Enquanto lavava a rua a mulher olhava o movimento e se divertia com tudo o que acontecia ao seu redor.
Parava sua
atividade para conversar com um ou outro exercitando seu esporte
preferido a maledicência. Ah como gostava de lançar a língua ferina, que
zunia como uma chibata agressiva sobre a vida de cada um. Sabia tudo, tinha
conhecimento dos menores detalhes do que acontecia na rua. Sabia que a dondoca
da casa da esquina estava saindo com um homem casado. Que o rapaz filho da dona
zinha tinha finalmente saído do armário. Que Sô Jão la do final da rua estava namorando uma moça novinha. Imagina só o homem tem 76 anos!
Falava do
tempo do frio do calor, da chuva, da politica do preço do feijão e dos absurdos das
cenas da novela de ontem. Enquanto lavava o passeio passava o rodo em tudo.
Num dado momento parou e ficou
indignada quando viu que escorria uma água próxima ao seu portão, água essa que
se juntava a outra que usava para lavar seu passeio. Num acesso de raiva olhou
agressivamente para a mulher da casa de
cima, que cometia aquela atrocidade de ficar lavando o passeio. Absurdo! Gritou indignada para a vizinha. –Fica aí
fofocando falando da vida dos outros,
gastando água e molhando a porta da gente. Xingou e escondeu-se. Entrou na casa bravejando:
Fofoqueira sem vergonha.
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