Mário abriu seu facebook e viu aquele comentário indelicado numa de suas postagens. O sujeito rebatia suas ideias em frases desconexas e num péssimo português. Xingou até a sua sexta geração, e o mandou para diversos lugares feios . Um show de indelicadezas acompanhadas de palavrões, erros ortográficos e barbarismos gramaticais. Que horror!. Era um daqueles! E a final usou aquela frase conhecida que fazia seu nome rimar com a palavra armário.
Era sempre assim, bastava colocar alguma coisa
referente às suas posições políticas que logo vinha um engraçadinho para fazer aqueles
comentários raivosos e infundados. Se pelo menos aquilo tivesse algum
fundamento, mas nunca tinha. Era a agressão de graça, apenas à expressão do ódio
e a ausência total da razão. Aquela
turminha do ódio não tinha nunca uma fundamentação lógica. Na verdade eles não
sabiam nada de nada.
Mas por outro lado era capaz de
entender o que estava por traz de tudo aquilo. A grande sacada, a manipulação total.
A poderosa máquina do algoritmo, a
grande rede das fake-news, a manipulação total das consciências. Aqueles não
passavam de robôs teleguiados, programados para atacar e criar o conteúdo, conteúdo
do mal que se multiplica indefinidamente.
Mais uma vez soltou aquela
gargalhada de triunfo e sentiu-se um sortudo por poder entender o processo e não
cair na grande teia.
Seguiu em frente, sem responder, sem entrar em
conflito com ninguém, mas de uma coisa tinha certeza: se o post teve aquela
resposta raivosa é porque foi capaz de cutucar, de provocar e fazer pensar, e
era exatamente isso que ele queria. A coisa fez efeito. E se os incautos
agrediram os prudentes abraçaram, então valeu a pena.
Ele pensou: Mário está colocando os otários dentro do armário.
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