A tormenta se avizinhava. O céu plúmbeo não deixava dúvidas de que cairia uma terrível tempestade com o terror colorido dos raios e o barulho assustador dos trovões.
A pobre Marta estava apavorada. Tinha medo do
que estava por vir e se sentia acuada.
Pegou o pequeno livro de orações e começou a rezar. O céu escuro, o riscar dos raios e o barulho
dos trovões pareciam desenterrar todas as suas culpas. Via impropérios e promessas de
castigos sendo proferidos em cada ribombar vindo dos céus. A ira implacável de
deuses nervosos estava para ser
jogada sobre a terra. Um arrepio pelo
corpo uma vontade de se esconder em um lugar bem escuro e protegido.
Tudo acontecia à hora triste e melancólica do crepúsculo, o que dava ao ambiente uma aura
triste e fantasmagórica.
Escureceu um pouco
mais. A noite chegava e Marta acendeu as
luzes da casa, escondeu as facas, desligou alguns aparelhos elétricos da tomada
e ficou andando pela casa para lá e para cá.
A noite chegou depressa. Acabou a energia da casa, então a
escuridão foi total sendo interrompida apenas pelos assustadores flashes
celestiais gigantes que traziam consigo milhões de fantasmas e monstros.
Pensamentos acelerados, mil possibilidades ruins, castigos,
culpas e fim do mundo. Tudo misturado à claridade intermitente e aos barulhos
assustados.
O terror de uma noite de tempestade sozinha em casa fazia
Marta perdeu todo o seu juízo e a levava ao desespero total
Rezou o ofício de Nossa Senhora, a oração a
Santa Bárbara, A salve rainha por três vezes e um monte de outras rezas.
A chuva despencou
provocando outro som assustador, caiu bem forte, mas foi rápida e então tudo
serenou.
Marta se acalmou e suas culpas se esconderam outra vez. Elas
voltariam na próxima tempestade.
A tempestade maior aconteceu dentro dela. A tempestade dos
medos, da ansiedade e dos pensamentos
acelerados e catastróficos. Raios de medos, trovões de culpas, chuva de
terrores. Tempestade no peito, nas nuvens da alma, no íntimo do ser.
Nos céus da alma as
tormentas vêm e vão. Dias claros e agitados se alternam. Chovem momentos bons e
ruins.
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