segunda-feira, 8 de agosto de 2022

LIVRE

 Sempre tem o livro. E essa ideia paira o tempo todo em minha mente.

 Sempre tem o livro E  é para lá que eu vou.

Tem doenças, mas tem o livro, tem mortes, mas tem o livro. Tem dissabores e aborrecimentos, mas estes se dissipam nas páginas.  Madrugadas insones turbinadas de pensamentos catastróficos, porém existe  o livro, para amanhã de manhã, ou para agora mesmo. Tem o livro para compensar, para tapar os buracos. Livro catarse, livro refúgio, porto,  amparo, abrigo, âncora.

Mundos e enfeites, adornos e deleites...  

Livro onde se bebe as palavras, sua beleza, seu encantamento e suas infinitas possibilidades. 

Universo repleto de magias,  onde me banho da mais pura poesia,  onde se busca significados e se entra em tramas e enredos. Onde desfilam  as mais diversas emoções, onde se  chora, se ri,  se vive outra vida  e se é transportado para Roma, para Nova Iorque, para o século passado, para milhões de mundos e  eras. Eras, és, e sempre serás, livro um grande achado, um tesouro, uma referência. Um tudo.

Não importa o estilo, nem a capa, se de terror, mistério, suspense, hot ou amor, clássico ou atual, se é do tipo que consideram  alta ou baixa literatura (que bobagem), não importa nada, apenas essa mistura de letras na tela ou no papel, esse cheiro de papel novo ou mofado, esse deslumbrante tom sépia,  a consistência  e a união das folhas num só propósito: unidas seremos um, nada importa apenas o prazer  do mergulho, do voo e do êxtase.

Ai de mim se não fosse ele, talvez estivesse na sarjeta, talvez todo o sentido da existência houvesse me fugido das mãos. Sempre existe ele, sempre posso me voltar para ele. Ele sempre me espera com braços abertos e um sorriso envolvente,  e sempre me oferece    um leque imenso de possibilidades. Ele é esse profusão de sempres...

La me embrenho por loucas viagens, delírios aceitos,  uma mentira melhor que a verdade. Um mundo falso muito melhor que o verdadeiro.  A total ausência de limites e o poder da liberdade.

Não existe nada igual.

Parafraseando Silas Fonseca,   Não me livro, não me livrarei, e assim livro sempre ficarei.

 Livre só o livro. 

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