quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

TORMENTA

 A tormenta se avizinhava.  O céu plúmbeo não deixava dúvidas de que cairia uma terrível tempestade com o terror colorido dos raios e o barulho assustador dos trovões.

  A pobre Marta estava apavorada. Tinha medo do que estava por vir e  se sentia acuada. Pegou o pequeno livro de orações e começou a rezar.  O céu escuro, o riscar dos raios e o barulho dos trovões pareciam desenterrar todas as suas  culpas. Via impropérios e promessas de castigos sendo proferidos em cada ribombar vindo dos céus. A ira implacável de deuses nervosos  estava para ser jogada   sobre a terra. Um arrepio pelo corpo uma vontade de se esconder em um lugar bem escuro e protegido.

Tudo acontecia à hora triste e melancólica  do crepúsculo, o que dava ao ambiente uma aura triste e fantasmagórica.

 Escureceu um pouco mais. A noite chegava e  Marta acendeu as luzes da casa, escondeu as facas, desligou alguns aparelhos elétricos da tomada e ficou andando pela casa para lá e para cá.

A noite chegou depressa. Acabou a energia da casa, então a escuridão foi total sendo interrompida apenas pelos assustadores flashes celestiais gigantes que traziam consigo milhões de fantasmas e monstros.

Pensamentos acelerados, mil possibilidades ruins, castigos, culpas e fim do mundo. Tudo misturado à claridade intermitente e aos barulhos assustados.

O terror de uma noite de tempestade sozinha em casa fazia Marta perdeu todo o seu juízo e a levava ao desespero total

  Rezou o ofício de Nossa Senhora, a oração a Santa Bárbara, A salve rainha por três vezes e um monte de outras rezas. 

A chuva  despencou provocando outro som assustador, caiu bem forte, mas foi rápida e então tudo serenou.

Marta se acalmou e suas culpas se esconderam outra vez. Elas voltariam na próxima tempestade.

A tempestade maior aconteceu dentro dela. A tempestade dos medos, da ansiedade e  dos pensamentos acelerados e catastróficos. Raios de medos, trovões de culpas, chuva de terrores. Tempestade no peito, nas nuvens da alma, no íntimo do ser.

 Nos céus da alma as tormentas vêm e vão. Dias claros e agitados se alternam. Chovem momentos bons e ruins.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 Neste site,  um pouco da carreira literária de Múcio Ataide, seguindo o caminho das letras para  brindar a vida e descobrir seus encantos e...