Assim como Manoel
Eu também vasculho os quintais
Os meus quintais.
Os quintais de sempre
Cato os tesouros por lá deixados.
De short, de chinelas
havaianas
Tento eu refazer o caminho
Ser o menino sem destino
Cavando tesouros do chão.
Da terra fofa, vermelha.
Me sujando todo
Me penduro nos cipós da mata do Tarzan
Voo sem asas e sem nenhum mecanismo
Giro uma lata vazia de goiabada nas mãos
É o volante do meu fusquinha
Faço da tampa da caneta uma nave espacial
E de um objeto quadrado qualquer o manche
Ainda vejo os aviões passarem baixinho por aqui.
Faz de conta que ainda tem pé de manga.
Faz de conta que o cachorro ainda está lá
Ainda sinto o sabor da jabuticaba
E as vezes espeto o dedo no “manacaru”
Vejo minha mãe cantando
lá da cozinha
Enquanto lava os pratos.
Meu pai ainda faz meus brinquedos agachado a um canto.
Oh quantos castelos tenho por aqui!
Um sitio encantado,
um reino lá de muito longe
Bruxos e fadas, heróis e vilões.
Tesouros, tesouros tesouros...
Quanta vida esondida brota nas terras desses quintais!
Não, o tempo não levou
Não carregou aquele menino.
Ele ainda está por lá
E brinca de viver e sonha
E canta, e faz estripulias.
Mas hoje por tudo isso
Para manter tudo isso.
Faz a melhor de todas as brincadeiras
Para melhor sentir e melhor ver
Para ser eternamente criança
E abraçar em plenitude o viver.
Ele LÊ.
***
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