Num pequeno aparelho
Um
universo posso encontrar
É mais que um
telefone
Vai muito além de um
celular
Videos, fotos, filme,
mapa.
Biblioteca, calculadora
etc.
Ele tem mesmo de tudo
Para todas as coisas do
mundo
Tem uma porta
sempre aberta
Num pequeno aparelho
Um
universo posso encontrar
É mais que um
telefone
Vai muito além de um
celular
Videos, fotos, filme,
mapa.
Biblioteca, calculadora
etc.
Ele tem mesmo de tudo
Para todas as coisas do
mundo
Tem uma porta
sempre aberta
Enquanto andava pelas ruas da grande cidade pensava em tudo o que via. Aquele burburinho de gente apressada buzinas e agito o deixava um pouco atônito. Talvez por causa da situação que estava passando. Ali estava naquela selva de pedra para tratar de sua saúde enfrentando umA doença muito difícil.
Caminhava sem rumo e por muitos momentos perdia a consciência
de onde estava, por duas vezes quase foi atropelado, bateu com a cabeça numa
caixa de correio tropeçou e seguiu rua a fora amargando seus males e sofrendo.
Numa esquina trombou com alguém. E
assustado viu que era um morador de rua. O homem olhou-o assustado também. Na
hora pensou que o homem viria roubá-lo ou coisa assim, mas logo percebeu que se
tratava apenas de mais, um perdido nas esquinas da vida e daquela cidade.
No momento em que viu o morador
de rua foi invadido pela dor do medo, e o pobre homem foi invadido pela dor do
olhar da exclusão.
Sentimos e provocamos dores o
tempo todo...
A diferença entre eles era apenas
o tipo da dor. Tem vários tipos. Cada um tem o seu. E cada dor tem suas
características próprias.
Dores rondam pelas ruas, estão
embaixo dos viadutos, nos leitos dos hospitais, no transeunte que passa, no
carro de luxo, por traz da janela daquele barraco ou daquele condomínio de
luxo. Se embrenham por becos e ruelas, mas também transitam nas largas
avenidas. Se enroscam pelos arranha-céus, se sentam nos bancos da praça. Materializam-se
na forma de medo, doença, mal estar físico, fome, olhar de exclusão,
preconceito, dominações. Andam por aí em todas as cores e modelos.
Existir é maravilhoso, mas também
dói.
São lanças
lanças pontudas, doídas
que vêm cutucar, ferir
agredir machucar
destroem tudo
vejo o hausto da vida exaurir
são armas letais
bala perdida no ar
que fere a carne
dilacera, sangra
e pode até matar
Ideias...
Os ruidos da vida atormentam
o trotar insano dos pensamentos incomoda
são furacões que por aqui ventam
trazendo tudo o que limita e poda
são muitos sons, muita cacofonia no ar
fragmentos de verdades e de mentiras
coisas feitas ou a fazer, tudo que pira
tempestades, dúvidas, eterno lutar...
A pequena motoneta deslizava suave pela pista do bairro deserto. Estava ali para treinar. Em alguns momentos fazia movimentos de zig zag o que poderia causar estranhamentos em algumas pessoas, mas ele não se importava. Já se acostumara a não dar muita atenção aos que os outros pensam. E não existia quase ninguém por ali. Andava em círculos em curvas fechadas numa rua sem saída. Freava bruscamente e voltava a acelerar. Ora acelerava muito, ora andava bem devagar, quase parando. Tudo isso fazia parte de um treinamento de equilíbrio e de pilotagem. Um bairro deserto, algumas manobras diferentes garantiriam uma melhor condução no trânsito do dia a dia e compensaria sua dificuldade com tudo o que ser referia ao equilíbrio.
Mas gostava da solidão daquele
lugar e do vento batendo em si. Sentia-se vitorioso por estar com sua motoneta,
um sonho finalmente realizado. Realizado após um árduo treinamento, uma luta
ferrenha contra sua vontade de desistir, e a batalha cruel para a aquisição da
carteira de habilitação. Batalha salpicada de gastos e medos. Um rombo na
carteira de dinheiro e nas emoções. Mas conseguira. Agora restava
apenas desfrutar e comemorar em cima de sua nave negra as delícias do mundo das
duas rodas.
Em algumas tardes sentia-se feliz
ao pilotar. Em outras quando não estava tão feliz tentava jogar para fora todo
o mal que o atormentava com o vento que vinha. Imaginava o vento levando toda a
tristeza que havia em si e a espalhando pelo ar.
Podia comparar a vida a essa
pilotagem. O prazer de girar por aí e ver lugares bonitos e gostosas sensações,
mas também sentir os perigos e os entraves da estrada. Os dois polos da vida,
as duas rodas do existir, os dois caminhos, do bem e do mal. Ora pendemos mais
para um lado ora para o outro. Haja equilíbrio.
Acelera, freia, faz uma manobra e
outra, fecha a curva olha para um lado e outro, olha no retrovisor. Sente medo
e alívio. Sente-se seguro e inseguro.
Observando cada situação fica
espantado com a automação de sua direção e por ter conquistava algo em um
universo que quando criança nem imaginara visitar.
Por fim resolveu voltar para casa,
feliz e realizado.
Agora era um motonetista, ou
seria motonista? Vai-se saber! Mas o importante é perceber que a vida muda e
que coisas boas podem acontecer.
Precisamos achar o equilíbrio entre
as duas rodas da vida. A Roda do ânimo, e do desânimo. Sempre estaremos
pilotando a vida sob essas duas rodas.
Acelera e vai...
Estruturas de poder
demarcação de território
galos brigadores
simplórios
desprezam a evolução
de uma sociedade mais justa
se soubessem, aos que lutam por isso
o quanto custa?
querem o errado o torto
criticam o politicamente correto
mas estando entre os dominadores
tudo então fica certo
Ser a favor de tortura
sendo torturador e não o torturado
fazer mofa do bulling
quando na escola não se foi humilhado
pode-se criticar assim
e chamar a dor dos outros de mimimi
criticar quem sofre num leito de hospital
gente de bem não faz sim
imitar troçando do sofrimento
de quem está a caminho do fim
sentir-se superior por sua condição
homem, hetero, branco
cadê a evolução?
pararam no tempo
numa era bem lá atras
não entendem somos apenas gente
todos todos iguais.
Defendem a moral e bons costumes
mas quais são os seus?
deprezar o que pensa diferente
humilhar e até matar em nome de Deus
morrem e matam por nada
por suas ideias pre concebidas
ilusão de serem conhecedores
do certo e errado da vida
Não entenderam nada.
Dois senhores conversando na esquina numa manhã de inverno. Enquanto se aquecem do frio intenso aproveitam para jogar a conversa fora. E conversa jogada fora não volta mais.
Falam da vida, do tempo, da temperatura, do
frio do calor, dos sentimentos diversos de raiva, dor, alegria amor. Falam de quem passa de quem foi de quem chegou
quem nasceu quem morreu de quem se alegrou ou sofreu. Da filha da fulana que
fez isso ou aquilo, do rapaz que se envolveu com esses ou aqueles, dos vícios e
males da rua. Falam mal ou bem do presidente, da política da inflação, do
prefeito, do vereador. De mandos e
desmandos. De tudo o que possível for.
O papo
entre os dois é o almanaque diário do caminhar da vida com seus altos e baixos.
Os repórteres acompanham tudo o que acontece.
Notícias bombásticas na edição de hoje do diário da rua, do
periódico do bairro do News da esquina
de todas as manhãs.
Extra, extra não perca as
notícias de hoje!
A vida é torpe
a vida é bela
é sobe e desce
é tom fosco
ou aquarela
é uma louca aventura
uma mata a ser desbravada
uma torrente de emoções
entre ações e reações
é tudo e nada
Neste site, um pouco da carreira literária de Múcio Ataide, seguindo o caminho das letras para brindar a vida e descobrir seus encantos e...