignados com as mudanças
ortográficos, se diziam injustiçados e roubados em seus bens, já que não mais tinham seus acentos
e estavam fulos da vida. Outros apenas por maldade me atacavam. Após uma grande assembleia, como faz a união europeia, criaram mil pernas como centopeias, surgiram de todos os cantos
até da claraboia se arrastavam como jiboia.
De um modo heroico comandados pelo chapéu
que nada perdeu, mas ainda assim era
cruel, queriam me fazer de réu e me levar para o beleléu. Clamei Deus do céu!
Correndo tropecei em alguns hifens
que estavam perdidos no meio da linha. Na confusão se separaram de suas duas
palavras amigas e agora estorvavam o caminho. Chutei-os para a margem direita.
Parei sem saber o que fazer.
De tão perdido que estava perguntei:
Será que acabou? A reticencia sempre misteriosa e indecifrável respondeu: Não... Tem mais...
Desci página abaixo, mas quase caí quando
o rodapé acabou e o tombo poderia ter sido fatal, então corri para cima
seguindo pela margem esquerda naquela linha vermelha, uma via muito bela, parecia
asfaltada que liga os extremos do
caderno e que tem uma cor bem nítida.
Cheguei ao cabeçalho, mas lá também fui atacado. Uma trema ali esquecida chorava sua demissão
e dizia desesperada. Num “agüento” esse sofrimento. Eu era tão tranquila, o que fizeram foi um sequestro. Já não sou mais um acento. Reforma me jogou no vento.
Eu num "Güento". Corri quando vi dois pontos iguais vindo em minha direção.
Continuei correndo desesperado. Desci
novamente. Escorreguei relando nas
linhas uma a uma até o rodapé. La fiquei pendurado na ultima linha.
Será que sairia vivo NESSA luta acirrada?
Ou Morrerei NESTA batalha? ESSE jeito de brigar fugindo é bom ou será que ESTE
outro aqui enfrentando me ajudaria mais?
Pensei: MAIS eu sou MAS forte. Escorreguei como quem escorrega numa casca de
banana, nas conjunções adversativas.
O Porquê que era amigo intimo do senhor da bengala, me
perguntou: Por que você não desiste?
Respondi: Desistir por quê? Não sei tudo mas estou aprendendo, e dia a dia ou
talvez dia-a-dia me fortaleço na luta e me torno melhor porque eu acredito
nisso.
Então decidi reagir e fui para cima
de todos eles acompanhado de minha amiga caneta, meu fiel
teclado, metralhadora barulhenta e o mouse que era meu parceiro estrangeiro na luta e se
parecia com um rato. E daí foi porrada para todo lado. Eu caía,
levantava, pulava, dava rasteiras, derrubava alguns, caía de novo... ora eu
estava por cima, ora por baixo. Enfrentei
palavras, regras de acentuação, pontuação, adjetivos, substantivos, verbos, advérbios
e um enorme exército.
Fui ficando tonto com tudo aquilo... Que
loucura! Que peleja! Parece não acabar. Socorrooo! Eu sozinho contra todos eles.
A batalhar parecia não ter fim. E
acho que nunca terá...
Então chegou a soberana língua mãe e
jogou um grande lácio prendendo-me a ela. Nesse momento desisti da batalha, aproveitei
que fora laciado por aquela linda
senhora, a abracei e dediquei-lhe o meu amor. Afinal de contas é o meu
instrumento de trabalho e me permite mil possibilidades. Essa senhora me
fascina pelo entrelaçar das letras, dos
significados e dos mundos maravilhosos
que visito na companhia dela... Com esse abraço eu exalto a beleza da vida na
poesia dos meus versos, eu entendo o mundo, filosofo, faço perguntas, busco
respostas indago.... Me comunico. (Ou será comunico-me?) Enfim me realizo (ou realizo-me?)
profundamente abraçado a ela e sentindo
o seu carinho. Ela é musa,
alegre e triste terna e ríspida, brava,
mansa, tem a resposta para tudo mas é mãe
de todo aquele que se aventura por essa estrada maravilhosa das letras.
E ao final cansado, bem ferido e
enlevado por aquele abraço consegui me levantar e percebi que essa batalha é constante, e que dela jamais poderei fugir. Então decidi
abraçar esses inimigos e entendi que fazem parte do processo para me tornar um
bom escritor. Preciso de todos eles e devo vê-los como amigos e conviver com
todos de forma pacífica. Apesar de serem sujeitos complicados e cheio de regras
são fundamentais para mim e tornam a minha escrita mais bela. Preciso lidar com eles, conhecer seus segredos
e aos poucos ir dominando-os. E mais que isso, usá-los a meu favor o tempo
todo. Então dessa forma mesmo com a continuidade da batalha me senti (ou...) vitorioso.
O voo de um pássaro muito belo sobre
a minha cabeça pareceu coroar minha vitória e me fez pensar: Que coisa curiosa!
O voo desse pássaro ortograficamente reformado, perdeu o chapéu (que quase perdeu algo também)
mas não perdeu a asa. E voa enchendo os ares de beleza e encanto. Aves assim
vêm de longe e veem de longe. Minha imaginação voou nesse momento: Estava lá cima montado no dorso no pássaro. Podia
sentir-me flutuar nos ares, me deliciava
com o ar fresco que entrava em meus pulmões, como também via abaixo a via terrestre e toda a magia da natureza se espalhando em
cores, aromas e sabores. Nesse mundo das letras eu podia tudo, viajava por
todos os mundos e era tudo o que quisesse. Sinto a vida jorrando em meu ser e uma vontade
imensa de gritar: que os versos voem que as palavras encantem, que a flor da poesia perfume o ar, que os
livros se multipliquem, que todos leiam. Que a arte a cultura a literatura
sejam como esse esplendido voo, abrindo as portas da liberdade em cada ser. E
considerei esta uma bela descrição de um
maravilhoso voo de um pássaro planando nos céus de um arquivo Word.
A ave segurava no bico um pequeno pedaço de papel e
então pude perceber que a crônica sobre a batalha das letras, essa eterna luta,
estava chegando ao fim. No papel estava escrito EPÍLOGO.
E nunca mais me esqueci daquela
ave. Seu planar pelos céus das letras
sempre me incentiva a prosseguir. E por
onde vou vejo o voo. E em frente vou e voo.
Senti-me realizado, mas sabia que
essa crônica tinha erros e contradições. E pensei: Que bom! Estou caminhando,
me moldando, evoluindo, isso que
importa. A luta é eterna...
E pelos prados verdes e bonitos dessa
nossa terra maravilhosa, esse abençoado chão brasileiro, suas cidades grandes e
pequenas, seus povoados e recantos, em suas matas e jardins, em todo canto,
posso sentir o perfume daquela majestosa flor, de estonteante beleza e
inebriante perfume. A caçula de muitas outras flores que viajaram continentes e
têm suas sementes espalhadas por aí. Ela
é esplêndida.
E voo na magia da palavra, sentindo o perfume
da flor, divina flor, preso sempre aos
intrigantes e ao mesmo tempo maravilhosos laços do lácio.
Declaro terminado esse texto cheio de erros e para
constar digito FIM.
Pitangui MG Brasil 31 de Julho de 2020
Ponto Final .
Assinatura
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