segunda-feira, 28 de março de 2022

O PINTOR

   



Esse pintor é dos bons!

Que tão bela tela tece

Que ressalta ou esmaece

As cores em vários tons

 

No pincel tem bem destreza

E rajas vermelhas amarelas

Saem de sua aquarela

Essas pinceladas! Que beleza!

 

Vendo algo tão  belo e bom

De minha  interjeição  vem o som

Envolto em êxtase e torpor.

 

Dessa tela gigante tão bonita!

Essa coisa inexplicável, Infinita!

Quem é  o pintor?

 

quarta-feira, 23 de março de 2022

PORTA ABERTA

 A verdade aparece

As tramoias são descobertas

Os esquemas e segredos

Fogem pela porta aberta

Basta esperar um pouco

“Convicção” deve-se ter

Que as injustiças são revistas

O mal vem ao alcança da vista

Punição... doa a quem doer.  

DA SÉRIE PEDAÇOS DE VIDA - A REZA E A FESTA

 Eu seguia pela longa avenida. Estava animado porque estava indo  para a festa. A cidade era luz MG. Uma bela cidade do nosso interior mineiro.

A velha historia de sonhar com momentos bons  e fazer o sonho acontecer. Planejar a viagem, me arrumar, colocar a esperança na mochila e seguir pela estrada.  E no trajeto descobrir mil coisas boas: O hotel e o sempre delicioso café da manhã, conhecer a cidade suas ruas, praças, monumentos,  igrejaqs, seus cantos e encantos, os restaurantes com seus também  deliciosos pratos, parada gostosa entre uma caminhada e outra, as tardes de reflexões e planos, as  lanchonetes e bares onde se prova os sabores do lugar.    As promessas de diversão e aventura que povoam a mente. E a noite com seus mistériose suas luzes. Um conjunto de prazeres que incluía aquela caminhada solitária rumo à festa.  Algumas realizações planejadas com esmero já  haviam acontecido e outras ainda viriam. Dali a pouco a alegria da festa, as pessoas bem traiadas, como se costuma dizer, andando para lá e para cá, os sabores e cheiros, o perigo pulando na arena, as luzes do palco e muitas, muitas coisas boas mais. Alegrias, muitas  alegria! Prazeres e promessas de prazeres.

Muitos carros passavam e  pedestres também, todos animados para a festa de peão. O rodeio, os shows as novidades geravam um  clima de alegria que invadia a cidade e trazia de longe muitos  visitantes que vinham com o ânimo na mochila e a vontade de curtir a vida e aproveitar  tudinho. E eu era um deles.

Enquanto andava olhei para traz e vi um espectro de luz que parecia pairar no ar da cidade. Um pequeno pedaço do céu na terra. A imponente catedral. Toda iluminado por luzes verdes parecia boiar no ar. Lembrando a fé, os preceitos religiosos, a grandiosidade dos templos e dos poderes.  A imagem despertava em mim um quê de culpa, uma sensação de pequenez e de nada saber sobre os mistérios da eternidade. Linda, estupendamente linda! Estive ali mais cedo, na hora em que a decência reina, na fisionomia contida das pessoas, no recato dos poucos movimentos, na hora da missa. Mas aquela hora já passou, agora é hora da festa, dos movimentos não contidos, de rasgar um pouco o recato. De romper algumas barreiras.

O enorme edifício lá estava, e todos aqueles que participaram da celebração agora dormiam ou estavam assim como eu indo para a festa. Era  o outro lado da vida, primeiro o contido, o comportado, o religioso, agora o profano, o aventureiro.

E o movimento continuava. Carros e pessoas,  um zumzum que aumentava ao chegar perto do parque de exposições.  Passavam todos agitados, gritando, cantando, ouvindo alto as músicas pelos toca fitas dos carros. Um motel no caminho era a parada de alguns deles. Música, festa, bebidas sexo, cada um com sua ilusão. Todos esperam alguma coisa de um sábado à noite, como dizia aquela velha canção.

Eu andava e de vez em quando olhava para traz.

 

 

Não conseguia deixar de olhar para as luzes verdes muitos   brilhantes que  fazeiam destacar aquele tesouro arquitetônico,  sobre todas as outras construções da cidade. Aquela imagem parecia unir dois mundos. De um lado a alegria, a festa e a aventura, a vontade louca de abraçar a vida e usufrui de todas as suas possiblidades rompendo todas as barreiras. Uma postura que fecha os olhos da consciência para o lado sombrio do existir, para o fim, para a decadência e para as verdades escondidas e amarradas Lá no fundo do âmago. Do outro, a ideia ruim que escapa e vem incomodar. Essa festa acaba, essa alegria acaba, tudo tem um fim. Tudo é ilusão. Fumaça que se perde no ar.

A construção iluminada imponente,  com todas as suas torres apontando para o céu escancarou-me os extremos da existência. As forças paradoxais que coexistem e são ambas verdadeiras. Lados opostos do existir

Fui andando e olhando para aquele espectro na noite

Depois da festa, voltando pelo mesmo caminho, ela ainda estava lá, mais uma vez me mostrando no silencio da madrugada, depois da reza e da festa, que a vida continuava e o eterno rosário repleto de contas do bem e do mal, seria ainda rezado por mim em muitas outras ocasiões.

Dois mundos distantes e ao mesmo tempo tão proximos. Quem sabe até um necessite do outro para existir. 

A noite seguia seu curso...

Enquanto me foi possível olhei para aquela igreja. Grande, iluminada, imponente e reveladora. Espectro de luz e de verdades que pairava ao longe, como que  boiando no ar,  na beleza triste e silente da madrugada.

terça-feira, 22 de março de 2022

POSSESSÃO

 O escritor  começava a escrever e uma magia acontecia. Ele se sentia protegido por algo superior e não conseguia entender por que do nada a inspirações surgiam. Falava consigo mesmo: - Hoje não tem jeito, hoje não vem nada. Nenhuma ideia pode romper essa barreira. Mas quando começava a escrita a magia acontecia, as ideias se organizavam, a história fluía liquida e quente com começo meio e fim, tudo surpreendente.  

Então a poesia pousava no texto como uma bela borboleta multicolorida pousa numa flor. Depois voa pelos campos livres para espalhar a beleza de suas cores e a graciosidade de seus movimentos.

E escrever tornava-se um mergulho mágico no mar ora calmo, ora tempestuoso das letras com sua fantástica flora, seus encantos e belezas.

E um novo mundo se fazia... Mundo de mil aventuras e possiblidades.

 Como se  uma enorme nuvem descesse sobre sua cabeça e ditasse as frases.

 E as teias da trama eram tecidas como as perfeitas teias de uma aranha. Tudo entrelaçado, tudo no seu lugar, os encaixes perfeitos. Fios de enredos, traçados de acontecimentos, nós de personagens. Uma grande teia se formava para prender os leitores. Feito moscas eles eram enredados na teia e não conseguiam se libertar dela.  Caiu na teia mágica das letras, de lá não se pode mais sair.

Era um ser mágico que se apoderava de si e punha as coisas no lugar. Bastava começar para tudo se ajeitar.  

Nuvens, borboletas, flora marinha, teia... Não! Nada! Nenhuma metáfora poderia definir  aquela maravilhosa possessão.

segunda-feira, 21 de março de 2022

BAILADO NA TARDE.

 A jovem Maria, bela e   sonhadora olhava a rua no fim da tarde. E olhava também para o horizonte. Na pequena cidade era possível contemplar os montes distantes. Ainda não havia a selva de pedras que barra essa visão em muitas  outras cidades.

Ela olhava o horizonte que acolhia a escuridão da tardinha. Com rajas vermelho amareladas apresentava um espetáculo de rara beleza.

O sol já partira e a escuridão ia aos poucos comendo o céu  e espalhando sombras. Era a hora indecisa entre a noite e o dia, a tristeza e a alegria. Entre o bom e o ruim.

Um sino tocava, uma melodia voava pelos céus em notas tristes, vinda da matriz que ficava ali bem pertinho.  A oração da Ave Maria penetrava no fundo da alma e de lá extraia mil tesouros do sentir. Vasculhava o amago do ser e fazia dor pra valer.

A tarde era triste e bela, fazia promessas e cobrava também. A beleza podia até apagar a dor, mas essa se escondia em cada sombra.

Os sentimentos eram confusos e se alternavam.

Indagações e delírios pairavam no ar.  

Tardinha de sábado na janela entre a luz e a escuridão, entre a esperança e o desespero.

A noite prometia surpresas e logo as coisas iam se ajeitar, mas naquele momento tudo era confuso e os sentimentos do bem e do mal, muito intensos.

Talvez por  um delírio, pela alucinação de  seus sentimentos Maria viu dois seres abraçados, voando pela rua. Dois espectros esfumaçados. Delírio advindo do seu estado de torpor emocional? Ou os seres do mundo dos mistérios que acordavam para rondara pela noite como sempre fazem? Não sabia responder, mas poderia definir como a dança  elegante entre a tristeza e a alegria. Os dois seres dos extremos que  bailavam  bonito pelas ruas da cidade naquela hora do lusco-fusco,  no paradoxo daquela tarde.  

quarta-feira, 16 de março de 2022

CALMA

 Muito movimento

Grande agitação

Me Funde a cuca

E só Traz confusão

Eu Quero a  calma

Paz e tranquilidade

Isso sim é prazer

Sem atropelar sem correr

É viver de verdade

sexta-feira, 11 de março de 2022

RIMANDO

 A doce brincadeira de rimar

Pode nos levar a  muitos caminhos

Da vida dos sonhos podemos falar

De céus, da  terra,  de flores e espinhos

A rima pode  simplesmente

Nos jogar nos braços  da alegria

Usando o que temos na mente

Rimando plantamos  a semente

Do amor à vida em forma de poesia

quinta-feira, 10 de março de 2022

O EXILADO DA RUA OUTONO

 COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO  O EXILADO DA RUA OUTONO DE OSIAS RIBEIRO NEVES EDITORA ESCRITÓRIO DAS HISTÓRIAS

 Recebi o livro Os exilados da rua outono de Osias Ribeiro Neves, agradeço imensamente ao autor por me presentear com essa leitura maravilhosa e teço  abaixo alguns comentários.

Gostei muito do livro os exilados da rua outono. Além da indiscutível qualidade literária, riqueza gramatical e  léxica, me fez pensar .

Belos contos da cidade e do campo, exaltando as coisas das gerais, eu diria com  um toque roseano, mas com personalidade e poesia saltando em cada linha.

  Um texto  muito bem construído, ameno e agradável em muitos pontos, tenso em outros, despertando a reflexão, as emoções, questionamentos  mas prendendo a atenção   durante toda a leitura.

 

As histórias  despertaram minha atenção:

Na vida das aldeias seus significados e costumes. E no decorrer dos acontecimentos, trágicos ou amenos com as peculiaridades  e os valores próprios e de cada época e de cada povo.

Nas linhas do trem que continuam vivas na memória e traçam destinos e assim será para todo o sempre. As marcas que ficam.

No paquiderme, enorme, desajeitado,  nos estorvando. O que é o paquiderme? O que nos incomoda? O que deve ou não estar em nossa vida? Qual o sentido? Quais são nossos fardos? Reflexões em toneladas nesse texto.

Nos visitantes da noite que representam o período mais sombrio de nossa  história. Que as luzes se acendam e que essa escuridão, que hoje nos ameaça, não volte a existir. Coisas do (a) Demo.

Na alma , em Almas, o ruminar do pombo e esse vai e vem da vida com seus meneios e suas lutas e ideias, ideologias... Caminhos diversos.  Os exílios, os encontros e desencontros.

Em o Matador    pensei sobre os limites e extremos da vida. Quem vence e quem é vencido? Coragem, esperteza, quais são as verdadeiras armas dos grandes?

Em nó do laço, a vida de gado e os aboios da vida com seus berrantes e ferrões. Texto denso, poético, belo e realista, e chocante no final.

Em como vemos as paisagens à nossa volta.

Nos contos Um mundo e outro mundo me lembrei de Fernando Sabino,  e de um mundo de imaginação, poesia  e mil possiblidades que reside em cada um de nós. Com aquele toque de fantasia,   ternura  e senso de aventura.

Nas Rotinas do amor e desamor o realismo das relações, pequenas histórias que são vividas no dia a dia por muitas pessoas. A aridez  e a decadência das relações, o machismo, as tragédias. Tudo isso  que acontece por aí, o tempo todo. No princípio achei que eram minicontos, depois percebi que eram contos contados de forma alternada como uma pequena novela em capítulos,  e todos eles tiveram um fechamento perfeito. Muito bom.

Em Pássara, a prisão e a liberdade. A lenda do canto livre que ecoa pelas matas. A fuga da gaiola, o valor da liberdade e da superação dos males. A passarada que celebra a liberdade e canta livre.

No conto exilado que dá titulo ao livro a história do professor, de um grande amor, exilados num antigo casarão.

No ultimo conto do livro a exploração faz virar carvão, somos  apenas uma peça a mais na fornalha dos lucros, trabalhador só uma pecinha a mais, queimou estragou, joga-se fora.  A ganância destruindo sonhos. Vale trocar o certo pelo duvidoso?  O sonho que pode destruir.  E o quanto nos tornamos carvão nesse sistema tão injusto que nos rodeio?

Foi assim que interpretei do meu jeito o livro.  

Concluindo um livro muito bom, contos bem escritos  com grande qualidade literária,  realismo, poesia,  despertando a reflexão fazendo pensar ,viajar pelas palavras e sentir de forma intensa o prazer de ler. Parabéns Osias e mais uma vez muito obrigado pelo presente e por me proporcionar tão bons momentos com o exilado da rua outono.

Super recomendo.

Para saber mais sobre a editora e o livro ou para adquiri-lo acesse www.escritoriodehistorias.com.br

quarta-feira, 9 de março de 2022

POEIRA DO TEMPO

 Poeira amarela  do tempo

Com seus grãos dourados

derramando a cada momento

Sobre mim o ouro do passado

 

Grãos de alegria  e esperança

Caem sob as folhas do meu ser

Traz-me de volta o eu criança

E todo o seu reduto de prazer

 

Poeira da doce mocidade

E dos amores de todas as  idades

pó mágico dos mais belos sonhos

 

Traz o aconchego do lar

Papai, mamãe,  tudo que não vai  voltar

Poeira traz-me céus risonhos

 Neste site,  um pouco da carreira literária de Múcio Ataide, seguindo o caminho das letras para  brindar a vida e descobrir seus encantos e...