quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Gaiola da tarde

Na gaiola da tarde

Eu sob o sol

Preso aos últimos raios

A cintilarem  no açude

Esperando o banho de estrelas

Um cavalo trota pelas serras

Balançando a crina pelo ar

Uma mangueira oferece frutas

Num delicioso manjar.

São tarde cativas

Vindas de outros tempos

Exalando o perfume de belos momentos

A me prender, e de novo fazer sonhar

terça-feira, 26 de outubro de 2021

ANGÚSTIA DA ESPERA

 Esperar me assusta

Me oprime me angustia 

O futuro antes do presente 

A alma se encolhe fria

Um medo do porvir

E a ciranda das ideias

Girando  dentro de mim

 esperando  o mar calmo por fim

Apos tão  torturante  procela

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

ESPERANÇA E PRAZER

 esperanças indefinidas

gosto delas, são amenas

tranquilas, sem cobranças

chegam e roubam a cena

quero cultivá-las 

como também  a uma visão de prazer

que pode ser  um farol na noite escura

 esperança e prazer e uma eterna procura 

nas tortas estradas do viver 

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

A LIÇÃO DAS ANDORINHAS.

 Olhou para  cima quando ouviu  a revoada. As aves coalhavam o céu  dourado da tardinha.  Espalhando algazarra  e beleza pelo ar. Um bando de andorinhas  voltava talvez  quem sabe  de um lugar bem  distante. 

Aquelas aves eram  exemplos  de persistência. Voavam o  mundo, transpunham continentes  em busca de um clima melhor. Buscavam o melhor  e se esforçavam  para isto. 

 Pensou na sua incapacidade  de se  adaptar às  situações da vida cotidiana. Era  fraco, procrastinador , se assustava com sua tibieza, sofria ante sua  debilidade moral. Era um pássaro  sem asas, incapaz de voar em busca de um belo oasis do existir. Como era inferior àquelas  avezinhas  sem inteligência! Como era pequeno, mesmo com toda sua racionalidade de homo sapien! 

Pousaram todas nos fios  de eletricidade  para descansar e se preparar para outra viagem necessária, enquanto  o dia desmaiava nos braços  da tarde num elegante berco pintado de ouro e degradè . Natureza, beleza e sabedoria infinitas.

Adaptar,  evoluir, louvar a vida, voar... voar... voar em busca do sonho, eis aí  a lição  das andorinhas.

BÊNÇÃOS DO HUMOR

 Uma manhã de alegria

Com as bênçãos  do bom humor 

É  fruta madura com a magia

Do seu  delicioso  sabor


Uma enorne porta aberta 

Em seus umbrais a esperança 

E ao transpô-la a volta certa 

À terra do ser criança 


Manhã de renascer

Momento de ter e ser

Alma aberta  à  vida  e ao existir


Tudo é festa e sorriso

Cultivar a fe  é preciso

No ontem, no  hoje e no porvir




segunda-feira, 18 de outubro de 2021

GARRAS

 volto ao mesmo lugar
no incessante girar desta roda 
folhas no chão poeira no ar 
e o mesmo perfume de rosas

de um ponto a outro vou
ciclos...sem que isso nunca pare
como a certeza que voou
voo para outros andares

sol,  chuva, nuvens, ar
ceus e terras se curvem
àquela que traça nossa sina

com seus braços abertos 
nos acolhe e isso  é certo
vivemos nas garras da rotina

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

PATRIA A(R)MADA

Li ontem a respeito de  manifestações  de algumas pessoas  sobre a frase do cardeal arcebispo de Aparecida Dom Orlando Brandes, na missa  do dia 12/10/21 “pátria amada e não pátria” armada. Estes obviamente já montaram  o quadro bélico: o padre é um comunista que está contra nós, é o inimigo, vamos nos defender e ataca-lo. Vamos reprimir.

 Nessa postura podemos notar claramente a  dificuldade que eles têm de entender as coisas, a barreira que existe na abstração e numa percepção mais intensa e ampla  de tudo. Parece que tudo para eles, está no plano da guerra, da briga e da questão mais pessoal.

Aquela é a  posição do padre, não é verdade nem mentira, nada se tem que provar, não precisa ser seguida, ele disse o que ele pensa, não precisa ser reprimida. Podemos conviver com o  contrário. Não foi um  ataque pessoal.

Mas a mentalidade é de briga, de guerra de rivalidade de ataque de fúria de raiva, Ai que ódio desses que não pensam iguais a mim.

E a coisa vai além, esbarra também na interpretação de texto, se contestou é porque não interpretou de forma correta. O padre disse pátria amada e pátria é o todo. Todos nós.  A pátria é o pais e seu povo. É o coletivo, não um grupo apenas.  Ele não disse amada apenas por alguns. Não há rivalidade, há o sonho de um país cheio de paz e de respeito uns pelos outros.   Ele disse num plano ideal, no sonho de uma sociedade onde haja amor e o amor supere a necessidade da arma.

Mas a  dificuldade de abstração é tão grande que não conseguem entender.

A incapacidade de alcançar  uma perspectiva lúdica das coisas obsta o raciocínio mais lógico.

A dificuldade  de entender uma frase que tenha princípios não empíricos é muito grande.

A dificuldade também de alcançar um raciocínio que esbarre em conceitos da psicologia ou da filosofia e de uma perspectiva mais ampla é  tão grande que eles não conseguem ver a dimensão poética e idealista da frase.

Quem sabe se lessem mais, interpretariam melhor, se estivessem um pouco mais informados não atacariam tanto. Se apesar de muito falarem, tivessem uma visão real do que é uma pátria de todos pensariam diferente.  Ou quem sabe pensar um pouco menos numa perspectiva estrategista e bélica  e mais numa dimensão idealista e humanitária.

Para os adeptos das armas inteligentes pátria amada é melhor que pátria armada, porque é uma pátria onde o amor e respeito superaram a violência. A arma é para se defender enquanto se precisa da defesa, ou apenas para impor uma forma de poder? Se a sociedade fosse amorosa e harmônica seria precisa a arma?

Esse é o sonho do cardeal é o ideal, talvez utópico, difícil de ser alcançado, mas é um sonho. Uma pátria onde todos de amem e ninguém precise de armas.

Pátria somos todos nós.  

Entenderam agora?

 

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

JÁ FOI, MAS É.

 Chegou à praça e procurou um lugar tranquilo par se sentar. Um banco do canto debaixo de uma árvore que espalhava flores vermelhas pelo chão. Um cantinho da tranquilidade poderia assim dizer.

Lembrou –se que naquela praça  por muitas vezes parou para descansar quando vinha do serviço,  conversou com amigos, se preparou para noitadas, usou os aparelhos de ginastica que ficavam bem ao meio para se exercitar e ousou ligar a máquina da lembrança para ir além: Lembrou-se que quando  menino por volta de onze anos de idade vinha sentar-se ali, com um pequeno radinho vermelho nas mãos para em noites alegres, ouvir belas canções. Canções que viajavam  bastante, vinham lá de são Paulo nas ondas do radio e aterrissavam ali naquela praça para embalar os sonhos de um menino que tinha muita vida pela frente, amor e muita vontade de viver.

Sentou-se no banco começou a ler usando seu smartphone e ficou pensando  nos contornos da vida e nas mudanças que ela traz. Poderia aquele menino imaginar que um dia, quarenta anos depois ali estaria sentando na mesma praça? Desta vez  com outro aparelho na mão, um aparelho bem mais moderno.

Planejou voltar ali à noite e ouvir aquelas antigas canções pelo youtube, reviver, voltar no tempo. Mas os tempos eram outros, os valores mudaram tudo era diferente, e ao tempo tudo era igual. A vida parece que vai, mas não vai. Somos o reflexo do passado, o desejo do futuro e temos algo de atemporal em nossa existência.

E naquele momento chegou ali uma pessoa e começou a conversar com ele. Essa pessoa era a mesma que vinha naquelas noites também para conversar. As coisas se repetiam. 

 Sentiu o arco   do tempo girando e numa volta de 360 graus unindo suas duas pontas. O ontem e o hoje eternizados nas lembranças e nas sensações. 

O menino, hoje homem,  já foi, mas continuava sendo o menino.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

RÉDEAS

Tomando as redes 

conduzindo o carro 

dando as ordens. 

última palavra

o tudo ou o nada 

o aval, o meio 

  o começo,o final 

a vitroria chegando

vitoria sobre as folhas secas

sobre a sujeira dos restos

sobre tudo o que escraviza

as redeas na mão

o rumo a direção. 


quarta-feira, 6 de outubro de 2021

TECENDO

 como é maravilhosa a natureza

onde tudo do nada  começa

tecendo teias de perfeição e beleza

em seus enredos e promessas


é uma orquestra afinada

de violinos, vozes e fagotes

Espalhando melodias  aladas  

com os mais belos acordes


no ipe amarelo, na flor, na relva do caminho

no verde da mata, no cantar dos passarinhos

na imensidão de céu ou do mar


Em cada pulsar desse universo

Com os motes do existir  tece seu versos 

e põe poesia em tudo o que há. 



REFLEXO

 Chegava à frente do espelho e falava, falava muito.  Gostava de conversar com a sua imagem. Dizia que aquilo despertava seu raciocínio e permitia a ele conhecer-se melhor.

Falava a ele mesmo o que queria ouvir, e muitas vezes o que precisava ouvir.

Era  como se extraísse do fundo da sua mente os conselhos mais adequados. E se tinha um lado seu que não os queria ouvir, havia outro lado que tinha a necessidade em dizer.

O tempo foi passando e a fusão foi acontecendo. A dissociação se ampliando. Cada vez mais se envolvia na conversa e acreditava ser dialógo o monólogo .

Era cruel as vezes com a imagem ali refletida. Falava duro, dava broncas, deixava que o outro lado sofresse, tentasse se desculpar ou se esquivar de alguma acusação.

A  relação entre os dois era bem real Não conseguia mais enxergar uma imagem no espelho, mas sim um outro ser à sua frente.

 Com o tempo e por motivos desconhecidos, um exercício de autoconhecimento transformou-se  em delírio e dissociação.

Uma Imagem fora e outrAdentro do espelho.  Qual era a real, e qual era o reflexo?

Uma bela noite ao deparar-se com atitudes inadequadas nos seus atos, colocou-se à frente do espelho e pôs-se a xingar. Por varias horas aplicou aquele sermão ao personageM por trás do vidro. Saiu vitorioso e  ao mesmo tempo derrotado.  Rindo da sua performance como inquiridor cruel e chorando pela humilhação sofrida.

 Dois em um. Separação ou junção?

Depois de algum tempo, condoído pela severidade dos seus atos, culpando-se pela dureza de suas palavras  voltou à frente do espelho disposto a se desculpar pelos impropérios proferidos e não viu imagem nenhuma  lá dentro. Chorou e sentiu-se abandonado.  O outro havia desistido.

 

 

NÃO PARA

 Quando fazia sol e céu azul Nadir sentia-se feliz. Alegre  e satisfeita. Fazia um  tempo bom dentro dela despertando o sorriso e a vontade de viver.

Quando chovia sentia paz e aconchego. Uma sensação de tranquilidade a invadia. A chuva gostosa caindo, principalmente à noite serenava seus medos e acalentava seu coração.  

O tempo de fora influía diretamente no tempo de dentro. Dois universos bem diferentes que se aproximavam bastante.

Mas nada dura para sempre , o clima muda o tempo todo.  As intempéries vêm e vão. A eterna alternância do ar e dos ânimos  podem alterar nosso estado de espírito  e até mesmo nossas atitudes.

Num dia nublado, brumoso, e frio,  onde não existia nem sol nem chuva,  dia daquele tempo indeciso,  a moça sentiu também os efeitos do clima.  Indecisa se atravessava ou não, ficou parada no meio da rua e um carro que vinha em alta velocidade chocou-se contra seu corpo encolhido e amedrontado. Com a colisão, o veículo jogou-a para o meio fio. O carro decidiu por ela.  Porque tem alguns  carros, que assim como o tempo, não param.   

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

SENTIR

 Parar, sentir, viver,

desprender das garras

dos grilhões e  infortúnios

do tempo, 

das paredes opressoras

apertando o cerco

sem o ferrão da pressa

cutucando as costas

onde então me perco

apenas o sentir mais profundo

serenidade e o  desfrutar do momento

tranquilidade ampliando os limites

armado apenas da  calma em riste

voando nas  leves e gostosas asas do vento. 



sábado, 2 de outubro de 2021

PARA O MUNDO

 Livro terminado

caso contado 

alegria no ar

sábado á noite

e mais uma vez

jogo para os ares

minha arte

minha parte

meu âmago

meu coração

minha porção

espalhada por aí

pela rede

para o mundo 

arte para todos

sem limites

esse universo global

feliz por viver nesta  época...


CHUVA DOURADA

Depois da grande seca a chuva caía. E ela saiu a dançar na chuva e chamou aquele evento de chuva dourada.

A partir dai passou a chamar de chuva dourada tudo o que existia de belo na vida. Chuva dourada de beleza e encanto  que caía quando  uma flor desabrochava, quando alguém sorria, quando um amor surgia, quando o cão latia, quando saboreava aquela comida especial.

Chamava também de chuva dourada de poesia o vento suave a  bater-lhe  no rosto, a beleza dos campos floridos,  o  verde, o ar ,  o respirar, a imensidão do mar, o brilho das estrelas e a luz do luar...

 Chuva dourada de poesia surgia quando os pássaros cantavam.  No céu azul, nas nuvens de algodão, na água que refresca e mata sede. Em todos os cantos em todos os momentos...

Chovia ouro em tudo o que olhava , quando olhava com os olhos do encanto, da poesia e da descoberta da vida que existe e pulsa  em cada canto.

Chuva dourada passou a ser tudo o que era belo e tudo a que se  deve dar valor. Como aquela chuva que depois da seca passou a ser de ouro puro.

Um dia pegou um livro emprestado de uma amiga, começou a lê-lo e viu uma chuva dourada de histórias que caiam das páginas e banhavam de alegria seu coração.

Olhou a capa do livro e  nela estava escrito: CHUVA DOURADA.

 Neste site,  um pouco da carreira literária de Múcio Ataide, seguindo o caminho das letras para  brindar a vida e descobrir seus encantos e...