terça-feira, 23 de março de 2010

Autoria Múcio Ataide

Era manhã de domingo
eu voltava de uma viagem
na estrada de terra o ônibus sacolejava
irritante
E  apesar do meu apreço por estar na estrada
aquele sacolejo me parecia assaz irritante
e a vida cinzenta como a poeira da estrada.
do meu lado uma menina que parecia ter mais
ou menos oito anos, Inquieta em seu assento
espichava o pescoço no rumo da estrada
ansioamente esperando
E eu observava aquela criança
e sua doce espera de maneira curiosa
De repente no proximo ponto
tudo mudou
e vi florir naquele rosto infante o mais
terno, e doce sorriso
e no olhar um marejar brilhante
alguem na estrada, que a fez sorrir
e na parada ela grita

e aquela  senhora que esperava, sorri também
aquele som "Vó" me emocionou
um brado intenso, visceral profundo
me fez voar pelas peraltisses da infância
me transportou diretamente para
a casa da minha "vó"
Naquele momento, eu vi a profundidade do sentir
eu vi a beleza do afeto florindo, do âmago do sentimento
da alegria de se amar alguem
de encontrar alguem que se ama
o "vó" soou como uma alerta
um sacolejar  em mim
como o sacolejar da condução
um pedido: "acorda" para as possibilidade
ao seu redor
afeto no ar, sentimento  a despertar
emoção, pequenos lindos momentos
a vida é isso
essa é a verdade
aquele pequeno rosto
aquela palavra "vó"
nunca vi tanta alegria
tanto sentimento
tanto contentamento
naquele encontro.
naquele momento.
E a estrada à minha frente
se iluminou,
e a chama da fé na vida
ja quase apagando em mim
reacendeu,  outra vez brilhou.

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