sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

 PAREDE FRIA 

Os corredores eram longos e frios e a solidão parecia rondar por cada canto, apesar do movimento até intenso. Talvez porque não fosse um movimento alegre, mas sim o movimento de fuga. A fuga do mal da dor, ou das dores...

Em todos os olhares por ali, via-se apenas a procura de uma paz.

Ao final do corredor o quarto mais triste de todos. 

O homem solitário e sem familia, não tinha ninguem para lhe dar carinho e cuidados. 

Sabia que faltava pouco para o fim do sofrimento. E a esse fim ninguem poderia evitar. 

Lamentava apenas  ter chegado àquele ponto  e constatar que muito pouco valera seus esforços, seu amor e sua  dedicação. 

Fracassou em construir algo que agora o sustentasse e nada mais poderia fazer. Fracassou nos negócios, fracassou na família, fracassou na construção de uma imagem boa de si e de valores que o elevassem e o fizessem se sentir em paz consigo. 

Agora ali estava no mais terrível abandono.

Foi vencido pelo tempo, pelo despreso e pela desesperança. 

Consolava-se um pouco ao  virar-se para o canto da parede fria  do quarto daquele triste hospital e chorar.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

MEU NOME

 Meu nome é um pouco estranho, eu não diria de todo exótico, mas não tão comum que possa passar despercebido. E sua relativa raridade bem como seu poder semântico e fonético me causaram desconfortos e  aborrecimentos ao longo da vida. Por causa dele coleciono mofas, chacotas e gozações. Um rosário de penas que conto uma a uma ao longo de minha existência. Vou narrar aqui tudo o que me aconteceu e o que eu passei por causa do famigerado nome  com o qual meus pais ousaram me presentear. 

Desde pequeno o achava estranho e comprido demais, mas não tinha ainda a malícia para perceber o que significava. Apenas na aurora  do entendimento, quando tinha por  volta dos dez anos que  percebi aceso o lume da clarividência e pus sobre as costas o fardo que carregaria pela existência à fora . Desde então passei  a ter vergonha do meu nome e achá-lo um tanto quanto  agressivo.

Obviamente que tudo depende do ponto de vista  e da maneira de se ler. A nossa mãe majestosa e soberana língua portuguesa nos põe à mesa pratos diversificados e iguarias que muitas vezes temos dificuldades para digerir.

E como evitar que isso seja usado para interesses escusos?  Como me era possível  evitar que os colegas maldosos da escola, aqueles que ficam de plantão para criticar todo mundo deixassem passar batida  uma  chance dessas?

 Sei que estou enrolando um pouco, usando alguns artifícios literários de protelação, com a intenção clara de fazer suspense e despertar no leitor intrigante curiosidade.  Mas em breve revelarei  o inusitado  nome e o que sucedeu-se por causa dele. Posso garantir  que em razão desse infortúnio muito já sofri, já passei cabisbaixo por entre os corredores do colégio,  já me escondi debaixo da carteira na hora da chamada,  já briguei, e me meti em muitas confusões.

A maior dificuldade foram as críticas ácidas que surgiram principalmente quando estava cursando o ensino médio. Tinha um colega  que criticava-me o tempo todo,  fazendo-me passar por situações muito vexatórias. O mancebo  não perdia oportunidade para bradar meu nome  completo,  com aquele tom de critica na voz, fazendo a risada coletiva ecoar por entre salas e corredores do colégio. O riso e a chacota estavam de mãos dadas e faziam ciranda em volta de mim. O meu algoz, meu carrasco e  maior inimigo de toda a vida se chamava Joel

Senti um reconfortante alívio quando me formei e fiquei livre de todo aquele aranzel. Depois disso vez ou outra vi um risinho daqui, outro dali quando pronunciava meu nome completo, mas isso não tinha muita importância. É na fase da adolescência que essas coisas machucam mais. Eu estava tranquilo e até já aceitava meu nome como o fardo pesado que a mim fora designado carregar  pela vida afora. .

Chega de engambelação. Chegamos ao momento crucial da revelação. Meu nome é Jacinto Leite Aquino Rego. Um  nome um pouco raro e dependendo do modo como é lido forma uma frase um tanto quanto tendenciosa.

Numa bela tarde estava chegando ao escritório de um advogado para tratar questões referentes ao meu divorcio e foi  nesse momento que as coisas se complicaram novamente. Existia um açougue ao lado do escritório e nesse açougue trabalhava meu antigo colega de escola o indesejável Joel. O algoz, o meu perseguidor, a pessoa que gerava em mim um ódio mortal. Quando me viu, lembrou-se logo dos velhos tempos e começou a proferir seu discurso infame:

-Olha se não é o Aquino? O meu amigo de escola. Jacinto leite Aquino rego. E aí cara continua sentindo? E como é a sensação? Tão velho e não perdeu a mania. Acho que vai  escorrer até a morte.

Não disse nada e entrei para o escritório do advogado.

No dia seguinte passando novamente por lá, fui outra vez  chacoteado por aquele pulha insuportável.

No terceiro dia também

No quarto dia, tomei uma decisão. Precisava acabar definitivamente  com aquilo. Vesti a armadura  da coragem. Muni-me  de ousadia e fui para o embate final, na resolução daquela terrível pendenga. Peguei uma pequena pastinha que carrego sempre comigo e dentro dela  havia um objetivo que poderia resolver de vez a questão.  Estava decidido. Não poderia aguentar  mais aquilo. Sabia  que seria uma atitude drástica, que teria consequências para o resto da vida. Teria que conviver com aquilo todos os dias, mas não importava. Minha intenção ao apelar para aquela atitude tão contundente era acabar de vez com a chacota, com as mofas e o desprezo. Queria eliminar a fonte do mal, e suportaria as consequências. Respirei fundo e  fui.

Aproximei-me do local, um pouco indeciso, olhei  para o objeto dentro da pasta,  hesitei por alguns segundos. Refleti profundamente se deveria fazer aquilo. Depois de algum tempo me decidi. Atravessei a rua devagar, parecia estar pisando em um campo minado, suava frio, meu coração desesperado parecia querer saltar para fora do peito, estava prestes a fazer algo que mudaria toda a vida. Não teria volta. Poderia ficar preso para sempre nas grades de minha consciência. A ideia da mudança me oprimia, mas precisava ir em frente. Agora era tudo  ou nada. Sabia que daqui a poucos segundos estaria definitivamente livre de tudo. O fim daquela odisseia de toda uma vida estava próximo. Até o tempo nublado com nuvens escuras no céu parecia combinar com a tensão daquele momento. Tudo em mim era indecisão e vontade de agir e de parar, mas prossegui. Cheguei à porta do açougue. Parei, , olhei para aquele sacripanta, assumi uma expressão de ódio no olhar, abri a pasta, olhei mais uma vez para o objeto lá dentro, aquele que resolveria de vez o meu problema, toquei nele resoluto  e dirigi-me ao escritório do advogado. La chegando tirei da pastinha o objeto salvador, minha certidão de nascimento e disse: - Dr. eu quero fazer uma alteração no meu nome. Não aguento mais as gozações.

O advogado perguntou-me então qual seria o novo nome e fiquei em dúvida. Poderia escolher um bem diferente, mas isso seria complicado, pois as pessoas já estavam acostumadas com meu nome, e mudanças drásticas causariam confusões em fichas e cadastros que tenho espalhado por vários lugares, ou quem sabe até alguma espécie de crise de identidade. Não é fácil se transformar em outra pessoa.  . Talvez uma mudança pequena que não fizesse muita diferença, mas eliminasse o mal.

Depois de muito pensar decidi que o novo nome seria Jacinto Leite de Aquino Rego. Assim, a  frase maliciosa estaria eliminada de vez e eu finalmente liberto do mal de toda uma vida.

Senti-me livre quando saí dali. Poderia voar, deixar-me levar pelos ares, envolto na emoção e no entusiasmo que sentia.

Passei em frente ao frigorifico, novamente olhei para o imbecil e dessa vez com uma expressão mais suave no rosto pensei. acabou seu bandido, acabou para sempre.

Depois de algum tempo foi-me concedido o direito à alteração  e pude então mudar o meu jamegão em todos os documentos.

Andava livremente pelas ruas, fiz até alguns cadastros de compra sentindo a alegria de usar a nova firma e de saber que não mais veria aqueles risinhos sarcásticos nem teria vergonha ao pronunciar meu nome completo. Sentia-me  leve e vitorioso.

Faltava-me fazer apenas uma coisa. De posse da carteira de identidade, fui até o açougue olhei bem nos olhos daquele idiota e disse:

-Olha aqui seu imbecil, acabou a brincadeira, meu nome agora é diferente - Adeus frase tendenciosa.

-O energúmeno pegou o documento, olhou demoradamente, leu em voz alta. Jacinto Leite de Aquino Rego, deu um sorriso zombeteiro e disse:

-Está certo, mas me responda apenas uma coisa: Quem é esse tal de Aqui?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

DUAS MEDIDAS

 Ele traz a manhã multicor

depositária  de mil poesias

O verde,  a flor, o  beijá-flor 

e o quanto couber de magia 

 

Numa   nau desgovernada 

Nos antolha o terror da procela

a esperança faz-se nada 

no ruflar agitado das velas

 

Enigmático Senhor de  duas vidas

polos, extremos,  duas medidas

vai transitando  do ódio ao amor

 

Gentilmente convida ao aconchego

bruscamente  abre o leque dos medos

 É enigmático  esse tal de humor.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

CÉLULA OVO

 O sol chegava

penetrava nos resquicios da noite

sugando o sereno frio que se acumulara

e pingara cruelmente  durante a escuridão

o frio ia aos poucos sendo eliminado 

e uma tênue onda de calor

trazia aconchego e brilho

o luzir da esperança ressurgia

com o lume  daquela manhã

apagando a escurdião da noite

e lançando cores  sobre tantos terrores

terrores que agora pareciam ridículos

A manhã era vida no ser

era a radiante verdade

do renascimento

do fazer outra vez

uma grande célula ovo

A manhã era vida

e tudo em volta

em seus  entornos e contornos

era novo  de novo 

POR ENQUANTO

Caminhando por ruas desertas sentia-se bem. Gostava da solidão e do contato direto com a natureza. Estava andando há quase quarenta minutos por avenidas de um bairro ainda não urbanizado da cidade. Tinha à mão seu leitor kindle e entre uma página e outra parava para sentir o verde das pastagens, o canto bonito dos passarinhos e as paisagens que ainda podia ver. Por ali exista um pouco de  asfalto, alguns postes de eletricidade, o   azul do céu e verde das matas.

Ainda exista ali um  pouco de natureza. O pouco que sobrou e  que ainda respirava depois da agressão das máquinas, que um dia, com notável crueldade invadiram o local, profanando a sacralidade do lugar, e foram abrindo  picadas,  espantando animais, recolhendo  o verde e salpicando  o piche sobre a terra vermelha do chão.

Os pássaros ainda insistiam em voar e cantar por ali. Talvez por pouco tempo, pois uma selva de concreto preparava-se para erguer-se imponente  surrupiando deles o seu ambiente, seus ninhos, a beleza dos cantos  e os movimentos.  

Animais que ali viviam  já migraram para outras paragens, do mesmo modo que migraram para ali, quando outro local foi destruído. E assim vão eles para lá e para cá tentando sobreviver enquanto o progresso vai  lhes sugando a vida e reduzindo o espaço até nada mais sobrar.

Mas não tem outro jeito pensou o leitor. É o progresso, é a evolução, não podemos fugir disso, talvez quem saiba um dia aprendamos a evoluir sem destruir tanto, a usufruir do melhor dos dois lados, da natureza  e do progresso. Quem sabe um dia! Por enquanto não.

O que resta é aproveitar um pouco dessa solidão e sossego e ler tranquilamente enquanto ainda se pode.

Por enquanto aqui estamos. Incrível como tudo na vida  é apenas um  por enquanto.  

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

O FANTASMA NA ESTRADA (DEIXA EU COMPLETAR )

 “Deixa eu completar”. Essa era a frase que meu pai  usava quando o interrompíamos no momento em que contava mais uma de suas historias. 

Sempre narrava em detalhes acontecimentos de sua vida e de sua infância, e nossa pouca paciência de meninos não nos permitia ouvir e saborear seus “causos”. Quando o interrompíamos, ele usava a famosa frase e continuava a contar. Na maioria das vezes essas histórias terminavam molhadas de pequenos  filetes de emoções que serpenteavam por seu rosto como rios calmos. Sabe-se lá quantas mágoas navegavam  naquelas águas!

Muita saudade do velho e das suas historias. Se ele voltasse para contá-las novamente prometo que não ia  jamais interromper.

Vou lembrar uma delas, e meu pai será o próprio narrador, tentando refazer seu discurso como se ele aqui estivesse contando Tentando reconstruir sua  forma de narrativa em sua linguagem simples e coloquial.  E só peço uma coisa:  “DEIXA EU COMPLETAR”

 

Fantasma na estrada

Lembro-me nitidamente da noite em que ele contava essa sua peripécia. Todos reunidos na sala após o jantar, e o velho relembrava seus bons tempos de garoto numa historia curiosa do que aconteceu  numa noite escura numa estrada, quando passou por um grande susto e teve que provar sua coragem. O caso teve um final  surpreendente.  Foi mais ou menos assim:

 

-Eu me lembro de que quando eu era menino e morava lá no Brumado a gente passava ás vezes muitos dias sem vir à cidade. Só vinha mesmo no caso de precisão... uma doença... ou coisa assim. O que precisava comprar a gente comprava por lá mesmo, não tinha muita coisa, mas tinha aquilo que a gente precisava.

-Mas teve um dia que eu precisei vir à cidade para comprar um remédio... eu não lembro bem se  foi para  a mãe ou para um dos meus irmãos. Saí de lá por volta de quatro horas da tarde, não tinha condução e  eu vim à pé. Naquela época não tinha nem asfalto era uma estradinha de terra, muito empoeirada, quase que nem passava carro.

Eu queria comprar e voltar depressa pra não precisar andar de noite no escuro. Eu era muito medroso, então corri bastante para chegar, comprar o remédio e voltar.

A mãe tinha me pedido pra entregar um encomenda na casa da preta que era muito amiga  dela e morava lá no baixo São Francisco. Eu cheguei à cidade, fui até a farmácia, comprei o remédio, depois fui entregar a encomenda pensando em voltar rapidinho porque o sol já estava querendo deitar na serra. Acontece que eu cheguei à casa  da amiga da minha mãe e o pessoal estava jantando. Era por volta de cinco horas da tarde, naquela época o povo jantava muito cedo. Eles me ofereceram comida, eu recusei, mas insistiram bastante,  então acabei comendo.

Jantando e conversando acabou ficando tarde. Então tive que voltar de noite na estrada escura.

-Ah eu morria de medo. Fui rezando pelo caminho. Não tinha lua, nem estrelas, parecia até que ia chover e a   solidão da estrada me apavorava. O cri cri dos grilos e dos bichos da noite me fazia  arrepiar.  Qualquer barulho eu me assustava, achando que era um fantasma, uma alma penada ou alguma coisa assim.

Foi quando eu vi a tal coisa na estrada. Uma coisa que me assustou muito. Eu fiquei gelado e arrepiei dos pés à cabeça.

-O que era pai?

-Calma menina, deixa eu completar. Deixa que eu chego lá. Vou explicar direito como aconteceu:

- Uma luz vinda do meio do mato, ia até a metade da estrada e sumia. Se movimentava para lá e para cá. Apagava e acendia.  Pensei que fosse alguém com uma lanterna, mas não era. Pensei que fosse vaga-lume, mas não era. Era algo maior que se movimentava para os lados. Acendia e apagava.

-Nossa pai! Conta logo o que era.

-Calma menino.  Paciência. Deixa eu...

-Continua pai.

-Eu pensei; mas agora como eu faço? Eu tenho que ir embora. Tinha  que passar por ali, e enfrentar aquela alma penada que estava à minha frente. A luz vinha do mato, mas se estendia sobre a estrada, então eu tinha que passar por lá, não tinha outro caminho.

Tomei  coragem e fui...

-E o que  aconteceu pai?

-Espera menina.

-Desenrola pai

-Espera menino. Vocês  não deixam eu completar.

-Quando cheguei bem perto percebi que o fantasma era apenas uma folha fosforescente, dessas que brilham no escuro. Quando  o vento batia movia o galho da árvore até quase o meio da estrada,  a folha virava mostrando o lado luminoso e se movimentava parecendo um fantasma andando na noite, quando o vento cessava a folha virava novamente e tudo  depois voltava ao normal.

O meu medo é quem criou o fantasma na estrada. 

Daquele dia em diante nunca mais tive medo de nada.  Essas coisas não existem

Pronto completei, agora vamos dormir que já está tarde. 

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

A MARCA DE MARQUINHO

    Marquinho tinha convicções muito fortes. Era uma pessoa decidida e quando tomava uma decisão não ousava voltar atrás. Afinal de contas tinha  que manter a sua fama de homem de opinião. O que iriam pensar dele se fraquejasse, voltasse atrás e negasse o que havia dito ? Não! Isso não podia acontecer. Convicção é tudo nessa vida. 

A  marca de marquinho é ser um  homem de opinião. E essa não era uma marquinha qualquer, não, era  a marquinha de marquinho. Na verdade era a marcona  de marquinho, porque Marquinho, segundo Marquinho não era Marquinho, mas sim Marcão Sua personalidade  contrastava com o diminutivo em seu nome. 

Marco que carregava essa marca sabia que não precisava muito para tiras suas conclusões. As frases contendo verdades pareciam brotar das pedras do chão ou desabrochar como flores no jardim. Já estava certo de que: todo baiano, loira e português eram burros; todo negro preguiçoso; toda mulher má motorista; todo político desonesto; advogados safados; padres pedófilos  e os evangélicos ladrões Estava tudo certo. O quadro todo formado. 

Não precisava pensar, tudo estava pronto, só não via quem era cego. 

Mas daí vieram as eleições. E Marco defendeu ferrenhamente seu candidato que era para ele o herói perfeito, o  salvador da pátrtia.  O homem honesto inteligente, capacitado,  defensor da família e valores cristãos e dotados outras inúmeros e incontestáveis qualidades. Esse sim, esse valia a pena. E as mensagens que chegavam comprovavam  tudo isso. Sem permitir que se se movimentassem muito, aplicou logo a sua marca, O M bem no lombo das cogitações. Dúvida era palavra que não constava no seu dicionário. Coisa de gente frouxa.   É esse  e não tem conversa.  

A posse chegou, o tempo passou e não teve jeito, Marco  foi obrigado a voltar atrás, mudar de opinião. Perdeu o voto, a marca e as certezas. 

Votar, viver e formular opiniões sem pensar, nunca mais

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Notas

 Suavidade

notas no ar

bem devagar 

vão se entranhando por fim,

nos móveis, nas paredes, nas frestas

em mim

conduzindo-me

a sensações

que nao posso explicar

uma tranquilidde

um aconchego

um  relaxar 

notas, sabores, olhares 

uma nova visão

criações

noite, amores

vai além 

muito além da imaginação. 



sábado, 6 de fevereiro de 2021

MISTURA

 Sabado à noite à meia luz

Do reino da antena  o clarão 

Preso sem grades ou penas

Às garras da senhora solidão 

Tem canções,  sabores e esperança  no ar

Saudade, indagações,reflexoes, melancolia...

Uma profusao de sentimentos 

Ontem, hoje, amanhã,  momentos... 

Eterna mistura  tristeza e alalegria 


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

CADA PENA

 Poemas nas manhãs de sol

no dias frios e chuvosos

poemas tristes lamentosos 

no degradê do arrebol 


poemas dos mil sentires

das alegrias e tristezas

de vileza e torpezas

por tras de  cloridas iris 


poema que é viver

poema que é ser e ter

Nos contornos  de cada pena


poema é força na lida

é pulsar, amar é vida 

Por tudo e em tudo  poema


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

QUAIS ESPECIALISTAS?

 Abriu o Whatsapp e viu que chegou mais uma daquelas mensagens. Ficou logo excitado, era um pouco mais de alimento para suas ideias. Elas não eram muito aceitas e sempre quando as disseminava por aí, sentia o desprezo das pessoas. Quando não o contestavam abertamente, soltavam aquele risinho sarcástico que doía tanto. E naquelas mensagens sentia-se apoiado. Tinha alguém que pensava como ele, ou melhor, que sabia das verdades.

A mensagem dizia claramente  que  a vacina é um plano para o controle da população. Especialistas afirmam isso. Mas quais especialistas? A mensagem omitia os nomes, , mas isso não importava, estava ali no whatsapp vinha de fonte confiável e isso já era suficiente.  

Leu em voz alta com enorme satisfação:

“A vacina é condutora de uma substantiva nociva, uma espécie de chip na forma de plasma, esse liquido vai até o cérebro e muda toda a sua química. Pesquisas realizadas por grandes  especialistas comprovam a existência da substância. Quando inserida no cérebro danifica todo o sistema e a partir daí a pessoa passa a ser controlada. A inteligência artificial passará a controlar o indivíduo e ele se tornará uma espécie de zumbi ou escravo fazendo tudo o que a IA quer. Então NÃO TOME A VACINA.”

Agora era só esfregar na cara daqueles incrédulos, idiotas.

 

 Neste site,  um pouco da carreira literária de Múcio Ataide, seguindo o caminho das letras para  brindar a vida e descobrir seus encantos e...