O aluno, o paciente, o cursante, sentou-se à frente do computador. Não sabia como se classificar naquele caso. A terapia on line era uma espécie de curso de viver, era um aluno porque estava aprendendo e era o cursante, pois fazia um curso.
Abriu o computador para a sessão
de videoconferência. Gostava daquelas
sessões, sentia-se bem por poder relatar fatos e acontecimentos de sua vida. Podendo
ser monitorado e conduzido por um profissional competente. Jamais poderia imaginar
que um dia faria um tratamento assim de longe. E com eficiência.
Deu um viva à magia da tecnologia que pode afastar, mas também pode aproximar pessoas. Esse mundo fantástico. Esse mundo que põe o mundo na palma da nossa mão. Através dele temos acesso a tudo, todo o conhecimento todas as opiniões, todas as enciclopédias...
Daqui a pouco relataria as experiências
do viver podendo refletir melhor sobre
tudo.
Era mais um navegante nesse mar
azul e límpido de possibilidades e de encantos. O mar estava ali à sua frente
naquela tela, naquele mouse, naquele teclado. O mundo era seu, todo seu com
todas as possiblidades. Sentiu-se importante e ao mesmo tempo pequeno diante de
tudo aquilo.
Uma flor nasce num frio jardim. A natureza cria a matéria prima, cria a inteligência
do homem e o homem põe-se a navegar pelo mar dourado das invenções, dos códigos,
das máquinas e da constante evolução. Quanta coisa aconteceu até chegar esse
momento, onde ele pode, simplesmente, da forma mais natural possível, falar um
pouco de si. E de dentro do mundo
aparentemente frio da tecnologia e da máquina, paradoxalmente desabrocha a flor da emoção, da sensibilidade e da reconstrução do ser.
Quantos bites foram necessários para que ela desabrochasse?
Agora basta apenas dar boa noite, dizer um nome, compartilhar a tela e ligar o microfone.
Nenhum comentário:
Postar um comentário