quarta-feira, 20 de julho de 2022

QUINTAIS DE SEMPRE

 Assim como Manoel

Eu também vasculho os quintais

Os meus quintais.

Os quintais de sempre

Cato os tesouros por lá  deixados.

De short, de  chinelas havaianas

Tento eu refazer o caminho

Ser o menino sem destino

Cavando tesouros do chão.

Da terra fofa, vermelha.

Me sujando  todo

Me penduro nos cipós da mata do Tarzan

Voo sem asas e sem nenhum mecanismo

Giro uma lata vazia de goiabada nas mãos

É o volante do meu fusquinha

Faço da tampa da caneta uma nave espacial

E de um objeto quadrado qualquer o manche

Ainda vejo os aviões passarem baixinho por aqui.

Faz de conta que ainda tem pé de manga.

Faz de conta que o cachorro ainda está lá

Ainda sinto o sabor da jabuticaba

E as vezes espeto o dedo no “manacaru”

Vejo minha  mãe cantando lá da cozinha

Enquanto lava os pratos.

Meu pai ainda faz meus brinquedos agachado a um canto.

Oh quantos castelos tenho por aqui!

Um sitio encantado,  um reino lá de muito longe

Bruxos e fadas, heróis e vilões.

Tesouros, tesouros tesouros...

Quanta vida esondida brota nas terras desses quintais!  

Não, o tempo não levou

Não carregou aquele menino.

Ele ainda está por lá

E brinca de viver e sonha

E canta, e faz estripulias.

Mas hoje por tudo isso

Para manter tudo isso.

Faz a melhor de todas as brincadeiras

Para melhor sentir e melhor ver

Para ser eternamente criança

E abraçar em plenitude o viver.

Ele LÊ.

***

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