terça-feira, 22 de março de 2022

POSSESSÃO

 O escritor  começava a escrever e uma magia acontecia. Ele se sentia protegido por algo superior e não conseguia entender por que do nada a inspirações surgiam. Falava consigo mesmo: - Hoje não tem jeito, hoje não vem nada. Nenhuma ideia pode romper essa barreira. Mas quando começava a escrita a magia acontecia, as ideias se organizavam, a história fluía liquida e quente com começo meio e fim, tudo surpreendente.  

Então a poesia pousava no texto como uma bela borboleta multicolorida pousa numa flor. Depois voa pelos campos livres para espalhar a beleza de suas cores e a graciosidade de seus movimentos.

E escrever tornava-se um mergulho mágico no mar ora calmo, ora tempestuoso das letras com sua fantástica flora, seus encantos e belezas.

E um novo mundo se fazia... Mundo de mil aventuras e possiblidades.

 Como se  uma enorme nuvem descesse sobre sua cabeça e ditasse as frases.

 E as teias da trama eram tecidas como as perfeitas teias de uma aranha. Tudo entrelaçado, tudo no seu lugar, os encaixes perfeitos. Fios de enredos, traçados de acontecimentos, nós de personagens. Uma grande teia se formava para prender os leitores. Feito moscas eles eram enredados na teia e não conseguiam se libertar dela.  Caiu na teia mágica das letras, de lá não se pode mais sair.

Era um ser mágico que se apoderava de si e punha as coisas no lugar. Bastava começar para tudo se ajeitar.  

Nuvens, borboletas, flora marinha, teia... Não! Nada! Nenhuma metáfora poderia definir  aquela maravilhosa possessão.

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